Saúde, mobilidade urbana, segurança pública e orçamento deverão ser os temas de maior preocupação para o início dos mandatos dos novos prefeitos a partir de 1⁰ de janeiro de 2025, segundo avaliação de diretores do Confederação Nacional dos Municípios (CNM) e o Frente Nacional de Prefeitos e Prefeitas (FNP).
Em 2024, foram eleitos prefeitos em 5.569 cidades, dos quais 2.461 reconduziram seus atuais representantes ao cargo. É o maior índice de reeleição da história: 82% dos prefeitos que buscaram novos mandatos saíram vitoriosos.
Saúde
Saúde foi o tema mais citado como uma das “prioridades populacionais para 2025”, na última edição da pesquisa Radar Febraban, realizada pela Federação Brasileira de Bancos em parceria com o Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (IPESPE) , entre os dias 5 e 9 de dezembro com 2 mil pessoas das cinco regiões do país. A preocupação com “saúde” foi lembrada por 30% dos entrevistados – “emprego e renda” (18%), “educação” (12%), “segurança” (10%), “inflação e custo de vida” também foram mencionados . ” (9%) e “fome e pobreza” (5%).
Para o secretário executivo da FNP, Gilberto Ferre, os gastos com saúde pressionam cada vez mais o orçamento municipal. Segundo dados do estudo Multicidades, realizado pela entidade há mais de uma década, os municípios aplicam, em média, mais de 20% dos recursos de saúde, sendo o mínimo estabelecido pela Constituição de 15%. Por isso, diz ele, as administrações municipais devem adotar medidas como a criação de consórcios para aquisição de insumos com preços reduzidos e pressionar pela atualização dos preços das tabelas de pagamento do Sistema Único de Saúde (SUS).
Transporte
A mobilidade urbana é outro tema que está em voga nos municípios. Em grande medida, a discussão envolve o modelo de financiamento do transporte público, uma vez que, diferentemente da maioria das cidades dos Estados Unidos, Canadá e Europa, a receita tarifária é uma parte importante do financiamento do sistema no Brasil. Na visão de Ferre, essa dependência deve ser reduzida, para que as tarifas sejam acessíveis e aliadas a um transporte digno, com a implantação de corredores de ônibus e a descarbonização da frota.
“Este debate não pode ser dissociado do modelo de financiamento do sistema. Muitas cidades tiveram diversas melhorias, mas o esforço do coletivo de prefeitos, negociando com os governadores e o governo federal, será fundamental para podermos rever o modelo do sistema”, disse o secretário executivo da FNP.
Segurança
Predominante nas eleições municipais, a questão da segurança pública é vista como “inevitável” pelos prefeitos. Para as maiores cidades, a discussão envolve o aumento do número de Guardas Municipais e o uso de armas de fogo por essas corporações. A Frente Nacional de Prefeitos acompanha de perto o debate no Congresso para transformar guardas municipais em polícias municipais e também pede vaga para prefeitos na governança da PEC da Segurança Pública, proposta pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski. Os municípios querem participar das discussões para compartilhar recursos, assim como ocorre na gestão tripartite do SUS.
Segundo Paulo Ziulkoski, presidente da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), independentemente do tamanho da cidade, as ações de segurança pública na administração municipal devem estar focadas na prevenção. “Quando o município ilumina bem as vias públicas, está garantindo a segurança pública. A mesma coisa acontece quando você cuida adequadamente da população sem-teto”, disse Ziulkoski.
Cenário orçamentário e econômico
O “desequilíbrio nas relações federativas” e o “cenário econômico incerto” deverão ser os principais desafios dos prefeitos em 2025, segundo o presidente da CNM. Segundo Ziulkoski, as cidades assumiram competências da União e dos Estados e, por isso, contam com um número maior de servidores públicos, o que pressiona os orçamentos dos municípios.
O parecer reflete pesquisa realizada pela entidade em dezembro com 4.473 gestores municipais que afirmaram que as maiores dificuldades da última gestão foram “crise financeira e falta de recursos” (71,2%); “instabilidade política e económica” (52,1%); “reajustes salariais concedidos após a pandemia” (47,8%) e “saúde” (47,8%).
Grande vitória da centro-direita
Os partidos de centro-direita saíram mais fortes das sondagens este ano. O PSD foi o partido com mais prefeitos eleitos, em 891 municípios, enquanto o MDB venceu em 864 municípios, seguido pelo PP (752), União Brasil (591) e PL (517). Nas maiores cidades do país, PSD e MDB também foram os grandes vencedores, e cada uma das siglas comandará cinco capitais, inclusive nos dois municípios mais populosos com a vitória de Ricardo Nunes (MDB), em São Paulo, e Eduardo Paes ( PSD), no Rio de Janeiro.
Prefeitos de olho em 2026
O bom desempenho de Paes, que venceu as eleições no primeiro turno, deve habilitá-lo a concorrer ao governo do estado em 2026. Casos semelhantes são os de João Henrique Caldas (PL), prefeito de Maceió, que recebeu mais de 83% dos votos. votos e foi projetado para eleições para o governo de Alagoas, e de Bruno Reis (União), que obteve 78% dos votos em Salvador e, junto com Antonio Carlos Magalhães, surge como possível candidato do União Brasil para o governo baiano.
Na esquerda, as vitórias nas capitais se limitaram a Fortaleza, com Evandro Leitão (PT), e em Recife, com João Campos (PSB). O prefeito reeleito da capital pernambucana venceu no primeiro turno com 71% dos votos. Aos 31 anos, Campos é uma das maiores apostas na renovação da esquerda e tem grandes chances de concorrer ao governo de Pernambuco nas próximas eleições.
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