O que Lula deve enfrentar durante nova visita em Minas

Visando eleições municipais e buscando conquistar antigos aliados, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chega a Minas Gerais na próxima sexta-feira (28/6). O chefe do Executivo brasileiro visitará Contagem, na Região Metropolitana, e Juiz de Fora, na Zona da Mata.

A informação foi confirmada por Estado de Minas, que conversou com interlocutores e aliados do presidente. As cidades escolhidas fazem parte do plano do Partido dos Trabalhadores (PT) para garantir a reeleição de Marília Campos (PT) e Margarida Salomão (PT). Tanto em Contagem quanto em Juiz de Fora, o partido vem tendo um bom desempenho e ambos têm grandes chances de vitória.

Segundo o RealTime Big Data, Marília Campos tem 62% de intenções de voto. A mesma pesquisa mostra que em Juiz de Fora, Margarida Salomão (PT) lidera as intenções de voto em todos os cenários. Na amostra estimulada, quando o eleitor recebe uma lista com os nomes dos pré-candidatos, o prefeito aparece com 33%. As pesquisas estão registradas sob os números MG-06798/2024 e MG-09439/2024 no Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG).

Além das visitas em busca das eleições municipais, o presidente ainda deverá resolver questões com a base de esquerda. Não é novidade que o relacionamento de Lula com seus aliados políticos enfrenta turbulências.

Sem presença real no estado, vem delegando suas articulações políticas ao ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e, de tempos em tempos, ao presidente do Congresso Nacional, senador Rodrigo Pacheco (PSD). A falta de diálogo entre ele e sua base tem gerado conflitos não só dentro do PT mineiro, mas também entre partidos aliados.

O desconforto causado pelo chefe do Executivo brasileiro – que, em sua última visita ao estado, nem sequer falou com os deputados aliados na Assembleia Legislativa de Minas Gerais – piorou ainda mais após a visita do ministro da Educação, Camilo Santana.

A decisão de não convidar parlamentares da base de apoio de Lula para a reunião que formalizou a parceria do governo federal com a gestão de Romeu Zema (Novo) na administração do Hospital Regional de Divinópolis, no centro-oeste de Minas Gerais, foi mal recebida.

A foto do ministro sorrindo ao lado do governador e prefeito de Divinópolis, Gleidson Azevedo (Novo), irmão do senador Cleitinho (Republicanos) e crítico radical da gestão do presidente Lula (PT), caiu como uma bomba entre os ativistas que defendem o presidente na região. A insatisfação foi tão grande que obrigou a direção da Federação PT-PCdoB-PV a publicar um comunicado oficial rejeitando a forma como foi feito o anúncio da parceria.

O desgaste da base mineira fica ainda maior quando são colocadas em cima da mesa as ações da tesoureira do PT, Gleide Andrade, nos municípios. Alguns petistas têm reclamado que a petista atua em benefício próprio, excluindo candidaturas e favorecendo aliados em busca de uma base própria para 2026.

Outro ponto que deve ser discutido com Lula é a incerteza quanto ao apoio ao deputado federal Rogério Correia (PT) nas eleições municipais de Belo Horizonte, principalmente quando o assunto é unificação. O deputado é o candidato do PT, não deve abandonar a candidatura e é apontado como chefe da chapa caso a esquerda articule uma candidatura única. O problema é que, até o momento, Lula não apareceu ao lado do pré-candidato e não demonstrou total apoio.

Questionado pelo EM, Rogério afirmou que como Lula já veio a Belo Horizonte, a agenda está sendo pensada com outros lados petistas. Vale lembrar que o presidente deveria ter ido a Contagem e Juiz de Fora no mês passado, mas cancelou agenda. “Agora cumpriremos esses compromissos com importantes inaugurações homenageando também as duas maiores cidades do Brasil governadas pelo PT. Uma grande mensagem para mim.”