A desmobilização da base governista no plenário da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) desta quarta-feira (29/5) foi lida pelos deputados da oposição como uma derrota do governador Romeu Zema (Novo) no Legislativo.
Durante a votação do Projeto de Lei (PL) 2.309/2024, que prevê reajuste salarial de 3,62% para servidores públicos, o texto principal foi aprovado. No entanto, as emendas destacadas que autorizavam o aumento desse percentual não foram apreciadas porque integrantes da situação abandonaram o espaço, fazendo com que a sessão fosse cancelada por falta de quórum.
O texto do Projeto de Lei (PL) 2309/2024, de autoria do governo mineiro, foi aprovado com 54 votos a favor e nenhum contra. Logo após a votação, a base governista deixou o plenário. O líder da situação, João Magalhães (MDB), pediu a verificação do quórum e apenas 33 dos 77 parlamentares responderam ao chamado. Com isso, a votação das alterações está prevista para a próxima semana.
Seis emendas foram destacadas para votação individual. Quatro deles foram separados do texto principal pela bancada da oposição. Uma delas, a emenda 17, fala em autorizar o governador a conceder reajuste de 10,67%. O percentual refere-se às perdas inflacionárias em 2022 e 2023.
Em entrevista após o encerramento antecipado da votação, parlamentares da oposição manifestaram surpresa com o movimento orquestrado pela situação. Em entrevista, o líder do bloco Democracia e Luta, Ulysses Gomes (PT), classificou a saída do governo como uma derrota de Zema no Legislativo. O parlamentar considera que as alterações destacadas seriam votadas favoravelmente se houvesse quórum.
“É uma estratégia que, infelizmente, demonstra o total desinteresse do governo em dialogar e, sobretudo, em dar justiça à valorização e ao reconhecimento dos servidores. Mostra a fragilidade no sentido de controle e diálogo da própria base e a total falta de diálogo com a posição que tentamos construir desde o início com emendas e debate. A deputada Beatriz Cerqueira (PT) e os demais deputados fizeram esse confronto no debate político em todos os momentos nas comissões. Em nenhuma das fases da discussão construímos. Pelo contrário, abordamos a importância do reajuste, mas mostrando sempre a nossa vontade de defender o real valor dos colaboradores. E isso só acontece na prática com os ajustes inflacionários de 2022 e 2023, que foi justamente a emenda destacada e que a base do governo, orientada pelo governador Zema, decidiu retirar o quórum para não votar. Tínhamos mais de 30 deputados dispostos (a aprovar), tendíamos a sair vitoriosos nesta iniciativa”, destacou Gomes.
O PL 2309/2024 começou a tramitar na Assembleia no dia 14 de maio. Foi aprovado nas comissões de Constituição e Justiça (CCJ), de Administração Pública (APU) e de Fiscalização Financeira e Orçamentária (FFO). As etapas foram marcadas por pareceres desfavoráveis às emendas apresentadas por parlamentares contrários ao reajuste de 3,62%.
A oposição afirma que a estratégia nos próximos dias até à votação das alterações destacadas não sofrerá alterações e continuará a ter a defesa da recuperação da inflação como um dos seus pilares.
Beatriz Cerqueira também tratou a movimentação no plenário como uma derrota de Zema. Questionado sobre a abertura do governo às negociações, conforme explica Tadeu Leite, o parlamentar criticou a inclinação do Executivo para o diálogo e considerou o afastamento dos parlamentares da base um ato desrespeitoso.
“O governo está atrasado. Todas as categorias estão mobilizadas desde o início do ano. Como o governo não acredita na capacidade do Legislativo de dialogar, de discutir, de propor, apostou na versão de 3,62%. Como ele vai ser derrotado nesta versão, aí o governo começa a dar alguns sinais (de negociação). Mas esse processo que ele realizou foi desrespeitoso. Desrespeitoso conosco, com os servidores que aguardavam e com a sociedade. Há quanto tempo estamos discutindo esse projeto? Chegar ao plenário e fazer isso diante da derrota? Porque na verdade ele foi derrotado. Então vamos esperar. Qual é a proposta para a próxima semana? Estamos aqui todos os dias para votar”, disse Cerqueira.
Situação
Em nota, o líder do governo na Assembleia, João Magalhães (MDB), comemorou a aprovação do texto principal e considerou importante ampliar o prazo antes da votação das emendas destacadas.
“A aprovação do texto principal na manhã de hoje (29/05), sem votos contrários, é um passo importante e demonstra a sensibilidade dos deputados sobre o tema. Da mesma forma, também é importante que as alterações e destaques que serão votados na próxima semana sejam analisados pelo governo quanto à sua real viabilidade dentro de uma gestão fiscalmente responsável. É justo e legítimo que, durante a votação destas alterações e destaques, seja respeitado o devido tempo para que os esclarecimentos cheguem aos parlamentares. Estamos tratando de um projeto importante para todo o funcionalismo estadual e o tempo de tramitação deve ser o necessário para oferecer aos parlamentares o melhor espaço de diálogo possível”, diz o texto
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