Novos projetos de lei sobre aborto visam tornar legislação mais rígida – Notícias

Novos projetos de lei sobre aborto visam tornar legislação mais rígida – Notícias


02/08/2024 – 11:00

Vinicius Loures/Câmara dos Deputados

Sóstenes Cavalcante, autor do PL 1904/24, Considere algumas mudanças no texto

Cerca de 20 novos projetos de lei sobre aborto foram apresentados na Câmara dos Deputados após polêmica causada pela proposta que equipara a pena de interrupção da gravidez para além das 22 semanas à do homicídio – 20 anos de prisão –, mesmo para mulheres vítimas de violaçãoo (PL 1904/24). Essa pena é maior do que a prevista para o estuprador, de até 10 anos de prisão – um dos pontos mais polêmicos do texto.

Após o Plenário da Câmara aprovar a urgência do PL 1904/24, provocando forte reação de setores da sociedade, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), anunciou a criação de uma comissão com representantes de todos os partidos para debater o texto neste segundo semestre.

Autor da proposta ao lado de outros 53 deputados, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) estuda fazer algumas alterações no texto, como incluir o aumento das penas para estupradores. Esses parlamentares e outros, porém, apresentaram outras propostas nos mesmos moldes do PL 1904/24.

Leis mais duras
Os novos projetos apresentados reforçam uma tendência do debate legislativo na Câmara de tornar mais rígida a legislação sobre o aborto. Segundo pesquisa do Centro Feminista de Estudos e Assessoria (CFemea), Há um total de 98 propostas em análise no Parlamento que retrocedem a legislação sobre o aborto no Brasil.

Existem projetos que visam aumentar a pena para o aborto, que são projetos punitivos; há projetos que visam restringir o aborto legal e tentam retroagir prerrogativas; aqueles que pretendem criar barreiras ao acesso ao aborto legal, exigindo algum documento que hoje não é necessário; e aqueles que pretendem transmitir desinformação sobre o aborto legal”, disse Clara Wardi, assessora técnica do Cfemea, em entrevista ao Câmara de Rádio.

Vinicius Loures/Câmara dos Deputados

Coronel Fernanda: “Continuaremos a defender a vida”

Retomada do debate
O deputado Coronel Fernanda (PL-MT), que é um dos coautores do PL 1904/24, apresentou dois novos projetos após a polêmica em torno do texto.

“[O debate sobre o PL 1904/24] Foi bom porque, de certa forma, foi possível que todo o país discutisse o tema”, afirma a deputada. O assunto, segundo ela, estava sendo debatido em “ambiente fechado”. “Foi uma oportunidade para o tema venha a público aberto, com a participação de todos”, avalia.

“Continuaremos defendendo a vida”, destaca Coronel Fernanda. Ela admite que o PL 1904/24 deverá passar por algumas adaptações. No meu caso, fiz duas propostas: uma aumentando a pena para um estuprador [PL 2526/24] e a segunda criando um protocolo de atendimento obrigatório [PL 2525/24]”, detalha o coronel Fernanda.

Relatório de incidente
Além de aumentar as penas por estupro para até 20 anos de prisão, o PL 2525/24 pune quem tomou conhecimento do crime, mas não notificou a polícia. Isso significa que, caso o projeto seja aprovado, o médico que atender uma vítima de estupro e não avisar a polícia poderá ser punido com as mesmas penas do agressor.

Segundo o coronel Fernanda, hoje basta uma mulher dizer que foi estuprada para fazer um aborto. O deputado defende que o procedimento só deve ser realizado após a notificação formal do crime à polícia.

Uma portaria de 2020, do governo Bolsonaro, também previa a necessidade de a equipe médica notificar a autoridade policial no caso de aborto por estupro, mas foi revogada em 2023, no início do governo Lula. Diversas propostas em análise na Câmara visam justamente tornar obrigatório o registro de boletim de ocorrência pelos profissionais e serviços de saúde.

Um grupo de 35 deputados apresentou o Projeto de Lei 2499/24 com essa finalidade no dia 19 de junho, um dia depois de o presidente da Câmara adiar o debate do PL 1904/24.

Intimidação da vítima
Na avaliação de Clara Wardi, do Cfemea, ao exigir que para a vítima de violência sexual registrar um boletim de ocorrência “é afastar essas mulheres dos serviços de saúde porque temem as consequências de uma denúncia, pois muitas vezes o estuprador é alguém da própria família”.

Exija registro na polícia, continua Clara Wardi, “É como se o Estado quisesse uma prova dessa violência sexual que não fosse a palavra da mulher”.

De acordo com a pesquisa Percepções sobre o direito ao aborto em casos de estupro, realizada pelos Institutos Patrícia Galvão e Locomotiva, em 2022, oito em cada dez mulheres não procuram nenhum tipo de serviço de assistência, seja de saúde ou policial, após serem estupradas. As razões incluem vergonha, medo de exposição e medo de ser denunciado à polícia.

Mário Agra/Câmara dos Deputados

Sâmia Bomfim quer garantir direito ao aborto em casos já previstos em lei

Acesso a serviços
Do outro lado do debate, a deputada Sâmia Bomfim (Psol-SP) apresentou projetos de lei que buscam garantir o acesso ao aborto legal no Brasil. O aborto não é criminalizada no país nos casos de risco à vida da gestante, gravidez resultante de estupro e anencefalia fetal.

Entre os projetos de Sâmia, o PL 2521/24 obriga os profissionais de saúde, dos serviços públicos e privados, a informar às vítimas de estupro que têm direito ao aborto em caso de gravidez resultante de violência. Deverão também indicar o hospital de referência para interrupção da gravidez.

O PL 2520/24, por sua vez, estabelece que, nos casos de aborto legal, o médico do serviço público de saúde só poderá alegar objeção de consciência para não interromper a gravidez quando houver outro médico disponível para realizar o procedimento.

Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

Greyce Elias: é preciso impor limites ao tempo de gestação em casos de aborto

Tempo de gestação
Para a deputada Greyce Elias (Avante-MG), também coautora do PL 1904/24, deve haver restrição de tempo para a mulher interromper a gravidez, mesmo em caso de estupro. Hoje esse limite de tempo não existe.

Greyce Elias afirma que existe viabilidade fetal (capacidade do feto de sobreviver fora do útero) após 22 semanas de gravidez. Ela argumenta que, se a menina ou mulher estuprada não fizer um aborto nesta idade gestacional, ela deverá continuar com a gravidez, dar à luz e entregar o bebê para adoção.

“A mulher não precisa ficar com o filho, ela pode apenas ficar com o filho e entregá-lo para adoção. Ela não será responsabilizada, não será criminalizada”, argumenta Greyce. “Por que vou matar uma criança depois da 22ª semana, se ela tem chance de viver e temos mecanismos para poder adotar essa criança? “, questiona o deputado.

Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

Ana Pimentel: limitar o aborto às 22 semanas prejudica meninas e adolescentes violadas

Confirmação tardia de gravidez
A presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher, deputada Ana Pimentel (PT-MG),
destaca que Meninas e adolescentes estupradas geralmente demoram muito para descobrir que estão grávidas. Limitar o aborto às 22 semanas impediria o procedimento para estas meninas.

Ainda segundo o parlamentar, que é médico, é raro Os fetos de 22 semanas sobrevivem fora do útero. Ana Pimentel explica que, para terem chance de sobreviver, eles precisam ser tratados em centros muito especializados, que são poucos no Brasil.

“Então não se pode especificar que esse seja o marco da viabilidade”, diz o deputado. “Não se pode dizer técnica e cientificamente que este feto retirado do útero, neste marco, sobreviverá.”

Marcelo Camargo/Agência Brasil

Mulheres protestam contra o PL 1904/24

Criança não é mãe
Com a campanha intitulada Criança não é mãe, organizações contrárias ao PL 1904/24 defendem que mulheres estupradas devem ser apoiadas e não criminalizadas.

Em entrevista com Câmara de RádioO deputado Sóstenes Cavalcante disse que esse projeto pode ser modificado para que o apoio psicológico seja a única medida socioeducativa prevista para adolescentes estupradas que abortam após 22 semanas.

Segundo ele, a intenção é punir os médicos e demais agentes de saúde nesses casos, e não as meninas. Mas os deputados contrários à proposta defendem que o projeto seja arquivado, e não modificado.

Para a presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher, o projecto não contribui em nada para melhorar a vida das raparigas e das mulheres. O Parlamento, na opinião de Ana Pimentel, deveria discutir como reduzir os casos de violação, não aumentando a pena para o aborto nestes casos.

Discussão internacional
Há 30 anos, na Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento, no Cairo, governos de 179 países comprometeram-se a tornar os direitos sexuais e reprodutivos fundamentais para o desenvolvimento sustentável.

Ouça o programa Rádio Câmara Mulheres da Palavraque discutiu o assunto com parlamentares e especialistas.

Relatório – Lara Haje
Edição – Natalia Doederlein



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