O silêncio da primeira-dama Janja sobre as acusações de agressão física que enfrenta Alberto Fernándezex-presidente da Argentina e aliado do PT e do governo brasileiro, gerou comentários ruins entre ministros do próprio governo.
Há duas razões para esse constrangimento, segundo o coluna. A primeira é que Janja se coloca sempre na vanguarda das questões relacionadas com a proteção e valorização das mulheres. Em 2023, ela foi a única esposa de um chefe de Estado a participar numa reunião restrita do G20.
Nas redes sociais, ela mostrou uma foto do ambiente reservado e explicou que Lula discutia temas como “igualdade de gênero, combate à desigualdade e contra o racismo” com líderes de outros países.
A segunda razão é justamente o protagonismo que Janja buscou para si na agenda internacional do Brasil. Além do episódio do G20, ela também representou o governo brasileiro nas Olimpíadas de Paris deste ano e fez questão de aparecer na foto oficial do encontro bilateral entre Lula e Joe BidenPresidente dos Estados Unidos, realizada no Salão Oval da Casa Branca. Existem outros exemplos além destes.
Agora que a ex-primeira-dama da Argentina parece precisar do apoio efetivo de Janja, porém, o brasileiro fica em silêncio. Além da falta de apoio à mulher, esta postura ajuda a reforçar a tese daqueles que vêem a questão de género como um mero trampolim a ser usado pelos políticos para atacar os adversários e se promoverem.
Para quem ainda não sabe, o ex-presidente da Argentina Alberto Fernández, aliado de Lula, foi acusado pelo Ministério Público argentino por supostamente agredir física e psicologicamente sua ex-mulher e ex-primeira-dama Fabiola Yañez. A argentina formalizou a acusação contra o ex-marido num consulado argentino na Espanha e disse que os abusos começaram em 2016. O casal se separou em 2024. O governo de Fernández durou de 2019 a 2023.
Fernández, como todo e qualquer cidadão, merece ter o direito de se defender, com ampla defesa e contraditório. É o Tribunal que dará – e ainda não deu – a palavra final sobre se ele realmente cometeu os atos descritos pela sua ex-mulher. Ainda assim, é a primeira vez que uma primeira-dama da América Latina toma a iniciativa de se expor dessa forma, validando inclusive a veracidade de fotos dela, toda machucada, que circularam na internet.
A situação, na opinião dos membros do governo, exigiria que Janja se manifestasse contra a violência, independentemente de o agressor ser aliado ou oponente do seu partido político. Essa é a postura que se espera daqueles que reivindicam para si, há muito tempo, o papel de porta-voz do Brasil nas questões de gênero.
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