Assessor Especial do Presidente Lula, Celso Amorimparticipou, nesta terça-feira, de audiência na Comissão de Relações Exteriores da Câmara para prestar esclarecimentos sobre a posição do país no Eleições na Venezuelarealizada em 28 de julho deste ano. Segundo o diplomata, como o Brasil recebeu cerca de 600.000 Imigrantes venezuelanos, há, claro, interesse nacional sobre o assunto.
Amorim afirmou que o principal interesse do Brasil é evitar que a Venezuela se torne foco de rivalidades geopolíticas que ameaçam a paz na América do Sul e que importam conflitos para o “coração” da Amazônia. Além disso, disse que três diretrizes norteiam a posição do governo brasileiro sobre a situação política, social e econômica daquele país.
“A posição em relação à Venezuela tem seguido três princípios: a defesa dos princípios democráticos consagrados em acordos internacionais, como a Carta da OEA, o Protocolo de Georgetown sobre o compromisso democrático da Unasul e o Protocolo de Ushuaia sobre o compromisso democrático do Mercosul. Este é um princípio. A não ingerência em assuntos internos, e a resolução pacífica de conflitos”, destacou.
Também considerou o reconhecimento internacional de Juan Guaidó como presidente da Venezuela em 2019.
“Hoje existe um consenso praticamente generalizado, porque foi o que ouvi de vários interlocutores com quem falei, que o reconhecimento de Guaidó criou uma situação de bicefalia, que acabou por prejudicar a população venezuelana, e não se pode repetir. O Brasil está aberto a contribuir, desde que haja disposição de ambos os lados. Por isso temos procurado preservar a capacidade de diálogo com ambas as partes”, declarou.
Em agosto deste ano, o presidente Lula conversou por telefone com o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau. Na época, o brasileiro já apontava o reconhecimento de Guaidó como um “erro histórico” pela comunidade internacional contra a política venezuelana.
O passado
Amorim analisou como foram as relações entre Brasil e Venezuela nas últimas décadas. Segundo ele, entre 2002 e 2015, os países da região tiveram divergências políticas, mas sabiam que a união entre eles traria benefícios concretos. E citou como exemplo a relação entre Hugo Chávez, na época presidente da Venezuela, e Álvaro Uribe, da Colômbia, que “poderiam sentar-se à mesma mesa para discutir projetos de interesse comum”.
“Devo dizer que houve efectivamente uma boa relação com Chávez, e preciso de reconhecer que, apesar de todas as críticas que se podem fazer, e fizemos, sobre certos aspectos do governo Chávez, era um governo focado em melhorar as condições no pessoas. O fluxo comercial com a Venezuela atingiu 6 bilhões de dólares em 2012.”
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