‘Não faz piada’, diz ministra sobre declarações machistas de Lula

‘Não faz piada’, diz ministra sobre declarações machistas de Lula



BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – A Ministra da Mulher, Cida Gonçalves, afirmou nesta sexta-feira (2/8) que não podem ser aceitas “piadas” sexistas, nem mesmo do Presidente da República. Ela disse que pretende conversar com o presidente Lula (PT) sobre o tema na próxima vez que o encontrar.

“Vou contar a ele quando o encontrar. Acho que o [primeira-dama] Janja já falou. E muitas mulheres também devem ter falado. Mas precisamos fazer uma mudança de comportamento e de postura”, afirmou. A afirmação foi feita durante um café da manhã com jornalistas.

No dia 17 de julho, por exemplo, Lula abordou o tema da violência doméstica, durante reunião com empresários, e disse: “Hoje recebi uma notícia triste. Tem uma pesquisa, Haddad, que mostra que depois de um jogo de futebol aumenta a violência contra a mulher .Inacreditável. Se o cara for do Corinthians, tudo bem, como eu. Mas não fico nervoso quando ele perde, sinto muito.

Em nota divulgada pelo Palácio do Planalto após o discurso, o governo afirmou que “em nenhum momento o presidente Lula endossou ou endossou” a violência contra a mulher.

Esta sexta-feira, Cida Gonçalves disse que já foi questionada sobre o tema. “As pessoas, e eu quero incluir todos e todos nós, quando um assunto incomoda muito, elas decidem fazer uma piada, porque acham que isso melhora as coisas, diminui o impacto da notícia que está sendo dada. nem do Presidente da República”, disse.

Segundo a chefe do departamento, prevenir a violência contra a mulher envolve essa discussão.

“Não se brinca com o que é a vida das pessoas. É um processo que teremos de reconstruir no país, com os nossos homens, com os nossos dirigentes. E eu, como Ministra da Mulher, também com o Presidente da República”, disse. afirmou. Ela também disse: “Se você não pode falar, não fale, mas não faça piadas”, disse ela.

Nesta sexta-feira, após a fala do ministro, Lula afirmou em evento no Ceará: “Uma mulher sem profissão vai ficar dependente de outras pessoas pelo resto da vida. Ela vai se casar e, se não tomar cuidado, o marido vai agredir ela e ela ficará com ele porque ela precisa alimentar seus filhos. Ninguém pode viver com alguém que é violento contra as mulheres.”

Políticas de prevenção

A reunião do ministro desta sexta faz parte das ações da Articulação Nacional pelo Feminicídio Zero e contou também com a presença da secretária-executiva do departamento, Maria Helena Guarezi. No total, 23 jornalistas participaram do evento.

Entre os temas abordados estava a apresentação da mobilização nacional coordenada pelo Ministério da Mulher para o combate à violência contra a mulher, especialmente os feminicídios. Outras políticas da secretaria, como a Casa da Mulher Brasileira, também foram tema do encontro.

Segundo ela, o combate ao feminicídio passa também pela mudança de comportamento e pela não aceitação de piadas que minimizem o assunto.

“Precisamos investir como governo. Sabemos da nossa responsabilidade e continuaremos fazendo isso, mesmo com o contingenciamento. Mas só o governo, as políticas públicas, hoje, não vão conseguir enfrentar a violência contra a mulher. criar uma nova cultura, outros espaços, outras formas de mobilização, ou não conseguiremos”, afirmou o ministro.



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