Na contramão das recentes votações no Congresso Nacional, que tentam coibir a influência do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no governo federal, o Executivo indicou a própria associação para integrar um grupo de entidades convocadas para elaborar o Plano Safra da Agricultura Familiar (Pronaf) 2024/2025, que deverá disponibilizar mais de 70 bilhões de reais aos pequenos agricultores.
A inclusão do MST na lista de promotores do Pronaf ocorre num momento em que os parlamentares tentam impor limites aos sem-terra. Na terça-feira, 28, durante a votação dos vetos presidenciais, o Congresso derrubou um veto do presidente Lula que atingiu duramente o movimento e retomou a proibição de a União realizar despesas que direta ou indiretamente promovam, incentivem ou financiem invasão ou ocupação de propriedade privada. propriedades rurais.
“Por mais que o MST cometa todo tipo de crimes e irregularidades, o PT jamais se afastará ou punirá o movimento”, criticou o deputado federal Luciano Zucco (PL-RS), que foi presidente da CPI do MST e hoje comanda o Frente Mista Invasão Parlamentar Zero.
Há duas semanas, em nova ofensiva, a Câmara dos Deputados aprovou projeto de lei que priva invasores da possibilidade de integrar programas assistenciais como o Minha Casa, Minha Vida. O assunto ainda será apreciado no Senado.
Asfixiado durante os quatro anos do governo Jair Bolsonaro, o MST estima que, por questões burocráticas e pela baixa capilaridade do Pronaf nas diferentes regiões do país, 70% dos militantes que compõem a base do movimento acabam sem acesso ao programa.
Com o terceiro mandato de Lula, no ano passado a principal política de fomento à agricultura familiar aumentou em 34% a oferta de crédito em relação ao Pronaf 2022-2023 e incluiu indígenas e quilombolas, além de assentados do programa nacional de reforma agrária. As críticas ao MST, porém, persistem.
Para justificar a inclusão dos sem-terra e das entidades a eles vinculadas no grupo que formatará as políticas de auxílio à agricultura familiar, o Ministério do Desenvolvimento Agrário apontou, de forma geral, “a relevância das organizações representativas” do setor e de uma política nacional de abastecimento que aborda a volatilidade dos preços e mitiga factores como a insegurança alimentar.
Além do MST, o grupo de entidades que discutirá o Pronaf incluirá organizações simpatizantes do movimento, como a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura Familiar do Brasil (Contaf) e os Pequenos Agricultores Movimento (MPA). Uma das poucas não alinhadas para participar das rodas de discussão do Pronaf 2024/2025 é a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB).
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