‘Preço de medicamentos nos Estados Unidos é muito maior do que no Brasil’

‘Preço de medicamentos nos Estados Unidos é muito maior do que no Brasil’



O empresário Modesto Araujo Neto, presidente do grupo Drogaria Araujo, explicou que o preço dos medicamentos no Brasil não é tão alto em comparação com outros países devido ao controle governamental sobre o valor máximo. Em entrevista ao “EM Minas”, programa da TV Alterosa em parceria com o Estado de Minas e Portal UAI, ele disse que nos Estados Unidos, por exemplo, a situação é “muito pior”. “Acho que alguns produtos são caros, mas estamos sempre vendendo abaixo do preço máximo ao consumidor”, disse.

Com a drogaria completando 118 anos, Modesto Araujo Neto relembrou a história da empresa, desde a implantação da primeira unidade 24 horas, em 1933, passando pelo programa “drogatel” em 1963, até os dias atuais. Hoje, a empresa conta com 340 lojas espalhadas por 61 municípios, mas, segundo seu presidente, há espaço para crescimento. “Há muito a fazer, muita inovação e muitas oportunidades”, frisou. O empresário, integrante da terceira geração da família Araujo à frente da drogaria, também falou sobre a estratégia de ocupar esquinas da cidade, comercializando produtos variados e oferecendo serviços de saúde. Confira a entrevista abaixo.

Araújo está completando 118 anos. Como tem sido a jornada até agora? Porque a gente entra numa unidade e se sente moderno, ela não tem o ar de uma empresa que poderia parecer velha.
Araujo é muito dinâmico, então você realmente sente essa sensação e na verdade é exatamente isso. Aos 118 anos, contamos com 340 lojas em Minas Gerais e estamos em fase de expansão. Temos 12 mil funcionários. Somos o maior arrecadador de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) do estado dentro do nosso setor. Hoje, a empresa é administrada pela terceira e quarta gerações. Sou neto do fundador, no terceiro, e seus filhos e sobrinhos, no quarto.

Você mencionou que existem 340 lojas espalhadas por Minas Gerais, mas quantas existem em Belo Horizonte?
Acredito que hoje estamos em cerca de 61 municípios, mas em Belo Horizonte não sei quantos, perdi a conta. Você sabe o número total de lojas, mas não sabe onde.

De onde veio a estratégia de ocupar os principais recantos das cidades?
Quando entrei na Araujo tínhamos oito lojas e hoje temos 340. Minha ideia era ir para os Estados Unidos, porque era lá que as coisas aconteciam. Todas as drogarias ficavam na esquina, então começamos a trabalhar só nas esquinas. Mas quando tem um lugar muito bom no meio do quarteirão, a gente pega também. Nos Estados Unidos conhecíamos drogarias drive-thru, então trouxemos isso para cá. Tive muita resistência, principalmente com a Vigilância Sanitária. Tivemos que entrar com diversas ações judiciais e vencemos todas, culminando com a inclusão da drogaria na legislação estadual e depois na federal.

Existe algum projeto de expansão da Araujo para outros estados, já que todas as lojas ficam em Minas Gerais?
Temos muitos municípios para ir, muitas cidades para abrir, cidades boas. Então, acho que deveríamos primeiro resolver esse problema e depois passar para outros estados. A preocupação de Araujo não é a quantidade de lojas, mas sim a qualidade do faturamento. Quando você tem um grupo de 12 mil funcionários não dá para pensar em abrir aqui ou ali. Tenho que pensar em como será lucrativo pagar por essa aula. A responsabilidade é muito grande. A maioria dos funcionários está nas lojas, porque o nosso negócio é vendas, depois tem a parte administrativa. E depois tem a logística, que é um ponto muito importante até na hora de abrir novas lojas. Sei que preciso abrir em Uberaba e Uberlândia, mas preciso passar primeiro em algumas cidades. O custo logístico é muito alto, por isso precisamos minimizá-lo.

Araujo foi inovador no atendimento, por exemplo nas vendas por telefone, e agora os pedidos via WhatsApp estão funcionando. Conte-nos um pouco sobre esse pioneirismo.
Você percebe que o pioneirismo começou lá atrás, na época do meu avô. Ele dormia nos fundos da loja e colocava uma campainha ao lado da cama. Se você precisasse de remédio na hora, bastava tocar a campainha que ele acordava e manipulava, porque naquela hora tudo era manipulado. A farmácia 24 horas nasceu com ele, em 1906. Chegou a um ponto em que, em 1933, já não conseguia dormir muito, começou a abrir portas, o que foi outro feito pioneiro. Depois teve o Drugtel, a primeira entrega no Brasil, em 1963. Tínhamos uma frota de Fuscas que entregava em todos os lugares de Belo Horizonte. Depois veio o drive-thru, atendimento dentro do carro, e durante a pandemia foi um sucesso porque as pessoas não queriam se expor. Naquela época achávamos que essas pessoas precisavam montar seu escritório em casa, e colocamos à venda papel A4, cola, clipes, tudo que era necessário para montar seu próprio escritório.

Araujo oferece uma linha interminável de produtos, desde rações para animais de estimação até sorvetes. Que estratégia é essa? Por que você deixou de competir com drogarias e passou a competir com supermercados e outras lojas?
É preciso sempre buscar uma vantagem competitiva sustentável. Não é só preço, porque se eu vender um produto por R$ 10 e você vender por R$ 9, minha diferença acaba. Temos que criar diferenças sustentáveis. Foi aí que veio o estacionamento sustentável, veio o drive-thru e veio a drogaria, diferente das outras drogarias. Na Araujo temos mais de 22 mil itens, e muita coisa para você começar. Se precisar de uma luminária, eu ofereço uma luminária, você não ficará no escuro. Uma vez um cliente me disse: ‘Modesto, aqui só tem meia preta, eu visto marrom’. Eu disse a ela que não poderia comprar marrom, vermelho e assim por diante, porque tenho uma loja de moda. Então só tem preto, que é tradicional. Se a sua meia estiver puída, apresse-se que vai ter uma preta para consertar, mas se você gosta da marrom não tem. Isso gera muita praticidade, onde o cliente vai e resolve a questão. Só para você entender, temos até ferro a vapor. Tem um amigo meu que brincou dizendo que eu devia cem dólares. Perguntei por quê e ele disse que precisava comprar sabão para lavar louça. Apostamos que Araujo tem, e teve. O cliente vai até o fundo da loja enchendo o carrinho e volta completando. É uma estratégia muito forte.

Você tem um carrinho com um banner dizendo ‘Clientes Araujo em treinamento’, só para os mais pequenos. Você coloca os chocolates mais embaixo e eles levam, se tiver mãe para tirar…
O segredo é pensar no cliente, como ele age, quais são as suas necessidades. Assumimos como missão encantar e satisfazer as necessidades de nossos clientes. Acho que ficamos muito felizes nessa missão, porque para encantar o nosso cliente, tenho que satisfazer a necessidade dele, tenho que ter (o produto). Araujo possui um sistema de gerenciamento de estoque que não vai faltar. Você está satisfeito em ter o produto.

Preciso perguntar sobre os preços dos medicamentos. Na sua opinião, os medicamentos são caros no Brasil?
É nada. Nos Estados Unidos é muito mais caro, muito pior. É difícil dizer o que é caro e barato hoje em dia. Mas veja só: os medicamentos são os únicos produtos controlados pelo governo até hoje. Há apenas um reajuste por ano, no dia 1º de abril. Acho que alguns produtos são caros, mas estamos sempre vendendo abaixo do preço máximo ao consumidor. Agora, nessa época que tivemos um dia livre de impostos, vendemos produtos com até 60% de desconto e foi um sucesso. Mas claro que com 60% de desconto temos orçamento do produtor, nossa margem é muito pequena e não podemos ter graça. Você tem que trabalhar com volume e preços.

A Drogaria Araujo viu nascer o SUS (Sistema Único de Saúde), e todas essas medidas de acesso a medicamentos especiais, principalmente com a Farmácia Popular. Como o SUS mudou e impulsionou o setor farmacêutico?
A Farmácia Popular nasceu do trabalho que fizemos com a Abrafarma, que é a Associação Brasileira das Redes de Farmácias e Drogarias. Dissemos ao governo como deveria ser feito, onde pagaria o preço de fábrica e nós distribuiríamos. Então na verdade a gente não ia ganhar nada, mas pelo menos o governo não estava distribuindo, porque essa logística é complicada. Foi um sucesso. Aí eles começaram a mudar, quer dizer, o remédio subiu de preço e eles esqueceram de aumentar o preço. Agora estamos trabalhando muito para automatizar isso, porque começou a haver fraudes, trabalho com digital e algumas coisas que podem ser evitadas. O governo está criando muitas dificuldades para reduzir esse plano. Espero que um dia o pessoal do governo federal veja com bons olhos a importância deste plano.

Araujo faz um trabalho fundamental em uma série de outros serviços relacionados à saúde, como vacinação e testagem de doenças. Como surgiu essa estratégia da empresa, imagino que será complicado fazer funcionar.
Criamos um HUB de saúde onde no Araujo você pode fazer seus exames, receber diversas vacinas, fazer exames e manter sua saúde em dia. Na época da pandemia aplicamos mais de 60% dos testes realizados em Minas Gerais, foi um espetáculo. Devido à demanda, criamos barracas em estacionamentos, fazendo drive-thrus, tudo para facilitar a vida do cliente. A logística foi complicada até para você ter o kit de testes, mas vencemos com louvor.

O setor varejista farmacêutico recebe tratamento diferenciado em relação a outros segmentos do município e do estado, por exemplo, em termos de encargos tributários?
Tenho trabalhado nisso há muitos anos. Ele ainda tem um caso com [Antonio] Anastácia, quando ele era governador, o ICMS da medicina humana era de 18%, e o ICMS dos animais era zero. Eu já tinha feito tudo, não consegui. Numa palestra, mais ou menos assim, eu falei para o governador ir no Araujo latindo, porque o remédio vai ficar mais barato, já que é 0% de ICMS. Tossindo, ele pagaria 18% a mais. O governador achou ótimo, gravou e ficou me contando. Aumentou o ICMS da medicina animal, mas não baixou da medicina humana. Você trabalha com essa quantidade de produtos, com essa quantidade de gente, gerando empregos, gerando impostos, trabalhando 24 horas por dia, mas você não tem nenhuma vantagem. É difícil.

A recente polêmica sobre o PL antiaborto é um assunto que tem dominado as discussões no país. Como funciona o procedimento para medicamentos abortivos previsto em lei na farmácia?
Trabalhamos sob orientação do Ministério da Saúde. Todos os produtos que sou obrigado a vender com receita, e tem vários tipos de receita, eu vendo. Quando não tem receita, não preciso, mas também vendo. Agora o que eles estão fazendo é um absurdo. Ou seja, a vítima está sendo condenada a uma pena muito maior que a do agressor. No final, acho que isso será arquivado. Não tem como fugir dessa questão, ela existe, agora temos que ver a possibilidade de atender a vítima com mais empenho e não com a dureza que eles estão colocando.

Em sua longa trajetória na Araujo, você já trabalhou no balcão?
Já varri a loja. Eu ia todas as férias para Araujo, meu pai virava e pedia para me dar uma “caneta”, que era a vassoura. Um belo dia eu disse: ‘Pai, essa coisa de caneta não está fazendo nada. E se um amigo passar e me ver varrendo a loja?’. Ele disse para continuar varrendo e que depois eu entenderia. Depois dos 30, 40 anos você entende tudo. Dali eu ia para o balcão e só atendia perfumes, não podia atender remédios. Quando me formei em administração fui trabalhar no mercado financeiro, não queria ir direto para Araujo. Trabalhei no mercado por 15 anos, me formei lá, e quando entrei na empresa comecei a ter experiências. Não foi porque eu era filho de diretor, foi porque eu sabia. Aconselho a todos que têm pai de empresa que trabalhem no exterior, façam um curso no exterior, porque o mundo mudou. Eles devem estar preparados. O grupo (crianças) trabalhava lá fora, mas acho que ainda não varri a loja.

Como você projeta Araujo daqui a 10 anos?
Acredito que continuaremos crescendo cada vez mais. A loja física existirá e você poderá utilizar a loja física como HUB de entrega, ela prepara o produto e entrega ao cliente. Não dá para ficar parado, tem que correr sempre atrás e tem que inovar sempre. Há muito o que fazer, muita inovação e muitas oportunidades. (Bruno Nogueira)



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