12/03/2024 – 19:17
Bruno Spada/Câmara dos Deputados
Carlos Jordy: novas regras vão prejudicar a população mais pobre
Deputados da oposição criticaram o pacote de ajuste fiscal anunciado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na última quarta-feira (27). Parlamentares da bancada governamental, porém, defenderam as medidas.
O governo anunciou medidas que devem economizar cerca de R$ 70 bilhões nos próximos dois anos, além de uma reforma no Imposto de Renda para possibilitar aumentar a faixa de isenção, a partir de 2026, para quem ganha até R$ 5 mil.
Entre as medidas de corte de custos está a limitação do rendimento real do salário mínimo aos limites do marco fiscal (PL 4614/24). Ou seja, salário mínimo corrigido pela inflação e ganho real entre 0,6% e 2,5%. A lei atual fala em inflação mais a variação do PIB.
Há também corte gradual no acesso ao abono salarial de um salário mínimo por ano (PEC 45/24). Hoje beneficia quem ganha até dois salários mínimos, mas cairia gradativamente para um salário mínimo e meio.
Para o deputado Carlos Jordy (PL-RJ), o governo quer aplicar à população mais pobre regras que ele próprio não busca seguir. “Vimos a limitação do abono salarial. Eles querem vincular isso às regras do quadro fiscal. Bom, eles não cumprem as regras do quadro fiscal, mas a população, os mais pobres vão ter que cumprir essas regras, terão que estar sujeitos a essas regras”, disse.
O deputado Mauricio Marcon (Podemos-RS) reclamou que apenas propostas de corte de gastos chegaram ao Congresso, mas não isenção de imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil. “O único pacote que chegou foi aquele que corta o BPCque corta Bolsa Família, que corta investimentos em educação. Esse chegou, e chegou rápido”, criticou.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que a reforma do Imposto de Renda foi determinada pela Emenda Constitucional 132 e será enviada para discussão no Congresso ao longo de 2025.
Doenças graves
O deputado Coronel Assis (União-MT) criticou o fato do pacote acabar com a isenção do Imposto de Renda para doenças graves para quem ganha mais de R$ 20 mil. “Pelo amor de Deus, as doenças aí listadas são aids, câncer, paralisia, cegueira. Com essas doenças a pessoa com certeza precisa desse apoio financeiro, dessa isenção, para sobreviver.
A deputada Dra. Mayra Pinheiro (PL-CE) classificou a mudança proposta pelo governo como “crime e barbárie”. “Quando uma pessoa tem cancro, e eu sou vítima desta doença há dois anos, as nossas necessidades aumentam – necessidades de medicamentos, transporte, assistência, alimentação adequada”, afirmou.
Bruno Spada/Câmara dos Deputados
Tadeu Veneri: há críticas seletivas ao pacote apresentado pelo governo
Beneficiar os mais pobres
Para os parlamentares da base do governo, há críticas seletivas ao pacote apresentado pelo Executivo para prejudicar os mais pobres. “Fico impressionado com a resistência explícita, por parte de alguns segmentos da sociedade, não porque critiquem o pacote como um todo, mas por pontos que mostram claramente o perfil daqueles que não querem que as pessoas mais pobres tenham um mínimo de dignidade na vida. vida”, afirmou o deputado Tadeu Veneri (PT-PR).
O deputado Merlong Solano (PT-PI) também criticou os posicionamentos contrários às medidas de ajuste. “Eles querem um pacote antiquado de corte de gastos, que coloque o peso do ajuste fiscal sobre os ombros da população brasileira, preservando os privilégios daqueles que se acostumaram a ter privilégios”.
Solano reconheceu que os gastos sociais devem ser bem administrados, mas afirmou que o peso das medidas do Executivo deve ser distribuído entre os diferentes segmentos da sociedade.
A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) disse ser a favor de discutir política fiscal com impacto nos super-ricos e supersalários. No entanto, ela disse estar preocupada com as medidas do pacote para mudar os programas sociais. “São programas que, na minha opinião, não deveriam ser mexidos e muito menos a contenção do salário mínimo”, afirmou.
O deputado Chico Alencar (Psol-RJ) afirmou que o equilíbrio das contas públicas não pode ser alcançado cortando das contas do país “aqueles que sempre têm que carregar o peso nos ombros”. “Temos uma visão muito pessimista em relação a essas iniciativas e à reação do mercado, que quer manter o status quo de injustiça social, desigualdade, exploração.”
Reportagem – Tiago Miranda
Montagem – Pierre Triboli
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