Paes toma posse no Rio e promete ‘força municipal de segurança’ armada

Paes toma posse no Rio e promete ‘força municipal de segurança’ armada



RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O reeleito prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), tomou posse nesta quarta-feira (01/01) para seu quarto mandato com a promessa de assumir “mais responsabilidades” na segurança pública.

Em discurso na Câmara Municipal, Paes cobrou mais uma vez o governo Cláudio Castro (PL), dizendo que a gestão estadual precisa assumir sua tarefa constitucional de policiamento da cidade, mas destacou que a prefeitura pretende criar uma força de segurança municipal.

Essa instituição, segundo o prefeito, pode ter agentes armados. A formação da força deverá ser discutida em grupo de trabalho instituído por decreto nesta quarta-feira.

“Embora a capacidade de atuação da prefeitura no tema seja limitada, buscaremos assumir mais responsabilidades com a missão de apoiar o Estado no combate ao crime e à violência”, afirmou Paes.

“É com esse objetivo que determinamos hoje [quarta] a criação de um grupo de trabalho para a criação da Força Municipal de Segurança da cidade do Rio de Janeiro, provavelmente o primeiro projeto a ser enviado a esta Câmara [Câmara] no início do trabalho legislativo”, acrescentou.

Antes da cerimônia, a prefeitura anunciou a publicação de 46 decretos que deverão pautar o início do quarto mandato de Paes.

A criação do grupo de trabalho para discutir a força de segurança faz parte desta lista. Em outra frente, a prefeitura também planeja o que chama de “refundação” da Guarda Municipal.

Em entrevista após sua posse, Paes disse que evitaria dar mais detalhes sobre a nova força, mas mencionou que ela poderia ser “complementar” à Polícia Militar, atuando em áreas “de menor conflito”.

“Temos uma limitação aqui no município, que desta vez será enfrentada de forma mais contundente pelo Executivo, em conjunto com o Parlamento, na busca de autorização para esta força municipal, que não será a Guarda Municipal, que será refundada, e que esta força municipal pode ser armada”, disse ele.

“Vamos trabalhar em parceria com a Advocacia-Geral da União, com o próprio Ministério da Justiça, para que possamos captar egressos do sistema CPOR, por exemplo, do Sistema das Forças Armadas Brasileiras”, acrescentou.

Primeiras medidas

Após quatro anos em que descreveu sua gestão como uma recuperação do passivo do antecessor, Marcelo Crivella (Republicanos), Paes já apresentou novos projetos e compromissos durante a transição que pretende executar à frente da prefeitura.

Anunciou planos como a demolição do viaduto 31 de Março (que liga o sul ao norte), à ​​semelhança do que fez com o elevado da Perimetral na zona portuária. Anunciou também a construção do parque Terra Prometida, voltado ao público evangélico.

Na área de transportes, o prefeito confirmou nesta quarta-feira que o preço das passagens dos ônibus municipais será reajustado para R$ 4,70. O aumento deve ser publicado no Diário Oficial desta quinta-feira (2). O preço atual é de R$ 4,30.

“O município passou a subsidiar a passagem. É o orçamento municipal que é gasto se não fizermos esse reajuste. É importante ter essa cultura de reajuste anual para não termos o orçamento do município desequilibrado por uma despesa que é novo”, disse Paes.

Um grande desafio do quarto mandato é cumprir a promessa de resolver o caos nas linhas de ônibus municipais, por onde circula a maioria dos cariocas. Durante a campanha, prometeu “fazer a mesma revolução que foi feita com o BRT”.

O próprio BRT, porém, ainda precisa definir o seu futuro. Com a conclusão das obras do terminal e a aquisição de novos veículos, o município deve tentar mais uma vez conceder o serviço à iniciativa privada. As últimas tentativas foram frustradas, devido ao mau estado de conservação da frota, pista e estações.

Nos transportes, Paes também terá o desafio de tornar bem-sucedida a bilhetagem eletrônica, cuja implementação completa está prevista para fevereiro – um atraso de quase um ano em relação ao planejamento inicial. O sistema, denominado “Ja É”, promete acabar com a chamada “caixa preta” das tarifas, dando ao município o controle sobre informações como número de passageiros, tarifas gratuitas e linhas mais congestionadas.

Após implementar o “Já É” no município, Paes terá que demonstrar capacidade de articulação com a gestão Cláudio Castro para integrar o sistema ao serviço estadual de transporte.

Na saúde, a principal dificuldade será a gestão dos dois hospitais federais municipalizados no final do ano passado. Parte dos custos será custeada pelo governo federal, mas há temores quanto ao aumento dos gastos no setor.

Nesta quarta-feira, um decreto criou um grupo de trabalho para realizar estudos sobre a possível oferta de semaglutida no tratamento da obesidade nas Clínicas da Família.

A semaglutida é o princípio ativo do medicamento Ozempic. Durante a campanha, Paes disse que pretendia incluir o medicamento no tratamento de casos graves de obesidade na rede pública.

O quarto mandato também será um teste para o aumento de moradores na zona portuária, cujos lançamentos imobiliários deverão ser concluídos nos próximos anos. Ampliar a atração de residências para o centro e reduzir a pressão sobre a zona oeste têm sido desafios desde o primeiro mandato de Paes.

Os planos foram divulgados ao longo da transição do terceiro para o quarto mandato. Paes instalou um gabinete, sob o comando do vice-prefeito Eduardo Cavaliere (PSD), com o objetivo de “buscar fazer uma leitura o mais externa possível do que é a nossa administração para que possamos nos provocar”.

O prefeito foi reeleito para um quarto mandato com 60% dos votos válidos e uma campanha baseada na aliança com o presidente Lula (PT), além de constantes acenos ao eleitorado evangélico. O deputado Otoni de Paula (MDB) coordenou a campanha voltada aos cristãos e ganhou uma secretaria: o filho do deputado, Otoni de Paula Filho, assumiu a recém-criada Secretaria de Cidadania e Família.

O prefeito também continuou sinalizando aos evangélicos após a vitória. Além do parque Terra Prometida, reservou um palco para o Réveillon em Copacabana para música gospel.

Paes classificou seu terceiro mandato como uma reconstrução da cidade após a mal avaliada gestão Crivella. Retomou as obras do BRT Transbrasil, abandonadas pelo seu antecessor, além de restabelecer os serviços de saúde da família.

Foi uma gestão diferente dos dois primeiros mandatos (2009-2016), quando o período foi marcado por grandes obras de preparação para as Olimpíadas de 2016.

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Ao assumir o cargo nesta quarta-feira, Paes se tornou o político com maior mandato na gestão fluminense, superando seu padrinho político, vereador e ex-prefeito César Maia (PSD), que teve três mandatos. Paes governou a cidade por dois mandatos, entre 2009 e 2016, e retornou ao Paço da Cidade em 2021.

A vitória no primeiro turno o qualifica para concorrer ao governo do estado em 2026, o que, durante a campanha, prometeu não fazer. Caso mude de cargo, ficará no cargo apenas por um ano e quatro meses, deixando a cidade nas mãos de Cavaliere.

Alguns aliados afirmam que o prefeito deseja maiores oportunidades, como uma vaga de vice-presidente na chapa de Lula em 2026 ou mesmo a própria candidatura, caso o presidente não busque a reeleição e Bolsonaro continue inelegível. Também não está descartada a permanência no cargo até o final do mandato, visando a disputa presidencial de 2030 e evitando o “ingovernável” Palácio Guanabara.

“Não há fuga maior do que ser quatro vezes prefeito do Rio de Janeiro”, disse Paes nesta quarta-feira.

Ele então brincou que políticos como Lula, Cláudio Castro, Tarcísio de Freitas e Ricardo Nunes têm “inveja” dele.



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