Por que é bom que Lula não vá à Rússia

Por que é bom que Lula não vá à Rússia



Lula caiu, bateu a cabeça e levou cinco pontos. Ele está em observação, mas, segundo seu médico, “está tudo bem com o presidente”.

Aparentemente, a única consequência do acidente é que impediu Lula de participar na cimeira dos BRICS na Rússia. Se for esse o caso, não são más notícias.

Vladimir Putin aproveitará a reunião para mostrar ao mundo que, apesar do boicote do Ocidente, não está isolado. E o Irão, sob a ameaça de Israel, mostrará que tem apoio. Não precisamos de foto do Lula colocando azeitona nas tortas dessas ditaduras.

O Brics é uma alta estranha. A sigla BRIC foi criada em 2006 pelo banco de investimentos americano Goldman Sachs para identificar as quatro economias emergentes mais promissoras da época: Brasil, Rússia, Índia e China. Foi inspirado por Wall Street, quem diria, que estes países começaram a falar. O que era BRIC tornou-se BRICS em 2010, quando a África do Sul aderiu.

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Nada funcionou como esperado. Brasil e África do Sul decepcionados com a economia. A Rússia, além de não fazer essas coisas na economia, invadiu a Ucrânia. A tese de que o crescimento económico levaria à democratização da China foi jogada pela janela. A Índia tornou-se cada vez mais autoritária.

Este ano, o Egipto, os Emirados Árabes Unidos, a Etiópia e o Irão aderiram ao bloco; A Arábia Saudita participa das atividades como nação convidada. (A Argentina foi convidada, mas Javier Milei mandou recado para excluí-lo dessa situação). Há outros 34 países – quase todos ditaduras ou semi-ditaduras – que desejam aderir.

Lula gosta de pensar que os BRICS são uma forma de os países em desenvolvimento, o chamado “Sul Global”, reduzirem a sua independência dos países desenvolvidos e realmente se desenvolverem. É um erro.

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Não só expirou o prazo de validade da Teoria da Dependência, mas os Brics também deixaram (se é que alguma vez o foram) de ser um bloco económico. Os Brics são – salvo uma ou outra democracia incauta – um grupo de ditaduras unidas por um sentimento antiocidental.

O Brasil não tem nada a ganhar convivendo com esse grupo: o caminho para o nosso desenvolvimento está em fazer reformas e levar a educação a sério, e não em trocar a companhia das democracias lideradas pelos EUA pela companhia das ditaduras lideradas pela China.

Lula e Bolsonaro podem ser diferentes em muitos aspectos, mas quando se trata de políticas externas desastrosas, são surpreendentemente equivalentes.

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(Por Ricardo Rangel em 21/10/2024)



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