O anúncio do pacote contendo cortes nas despesas deixou os actores políticos e económicos em alvoroço. O mercado não viu com bons olhos que o tão esperado plano fosse acompanhado pela correção do Imposto de Renda e a consequente isenção para quem ganha até cinco mil reais. Não poderia ser de outra forma, dada a surpresa com que se tomou conhecimento do assunto. A atitude da equipa económica, porém, justifica-se em vários aspectos. O plano de Haddad parece estar indo na direção certa para o jogo. A questão é se o partido do ministro entenderá o outro lado da disputa e arcará com os custos das medidas do Tesouro.
Do ponto de vista político, a medida é mais que correta. Os números comprovam isso muito bem. Do total de eleitores, 44% ganham entre dois e cinco salários e menos da metade avaliam como excelente ou bom na aprovação do governo Lula. Neste sentido, e para honrar o compromisso de campanha, foi mais do que necessário avançar com a proposta de isenção deste segmento da população. Claro que haverá um preço.
A primeira mensagem de que será cobrado um custo para processar a isenção foi dada pelos presidentes das casas legislativas, Lira e Pachecoque já afirmaram que o assunto será adiado para o próximo ano. Através do “X” e da nota oficial, ambos acalmaram os mercados ao dizer que o corte de gastos será votado ainda este ano e o restante das medidas ficará para o próximo ano e que tudo dependerá do equilíbrio fiscal para aprovação. Há algo não dito aí, mas é óbvio para o governo: toda e qualquer medida só será possível através do entusiasmo e da barganha dos novos presidentes dos Câmara e Senado jperto da articulação do Governo Lula.
Quando se trata do Congresso e dos custos futuros de um processo favorável ao governo, há um ator importante a ser considerado, que é Flávio Dino. Lembremos que o ministro da Supremo Tribunal Federal bloqueou a transferência de alterações. Fato que desagrada aos parlamentares que peregrinam principalmente a Lira em busca de uma solução.
A outra conta a ser paga – esta bem mais difícil – serão as decisões do novo presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo. Se as medidas de Haddad cabem de um lado, as do outro Banco Central Terão que encontrar outra coisa e o sucesso econômico dependerá dessa dupla para que Lula ou quem representa a chapa petista seja competitivo daqui a dois anos.
O cálculo não é tão difícil: se as contas forem ajustadas através de cortes e muitas outras decisões do Tesouro; por outro lado, terá de haver um ajustamento para controlar a inflação, aparentemente através de uma subida das taxas de juro, o que trará alguma contracção à economia. O tema, sabemos, é um ponto inflexível para o PT, que entende que é preciso crédito na praça.
O que não se pode perder de vista é a impossibilidade de chegar a 2026 com inflação crescente e poder de compra desgastado. E se é preciso agradar aos 44% já citados que estão na faixa de dois a cinco salários mínimos, não podemos perder de vista os 30% que compõem aqueles que ganham até dois salários e são maioria absoluta na aprovação do Governo petista (70%). Um olho estará na classe média e outro, portanto, no poder aquisitivo mínimo, porque os cortes afetarão esse segmento da população.
Se o cálculo não for difícil, a equação política ficará tensa porque agora não haverá mais o presidente do Banco Central “morando fora do Brasil” – em alusão a uma das muitas críticas de Lula e do PT ao Campos Netonem um conselho com maioria nomeada por Bolsonaro. Isso deixará Haddad, Galípolo e todos os indicados do Lula com a difícil missão de agradar parte do governo, do mercado e do PT. Tudo para não chegarmos às eleições de 2026 já com quase pleno emprego e com o poder de compra no plenário, criando um sentimento de desânimo nas camadas médias e baixas do eleitorado que, face às eleições norte-americanas, não voltará a eleger ninguém. .
*Rodrigo Vicente Silva é mestre e doutor em Ciência Política (UFPR-PR). Estudou História (PUC-PR) e Jornalismo (Cásper Líbero). É vice-editor do Journal of Sociology and Politics. Está vinculado ao grupo de pesquisa Representação Democrática e Legitimidade (INCT-ReDem). Contribua semanalmente para esta coluna
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