Novas medidas de ajuste fiscal podem ser votadas ainda neste ano, diz líder do governo – Notícias

Novas medidas de ajuste fiscal podem ser votadas ainda neste ano, diz líder do governo – Notícias


28/11/2024 – 15h43

Mário Agra/Câmara dos Deputados

José Guimarães: não governamos para o mercado, mas para o povo brasileiro

O líder do governo na Câmara dos Deputados, José Guimarães (PT-CE), afirmou que o Congresso poderá votar este ano os projetos que o governo anunciou com novas medidas de ajuste fiscal. Outros deputados consideraram, no entanto, que é preciso avaliar cuidadosamente se as medidas serão suficientes.

Para José Guimarães, os parlamentares não deveriam levar em conta apenas o que o mercado financeiro pensa das medidas. “É assim que governamos, não para o mercado, mas para todo o povo brasileiro, olhando para todos, os de baixo, os de meio e os de cima, porque é disso que o Brasil precisa. Esta é a reconstrução que estamos fazendo. E votaremos, até o final do ano, essas medidas aqui na Câmara dos Deputados”.

O governo anunciou medidas que devem economizar cerca de R$ 70 bilhões nos próximos dois anos, além de uma reforma no Imposto de Renda para possibilitar aumentar a faixa de isenção, a partir de 2026, para quem ganha até R$ 5 mil.

Entre as medidas de redução de custos está a limitação do ganho real do salário mínimo aos limites do quadro fiscal. Ou seja, seria corrigido pela inflação e teria um ganho real entre 0,6% e 2,5%. A lei atual fala em inflação mais a variação do PIB.

Há também um corte gradual no acesso ao abono salarial de um salário mínimo por ano. Hoje beneficia quem ganha até dois salários mínimos, mas cairia gradativamente para um salário mínimo e meio.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que a reforma do Imposto de Renda foi determinada pela Emenda Constitucional 132 e será enviada para discussão ao longo de 2025. “É neutra do ponto de vista fiscal, não aumenta nem diminui a arrecadação. É por projeto de lei, não exige emenda constitucional. Então, entendemos que pode tramitar no ano que vem, que é um ano com uma agenda legislativa mais leve e não é um ano eleitoral”.

Tributação dos mais ricos
Técnicos do Ministério da Fazenda informaram que a ideia é tributar quem ganha mais de R$ 1 milhão por ano com alíquota efetiva mínima de 10%. Mas quem ganha mais de R$ 600 mil já teria algum reajuste. A maioria das pessoas paga mais do que isso porque a taxa efetiva de imposto leva em consideração todos os rendimentos e deduções. A nova tributação também afetaria lucros e dividendos.

O deputado Julio Lopes (PP-RJ) acredita, porém, que a tributação de quem ganha mais não compensará a isenção do Imposto de Renda de quem ganha até R$ 5 mil. Com outros dois deputados, busca apresentar uma Proposta de Emenda à Constituição que corrija o salário mínimo das pensões e benefícios sociais pela inflação e não pelo salário mínimo.

Lopes acredita que as medidas apresentadas pelo governo não levam em conta o envelhecimento da população brasileira, cuja longevidade pode aumentar em dez anos ou mais. “E nesta longevidade, obviamente, a Segurança Social é muito onerosa. E essa longevidade custa à saúde pública brasileira. Essa longevidade custa à Previdência Social do Brasil. E isso precisa ser gerenciado”, completou.

Funcionários militares e civis
Para o deputado Coronel Chrisóstomo (PL-RO), o governo não deveria ter proposto novos reajustes para os militares, porque a categoria passou por reforma recente. “Em 2019, já houve uma mudança no tempo de serviço militar, passando de 30 para 35 anos. Então, não há necessidade de mudar para 55 anos.”

Sobre o estabelecimento de regras para cumprimento do teto salarial do funcionalismo público, que neste ano é de R$ 44 mil, o deputado Merlong Solano (PT-PI) afirma que a medida é necessária.

“Sou servidor público, sou professor da Universidade Federal do Piauí, tenho benefícios que a sociedade como um todo não tem. Além de ter estabilidade, ganhar acima do teto vira um privilégio. Por isso, defenderei veementemente a aprovação dessa medida na Câmara dos Deputados”, afirmou.

O governo deve enviar um novo projeto sobre os chamados “supersalários” para regular o que pode ou não ficar fora do teto.

Relatório – Silvia Mugnatto
Edição – Georgia Moraes



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