Quem apostou na força de JairBolsonaro e Lula como os grandes colportores nas eleições municipais deste ano estão vendo os governadores desempenharem esse papel. Segundo as pesquisas eleitorais mais recentes, todos os dez governadores mais bem avaliados do Brasil, segundo ranking elaborado pelo instituto AtlasIntel, deveriam pelo menos conseguir levar seus patrocinadores políticos ao segundo turno nas capitais de seus estados.
Em alguns casos, o candidato a prefeito teve sua candidatura totalmente articulada pelo chefe do Executivo estadual. É o caso que Goiânia, onde o governador do estado, Ronaldo Caiado (União), que tem 75% de aprovação para sua gestão, juntou o empresário Sandro Mabel, ex-deputado afastado da política, ao seu partido para disputar as eleições na capital goiana. Impulsionada pelo fraco desempenho do prefeito Rogério Cruz (Solidariedade), Mabel aparece nas pesquisas empatada tecnicamente com Adriana Accorsi (PT) na liderança. A luta é difícil. Desde a década de 1980, o governador não consegue eleger o prefeito de Goiânia. Na semana passada, Caiado cancelou compromissos no interior para fortalecer a candidatura do seu pupilo na reta final.
Outro exemplo é o de Hélder Barbalho (MDB), governador do Pará (aprovação de 58%), que apostou em seu secretário Igor Normando (MDB) para tentar conquistar a prefeitura do Belém, que sediará a COP30 em 2025, a conferência ambiental da ONU. Helder conseguiu que seu aliado —que também é seu primo— subisse nas pesquisas, enquanto o atual presidente Edmilson Rodrigues (PSOL) está em terceiro e, ao que tudo indica, não conseguirá chegar ao segundo turno. O segundo colocado é o deputado Eder Mauro (PL).
Para o cientista político Murilo Medeiros, a utilização de governadores como colportores foi uma estratégia utilizada com sucesso, principalmente por partidos centristas, como União Brasil, PSD e MDB. “São partidos que têm um bom número de governadores, as máquinas estaduais também conseguiram recrutar lideranças regionais para disputar prefeituras estratégicas”, analisou o especialista.
Mas há governadores petistas bem avaliados e que também estão tendo sucesso, como Rafael Fonteles, no Piauí (68% de aprovação) e Elmano de Freitas, no Ceará (56% de aprovação). Este último está perto de levar ao segundo turno em Força o deputado estadual Evandro Leitão (PT), que até o final do ano passado nem era filiado ao partido —era do PDT de Ciro Gomes, com quem rompeu. Agora, ele está empatado tecnicamente com o deputado federal André Fernandes (PL) e há boas chances de Fortaleza ser a única capital do país com embate direto entre PL e PT.
Em algumas cidades, o governador, apesar de ter o seu candidato em primeiro lugar, enfrenta muitas dificuldades na eleição. Esses são os casos Rato Júnior, no Paraná — que tem Eduardo Pimentel (PSD) empatado tecnicamente com Cristina Graeml (PMB) na disputa em Curitiba – e Tarcísio de Freitas (Republicanos), em São Paulo, que trabalha pela reeleição de Ricardo Nunes (MDB), empatado a três com Guilherme Boulos (PSOL) e Pablo Marçal (PRTB) na capital.
Segundo Antônio Lavareda, cientista político do Ipespe, os chefes do Executivo têm força nas eleições municipais, mas o fator preponderante na eleição é a avaliação dos eleitores sobre a gestão do atual presidente. “Os governadores influenciam mais quando estão associados a titulares bem avaliados, então aparecem bem no cenário. Quando estão associados a candidatos que enfrentam titulares fortes, aparecem mal na foto”, pondera. “E quando os titulares são mal avaliados e não têm apoio do governador, abre espaço para os governadores desempenharem um papel, exercerem a sua força política”, afirma.
Lavareda cita como exemplo Salvador. Na capital baiana, o prefeito Bruno Reis (União), que tem quase 80% de aprovação, deverá vencer no primeiro turno a disputa com Geraldo Júnior (MDB), apoiado pelo governador Jerônimo Rodrigues, PT, partido que governou a Bahia por cinco mandatos consecutivos.
Veja abaixo os candidatos apoiados pelos dez governadores mais populares do país
– Candidato (**): Sandro Mabel (União) empata em primeiro lugar com Adriana Accorsi (PT) em Goiânia
– Candidato (**): Fabio Novo (PT) empata na liderança com Silvio Mendes (União) em Teresina
MATO GROSSO
– Aprovação
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– Candidato (**): Eduardo Botelho (União) lidera em Cuiabá
– Candidato (**): Topázio Neto (PSD) lidera em Florianópolis
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– Candidato (**): Cícero Lucena (PP) lidera em João Pessoa
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Wanderlei Barbosa (Republicanos)
– Candidato (**): Janad Valcari (PL) lidera em Palmas
CEARÁ
Elmano de Freitas (PT)
– Aprovação
: 56%
– Candidato (**): Evandro Leitão (PT) empata na liderança com André Fernandes (PL) em Fortaleza
PARANÁ
Rato Júnior (PSD)
– Aprovação
: 56%
– Candidato (**): Eduardo Pimentel (PSD) lidera em Curitiba empatado com Cristina Graeml (PMB)
SÃO PAULO
Tarcísio de Freitas (Republicanos)
– Aprovação
: 53%
– Candidato (**): Ricardo Nunes (MDB) está empatado na primeira posição com Guilherme Boulos (PSOL) e Pablo Marçal (PRTB) no Ranking AtlasIntel de São Paulo, com dados coletados entre 15 de julho e 4 de agosto(**) Última pesquisa Questão de setembro.
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