FOLHAPRESS – A Polícia Federal (PF) vai pedir ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes a quebra do sigilo telemático, bancário e fiscal do autor do atentado na Praça dos Três Poderes, o serralheiro Francisco Wanderley Silva, de 18 anos 59.
A Folha de S.Paulo apurou que investigadores da PF tentam recuperar dados de celulares e também se preparam para coletar novos depoimentos.
A investigação busca identificar se Francisco teve ajuda de outras pessoas ou se ele comunicou o plano do ataque na quarta-feira (13/11).
Para isso, os policiais deverão procurar mensagens e ouvir pessoas que teriam falado com Francisco antes de ele se explodir.
Um aparelho estava junto ao corpo, e outro foi encontrado num reboque que alugou e que estava estacionado junto ao carro que foi incendiado perto de um anexo da Câmara. A PF também apreendeu um aparelho da ex-mulher dele em Rio do Sul (SC), cidade natal de Francisco.
A PF também examinará pendrives e um notebook.
A investigação é conduzida pela divisão antiterrorismo, ligada à DIP (Diretoria de Inteligência Policial), setor que concentrou as investigações sobre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na gestão do diretor-geral Andrei Rodrigues.
A Polícia Federal investiga se Francisco tem relação com algum grupo radical, se ele participou dos golpes de 8 de janeiro ou esteve nos acampamentos em frente ao Quartel-General do Exército no início de 2023. Um irmão dele disse à Folha de S. Paulo que o serralheiro estava no acampamento, mas não garantiu que tivesse participado dos ataques.
O cadáver de Francisco foi retirado pelo IML (Instituto Médico Legal) da Praça dos Três Poderes na madrugada desta quinta-feira (15/11). Ele foi levado ao INC (Instituto Nacional de Criminalística) da PF, que realizou a autópsia do corpo. Um de seus filhos está em contato com os agentes para liberação.
Horas depois do ataque, equipes da PF e da PM-DF foram até um apartamento alugado por Francisco em Ceilândia, cidade onde ele gastou R$ 1.545 com fogos de artifício. A residência foi cercada pela polícia, que usou um robô para abrir a porta.
Segundo o diretor-geral da PF, duas explosões ocorreram após a entrada de investigadores no imóvel. Havia alguns explosivos dentro do apartamento.
Francisco era serralheiro e candidatou-se a vereador pelo PL em 2020 com o nome de Tiü França, em Rio do Sul, mas não foi eleito. Antes de morrer, publicou uma série de mensagens sobre o ataque, misturando declarações políticas e religiosas.
Ex-esposa
A ex-companheira do serralheiro, a cuidadora Margarete Versino, 57, disse que quando o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) perdeu as eleições em 2022, ele “enlouqueceu”.
Margate casou-se com Francisco no final dos anos 1980. Eles viveram juntos por 17 anos e tiveram dois filhos. Em depoimento à PF, ela disse não saber se França, como era conhecido, participou dos atos golpistas de 2023.
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Segundo ela, a mudança de Francisco para Brasília foi interpretada como uma tentativa de “fugir dos problemas” de Rio do Sul, onde enfrentaria uma tumultuada separação de sua segunda companheira, Daiane Dias.
Daiane disse à polícia que o plano de França era matar o ministro Alexandre de Moraes.
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