Participantes de audiência pública pedem ampliação da cesta básica da reforma tributária – Notícias

Participantes de audiência pública pedem ampliação da cesta básica da reforma tributária – Notícias


05/06/2024 – 18h30

Vinicius Loures/Câmara dos Deputados

Rodrigo Orair: cesta básica contém produtos frescos e saudáveis

Participantes de audiência pública do Grupo de Trabalho de Regulação da Reforma Tributária (PLP 68/24) pediram a ampliação da cesta básica prevista no projeto, embora discordassem sobre a inclusão de alimentos ultraprocessados. O governo defendeu a cesta de apenas 15 itens, com alíquota zero da nova tributação, porque acredita que a devolução dos impostos aos mais pobres, o cashback, funciona melhor se o objetivo for ampliar os benefícios.

A experiência de cashback que existe no Rio Grande do Sul foi comentada pelo subsecretário da Receita do estado, Giovanni Padilha. Segundo ele, essa modalidade reduz pela metade a tributação. A isenção tributária traz um benefício ao consumidor de apenas 13% do total.

Críticas à cesta básica
Representantes do sector grossista pediram a inclusão de produtos como azeite, molhos, sobremesas e enchidos nos benefícios fiscais. E o setor comercial quer que as bebidas açucaradas sejam retiradas da lista das que serão tributadas com o Imposto Seletivo (IS). O setor de telecomunicações também pediu cashback pelos serviços consumidos por pessoas de baixa renda.

A Associação Brasileira de Supermercados defendeu uma cesta básica maior com produtos de higiene e limpeza e afirmou que a participação desses produtos no faturamento do setor é pequena, pouco mais de 10%.

Em outra audiência pública do mesmo grupo de trabalho, o ex-ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega criticou a criação de uma nova cesta básica.

“Primeiro porque o pressuposto da cesta básica é que o valor do imposto que foi reduzido seja repassado ao consumidor, mas a experiência mostra que as empresas ficam com parte desse benefício. E também porque está comprovado que este tipo de arranjo beneficia os mais ricos – primeiro, porque também consomem os mesmos bens, e segundo, porque à medida que a cesta se expande, os mais ricos beneficiam mais”, afirmou.

Rodrigo Orair, do Ministério da Fazenda, disse que o governo utilizou a pesquisa de consumo alimentar feita pelo IBGE e o Guia Alimentar para a População Brasileira para preparar a cesta com alimentos frescos e saudáveis. Ele justificou a inclusão de margarina e fórmula infantil, que não atendem aos critérios, por fazerem parte do consumo familiar.

Outros produtos, como as proteínas animais, terão redução de 60% nas alíquotas do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (IBS) e da Contribuição sobre Circulação de Bens e Serviços (CBS). E os alimentos industrializados em geral e produtos como azeite e pão industrializado terão alíquota normal.

Segundo Orair, a situação prevista no projeto oferecerá tributação inferior à atual para a cesta ampliada, ou seja, que contenha algum tipo de alimento com redução de impostos. Cairia de 11,7% para 4,9%.

Alimentos ultraprocessados ​​e saúde
João Dornellas, da Associação Brasileira da Indústria da Alimentação, disse que não há estudo que demonstre causalidade entre o consumo de alimentos ultraprocessados ​​e qualquer doença.

“Quando um estudo diz que ‘consumo de alimentos ultraprocessados ​​causa queda de cabelo’, deveríamos perguntar: quais alimentos ultraprocessados?”, questionou.

Marcello Baird, da ACT Health Promotion, quer que a cesta inclua produtos como água engarrafada e nozes e que alimentos ultraprocessados ​​sejam alvo do Imposto Seletivo.

“Hoje temos alimentos saudáveis, como os in natura e minimamente processados, que são mais caros que os ultraprocessados. Então, a alimentação saudável ficou mais longe da mesa dos brasileiros depois da pandemia”, destacou.

O deputado Padre João (PT-MG) concordou, dizendo que é preciso usar a tributação para promover a saúde das pessoas e reduzir gastos com o sistema público de saúde.

Camila Montovani, do Pacto contra a Fome, disse que os produtos para saúde menstrual, além das fraldas, deveriam ter alíquota zero. E ela afirmou que não faz sentido se beneficiar da compra de alimentos ultraprocessados ​​com cashback porque as famílias de baixa renda terão pelo menos 20% de restituição de imposto sobre qualquer produto.

Privilégios
O ex-ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega disse em outra audiência do GT sobre regimes diferenciados que deveria haver menos “privilégios” setoriais na reforma para que a alíquota geral do imposto fosse menor. Ele disse que não faz sentido, por exemplo, que os profissionais autônomos paguem metade do valor integral. Camilla Cavalcanti, do Ministério da Fazenda, disse que a alíquota geral está estimada atualmente em 26,5%; mas poderia ser de 21% com menos exceções.

Relatório – Silvia Mugnatto
Edição – Ana Chalub



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