A petição que pede o arquivamento do Projeto de Lei 1904/2024, que equipara o aborto ao homicídio, já conta com mais de 130 mil assinaturas em menos de dois dias —a meta é chegar a 200 mil. A proposta, intitulada “Arquiva, Lira”, foi lançada pela deputada federal Sâmia Bomfim (Psol-SP) no sábado (15/6).
“Na prática, o Projeto de Lei do Estuprador quer equiparar o aborto após 22 semanas ao crime de homicídio, o que resultaria na condenação das vítimas a uma pena de até 20 anos – pena superior à pena para os abusadores, que podem pegar até 12 anos na prisão São muitos os factores que levam a que pelo menos 1/3 das interrupções legais da gravidez ocorram após a 22ª semana: os menores demoram mais a compreender e a conseguir denunciar a violência sofrida, bem como a reconhecer os sintomas da gravidez devido à gravidez. fundamentalismo ou medo de retaliações, os serviços de saúde impedem ou até retardam o acesso a um direito garantido por lei; há muito poucos hospitais com serviços de aborto legal, num país de dimensões continentais”, afirma a justificação da petição.
O projeto de lei, que está sendo chamado de “PL antiaborto”, “PL do estuprador” ou “PL da gravidez infantil” é alvo de críticas de parlamentares de esquerda, entidades e membros do governo federal. Autora da petição, a deputada Sâmia Bomfim menciona que ocorrem anualmente cerca de 20 mil nascimentos de meninas menores de 14 anos no Brasil.
“É um número assustador. Atacar o direito ao aborto legal em casos de estupro e risco de morte materna é violar duplamente as vítimas. Lutaremos até o fim para detê-lo”, afirmou a parlamentar.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também criticou a proposta. “Eu, Luiz Inácio Lula da Silva, sou contra o aborto. Mas, como o aborto é uma realidade, precisamos tratá-lo como uma questão de saúde pública. Acho uma loucura querer punir uma mulher vítima de estupro com pena maior do que um criminoso que comete a violação tenho a certeza que o que já existe na lei garante que atuemos de forma civilizada nestes casos, tratando o violador com rigor e com respeito pelas vítimas”, afirmou o Chefe do Executivo.
De autoria do deputado federal Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), o texto que equipara o aborto após 22 semanas a homicídio teve o pedido de urgência aprovado na última quarta-feira (6/12), o que significa que o PL segue direto para o Plenário da Câmara, sem passando pelas comissões temáticas.
Após críticas e manifestações contra o projeto, o deputado federal Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) disse que vai propor aumentar a pena para estupro para 30 anos. Atualmente, a legislação prevê pena de 6 a 10 anos de prisão, aumentada para 12 anos se o crime envolver violência grave.
Além disso, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) disse que nomeará um deputado centrista para reportar o PL 1.904/24, para que o texto fique “equilibrado”. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), disse que uma proposta dessa natureza “jamais iria diretamente ao Plenário”.
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