Para consultores de Orçamento da Câmara, medidas de ajuste fiscal do governo poderiam ser mais amplas – Notícias

Para consultores de Orçamento da Câmara, medidas de ajuste fiscal do governo poderiam ser mais amplas – Notícias


12/03/2024 – 14h15

Bruno Spada/Câmara dos Deputados

Paulo Bijos defende dissociação dos pisos da saúde e da educação da arrecadação de impostos

Os consultores de Orçamento da Câmara dos Deputados Paulo Bijos e Ricardo Volpe avaliam algumas medidas de ajuste fiscal propostas pelo governo como “tímidas”. Em entrevista ao programa Painel Eletrônicoda Rádio Câmara, afirmaram que outro texto que tem sido articulado por um grupo de deputados é mais “estruturante”.

Paulo Bijos, que foi secretário do Orçamento até julho, explica que alterar o ganho do salário mínimo – como proposto pelo governo – da variação do PIB para o limite do quadro fiscal significa reduzir de 2,9% para 2,5% apenas o aumento real. A proposta defendida pelo consultor não altera este cálculo, mas desvincula o aumento da correção das pensões.

Ele afirma ainda que a redução gradual do acesso ao abono do salário mínimo não é uma solução adequada porque o benefício em si está sendo questionado por diversos estudos. “O abono salarial tem muito pouco poder para reduzir as desigualdades. Isso é simples de entender. Se chega a quem já está abrangido pela actividade produtiva, não são realmente os mais insuficientes”, disse Bijos.

A proposta de emenda à Constituição articulada pelos deputados Julio Lopes (PP-RJ), Kim Kataguiri (União-SP) e Pedro Paulo (PSD-RJ) acaba com o subsídio a partir de 2032, reduzindo imediatamente o acesso para quem ganha até salário mínimo. O governo propõe reduzir de 2 mínimos para 1,5.

Para Ricardo Volpe, a proposta alternativa dos deputados é mais interessante porque trata de um futuro de envelhecimento populacional. Ele defende uma discussão sobre a possibilidade de ganhos reais de benefícios a cada novo ciclo quadrienal de governo.

“Se você tiver uma despesa de R$ 1 trilhão – que são os benefícios –, que cresce em termos reais 6%, enquanto a receita do Estado cresce em torno de 3%, esse descompasso vai tirar outras políticas públicas do Orçamento e vai haver ser um estrangulamento de diversas políticas”, declarou Volpe.

Paulo Bijos defende ainda a dissociação dos pisos da saúde e da educação da arrecadação de impostos, afirmando que isso não significa necessariamente uma redução das contribuições, uma vez que os pisos não são tetos.

O governo já apresentou um projeto de lei complementar que reformula as medidas que devem ser tomadas em caso de déficit (PLP 210/24) e um projeto de lei que estabelece novas regras de acesso ao Bolsa Família e ao Benefício de Pagamento Contínuo (PL 4614/24). Outras medidas ainda deverão ser protocoladas.

Relatório – Silvia Mugnatto
Edição – Marcelo Oliveira



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