Dias atrás, Fernando Haddad fez um pronunciamento em que falou sobre a revisão das finanças globais. A ideia, diz o ministro, é que as contas estejam equilibradas, para promover mais rapidamente mudanças ecológicas. O discurso do Haddad é, obviamente, excepcional. É mais do que necessário e urgente levar em conta as condições climáticas do planeta paralelamente aos investimentos e gastos. Não há dúvida de que este é o caminho num mundo cujas mudanças ambientais aumentam com catástrofes que não pedem permissão para entrar. Existem numerosos problemas estruturais e complexos que merecem igual atenção. Visto de cima, pelo menos de um dos ministérios mais importantes da Esplanada, parece perfeito, mas e o resto da equipe? E indo além: e o Brasil profundo pensa assim?
Não é novidade que o debate eleitoral se tenha mostrado completamente alheio às crises climáticas e aos problemas urbanos e sociais existentes. De Norte a Sul do país, dos locais de seca e incêndios aos recantos onde a cheia levou tudo, tirando alguns espaços aqui e ali, não vimos qualquer debate sobre o futuro do planeta e as condições climáticas urgentes. É quase redundante dizer que algum tipo de solução para as alterações climáticas passa pelas cidades
Os dados sobre o destino dos conselhos municipais – empurrados mais para a direita, claro, porque na maioria dos casos é onde sempre estiveram – são estarrecedores. Obviamente, não estamos aqui a fazer um juízo de valor sobre qual o espectro político que é melhor ou pior. O facto é que os debates sobre as alterações climáticas têm estado centrados no centro-esquerda e em parte do centro-direita. As câmaras municipais, no entanto, estão do lado oposto. Um estudo do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (Resgatar), da UFPR, comprova isso.
Liderado pelo professor Fábio Vasconcelos da UERJ, o trabalho busca estabelecer uma Taxa de Hegemonia Política nas Câmaras de Vereadores. A ideia é simples e consiste na proporção de vereadores eleitos pelos partidos, considerando a posição do partido no espectro ideológico. A medida varia de 0 (hegemonia de esquerda) a 1 (hegemonia de direita). Portanto, taxas próximas de 0,5 indicam legislaturas locais mais equilibradas entre os dois campos ideológicos. (Veja pesquisa completa aqui).
Quando analisadas as regiões, Centro-Oeste – onde ocorre a maior parte dos focos e incêndios – a taxa de hegemonia chega a 1, portanto, completamente dominada por vereadores de direita. Ou seja, na esmagadora maioria das câmaras desta região não foi eleito nenhum vereador de partido de esquerda.
Em seguida vem o Sudeste, com taxa mediana de 0,91 e o Norte, com 0,91. Em seguida vem o Sul, com mediana de 0,89 e, por fim, o Nordeste com 0,78. O autor da pesquisa destaca que embora o Nordeste seja onde o campo da direita menos elege vereadores, ainda assim a direita é – em média – maioria nos conselhos municipais da região.
Chamei a atenção para o meio ambiente, mas a lista poderia ser preenchida com diversas questões urbanas e sociais que as cidades brasileiras enfrentam. Se isso não bastasse, o que temos no cenário internacional é a vitória de Trump, que, todos sabemos, é um negacionista do clima e deveria, mais uma vez, tirar os Estados Unidos do acordo climático de Paris. Para onde quer que você olhe, é difícil ter esperança.
*Rodrigo Vicente Silva é mestre e doutor em Ciência Política (UFPR-PR). Estudou História (PUC-PR) e Jornalismo (Cásper Líbero). É vice-editor do Journal of Sociology and Politics. Está vinculado ao grupo de pesquisa Representação Democrática e Legitimidade (INCT-ReDem). Contribua para esta coluna semanalmente.
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