Por que Valdemar decidiu se calar após a prisão de…

A prisão do general Valter Braga Netto gerou um clima de medo e cautela no Partido Liberal. Tanto é que o presidente do PL, Valdemar Costa Netorecusou entrevistas com uma resposta pronta. “Informo aos meus amigos da imprensa que, por orientação jurídica, não concederei entrevistas temporariamente”, diz o comunicado assinado pelo próprio cacique.

Com a aproximação do recesso parlamentar, os deputados disseram que vão focar nas agendas do Congresso e não veem motivos para falar na prisão do general que era candidato a vice-presidente na chapa que buscava a reeleição para JairBolsonaro em 2022. Após as eleições, Braga Netto ocupou o cargo de secretário de Relações Institucionais do PL. Em 2023, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral, recebeu 386 mil reais.

Em fevereiro deste ano, o PL cortou o salário mensal do general em cerca de 40 mil reais. Na época, Braga Netto havia sido alvo da Operação Tempus Veritatis, da Polícia Federal. Em buscas e apreensões na sede do partido, foram encontrados documentos na mesa do coronel Flávio Peregrino, assessor de Braga Netto, com detalhes sobre a delação premiada do ex-ajudante de campo de Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid. O material serviu de argumento para a prisão preventiva de Braga Netto.

No fim de semana, antes que o silêncio prevalecesse, algumas pessoas até se manifestaram, como o general e senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS). “O general Braga Netto não representa nenhum risco à ordem pública e sua prisão nada mais é do que uma nova página na violação das normas jurídicas a que o Brasil está sujeito”, escreveu em X.

O general Braga Netto não representa nenhum risco à ordem pública e sua prisão nada mais é do que uma nova página na violação das normas jurídicas a que o Brasil está sujeito.

— General Hamilton Mourão (@GeneralMourao) 14 de dezembro de 2024

O líder da oposição, Rogério Marinho (PL-RN), também se pronunciou na rede social e também usou o termo “atropelo” para se referir à prisão. “A prisão do general Braga Neto por supostos diálogos com os pais de Mauro Cid, há mais de um ano, revela nova violação do devido processo legal por parte do ministro Alexandre de Moraes. Como não há fato novo que justifique a prisão cautelar, a suposta obstrução da justiça não só é insustentável, como também revela novo pré-julgamento de um juiz tendencioso”, afirmou.

Prisão de Braga Netto

Decretada na manhã deste sábado, 14, a prisão de Walter Braga Netto foi inédita. Nenhum general de quatro estrelas foi preso no país por ordem da justiça em regime democrático e em condições normais. Segundo a Polícia Federal, ele agiu para obstruir as investigações. Há indícios de que Braga Netto entrou em contato com a família de Mauro Cid, cujo pai também é general, e buscou informações sobre o que o tenente-coronel havia revelado em sua denúncia à PF.

Durante o governo Bolsonaro, Braga Netto atuou como ministro da Defesa e ministro-chefe da Casa Civil. Por serem investigados pela trama golpista, Braga Netto, Costa Neto e Bolsonaro foram impedidos pela Justiça de conversar.