Passada a eleição, panos quentes ajudariam base e prefeitura na CMBH

Passada a eleição, panos quentes ajudariam base e prefeitura na CMBH



A cada quatro anos, o Réveillon significa uma mudança não só do ano marcado nos calendários municipais, mas uma renovação da legislatura. A virada de 2024 para 2025 em Belo Horizonte, como costuma acontecer, teve novidades e manutenções nas estruturas de poder, mas uma série de fatores conjunturais fazem deste janeiro um mês especialmente decisivo e indefinido, pois carrega os ecos de 2024 e projeta os rumos para o futuro. próximo biênio da cidade.

No final da última legislatura, Fuad Noman (PSD) conseguiu aprovar uma reforma administrativa após duas tentativas frustradas ao longo do seu mandato. O prefeito iniciará uma nova jornada à frente da capital com quatro novos departamentos. O comando das pastas foi oficializado no segundo dia do ano com três nomes vindos de dentro da própria prefeitura.

Ainda há cargos a serem preenchidos nos níveis inferiores das secretarias e nos coordenadores de aldeias e favelas e de mudanças climáticas, também criados no âmbito da reforma administrativa. Como a nova cara do Executivo começa a funcionar oficialmente em fevereiro, o mês de janeiro será crucial para definir a equipe completa e montar a escalação em conjunto com as necessidades de um relacionamento com o Legislativo que começou com o pé errado (mas não no aspecto ideológico).

Bruno Miranda (PDT), líder do governo e candidato à presidência da Câmara em chapa para a diretoria formada por nomes da base de Fuad, foi derrotado na última quarta-feira (1/1) por Juliano Lopes (Podemos). O novo presidente da Câmara lidera uma chapa que tem claros adversários do Executivo na sua formação e foi patrocinado pelo secretário-chefe da Casa Civil de Zema, Marcelo Aro (PP), eminência cinzenta em todas as esferas de poder do estado.

Na nova direção da Câmara, mesmo os nomes mais familiarizados com o Executivo não negam que a relação entre os Poderes começa a ser abalada pela forma como a candidatura de Miranda foi gerida. O nome do líder do governo só foi oficializado na última semana do ano e, segundo parlamentares ouvidos pela coluna, sem consulta aos vereadores da base.

Nas manifestações públicas e nos bastidores, a principal figura visada pelos vencedores na eleição para a diretoria foi o vice-prefeito Álvaro Damião (União Brasil). Fuad foi poupado, até porque teve pouca participação nas articulações num período pós-eleitoral conturbado por sucessivos internamentos hospitalares.

A Câmara está em recesso oficial até fevereiro, mas a movimentação em seus corredores não indica clima de férias. Juliano Lopes e seus aliados ocupam o Palácio Francisco Bicalho e o dentro e fora do gabinete do novo presidente é constante. Nos bastidores, os cargos estão sendo preenchidos e as conversas já começaram para definir os escassos cargos nas comissões temáticas da Câmara, cruciais para a tramitação e aprovação dos projetos.

Como já explicado nesta mesma coluna, o novo conselho de administração está longe de ser classificado como uma oposição ferrenha ao Executivo. Mesmo assim, é importante que a prefeitura entre neste mês nas negociações do Legislativo para colocar panos quentes nas feridas reabertas no contexto eleitoral e criar um ambiente mais propício para que os vereadores da base articulem espaços de destaque na estrutura do Câmara.

Mudança na TV e na Assembleia

Depois de quase duas décadas no comando do Balanço Geral, Mauro Tramonte mudará de turno no jornalismo da TV Record Minas e passará a apresentar os programas matinais. Deputado estadual pelo Republicanos, foi duramente atacado durante a campanha para prefeito de BH por seus adversários que o acusaram de ter baixa participação na Assembleia Legislativa. Agora livre no período da tarde, ele poderá comparecer com mais frequência às reuniões ordinárias da Câmara.

O retorno daqueles que não foram (eleitos)

O retorno ao cenário político municipal nem sempre acontece pelas urnas, mas, em alguns casos, nos bastidores. É o caso do ex-vereador Wesley Moreira (Mobiliza), integrante do grupo político conhecido como “Família Aro”. Cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Wesley não obteve sucesso nas eleições do ano passado, conquistando apenas 4.630 votos. Ele ocupa agora o cargo estratégico de chefe de gabinete da presidência da Câmara Municipal de Belo Horizonte, em uma das primeiras nomeações feitas pelo presidente Juliano Lopes (Podemos). (Vinícius Prates)

Família Aro

Outro nome que reforça essa teia de alianças é Christian Aquino (Podemos), herdeiro político da deputada federal Nely Aquino, que chefia o diretório estadual do Podemos em Minas Gerais. Também ligado à “Família Aro”, Christian buscou uma vaga na Câmara, mas foi bloqueado nas urnas, com 6.828 votos. Agora, passa a integrar a equipe de Lopes como diretor-geral da Casa Legislativa, consolidando o alinhamento do grupo liderado por Marcelo Aro, secretário de Estado da Casa Civil. (VP)



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