Mulheres parlamentares entregam Carta de Alagoas a presidentes dos parlamentos de países do G20 – Notícias

Mulheres parlamentares entregam Carta de Alagoas a presidentes dos parlamentos de países do G20 – Notícias


11/06/2024 – 17h15

Marina Ramos/Câmara dos Deputados

Arthur Lira recebe o documento da senadora Leila (C) e da deputada Benedita (D)

As coordenadoras das bancadas femininas da Câmara dos Deputados, deputada Benedita da Silva (PT-RJ), e do Senado Federal, senadora Leila Barros (PDT-DF), entregaram nesta quarta-feira (6) aos presidentes dos parlamentos de países do G20 a Carta de Alagoas, documento final do 1º Encontro de Mulheres Parlamentares do P20, realizado em julho deste ano em Maceió (AL).

Criado em 2010, o P20 é um espaço de cooperação internacional liderado pelos presidentes dos parlamentos dos países do G20, grupo que reúne as 19 maiores economias do mundo mais a União Europeia e a União Africana.

“Sabemos que a sociedade só pode ser verdadeiramente democrática e justa quando as mulheres estiverem igualmente representadas nas decisões que impactam suas vidas e suas comunidades”, argumentou a senadora Leila Barros.

Coordenadora Geral dos Direitos da Mulher na Câmara, deputada Benedita da Silva destacou que, sem representação, não há conquistas possíveis. Ela acrescentou que os problemas enfrentados pelas mulheres hoje devem ser abordados continuamente e com soluções globais.

“Muitos nos perguntam o porquê deste corte se somos iguais, e então eu pergunto: se assim fosse, não teríamos demorado 400 anos para sermos votados e termos assento no Parlamento; Se fôssemos iguais, teríamos igualdade nos espaços de poder e nas nossas vidas, haveria paridade salarial; Se fôssemos iguais, a violência seria tanta?” ele perguntou.

Benedita da Silva disse ainda que é preciso combater o racismo e comemorou a criação da bancada negra como forma de garantir maior representatividade de homens e mulheres negras no Parlamento brasileiro.

Carta de Alagoas
A Declaração Final da Carta de Alagoas reúne oito recomendações em três áreas prioritárias:

  • justiça climática e desenvolvimento sustentável para mulheres e raparigas;
  • ampliação da representatividade feminina nos espaços de decisão; e
  • combater as desigualdades de género e promover a autonomia económica das mulheres.

“Este documento é mais que uma carta de intenções, é um compromisso concreto que precisa ser amparado por ações legislativas, políticas públicas e, principalmente, pela cooperação internacional com as recomendações da Carta de Alagoas”, acrescentou a senadora Leila Barros.

Como presidente do G20 desde 2023, o Brasil propõe que o Fórum Parlamentar do G20 avalie a inclusão dessas recomendações nas futuras agendas do P20 a partir de 2025. Uma delas propõe que as sessões do P20 sejam precedidas, todos os anos, de um encontro de mulheres parlamentares.

Bruno Spada/Câmara dos Deputados

Tulia Ackson, presidente da União Interparlamentar

Representatividade
Presidente da União Interparlamentar (UIP), Tulia Ackson reforçou que a Carta de Alagoas representa a responsabilidade coletiva de transformar recomendações em coisas reais, que mudarão a vida das mulheres em todo o mundo.

“Hoje temos uma realidade muito complicada. A desigualdade de género é muito triste, especialmente nas decisões políticas. As mulheres representam apenas 27% dos parlamentares a nível mundial e apenas 23% delas são presidentes de parlamento”, observou o presidente da UIP, uma organização global que reúne parlamentos de todo o mundo para promover a paz, a democracia, a igualdade de género, os direitos humanos e sustentabilidade.

Ela também defendeu a busca pela participação igualitária entre homens e mulheres nos parlamentos. “Ainda estamos atrasados ​​em fazer com que as nossas leis e políticas incorporem as perspectivas das mulheres. Precisamos de garantir voz às mulheres e, acima de tudo, ultrapassar as barreiras que as impedem de participar na vida política, como a discriminação, o assédio e a violência de género, online e offline”, concluiu.

Mensalmente, a UIP publica um ranking com a participação das mulheres nos parlamentos. O Brasil ocupa atualmente a 135ª posição, com as mulheres ocupando 17,5% dos assentos na Câmara dos Deputados (90 deputadas) e 17,3% no Senado (14 senadoras).

A 2ª secretária da Câmara, deputada Maria do Rosário (PT-RS), disse que a participação feminina na política representa um compromisso de fazer tudo diferente do que tem sido feito até agora. Destacou a inclusão social e o combate à fome e à pobreza como uma responsabilidade comum dos parlamentos, impedindo qualquer tipo de retrocesso.

“A diplomacia deve ser exercida entre poderes e nas esferas globais, mas a diplomacia dentro dos parlamentos deve existir para atuar na dimensão normativa para promover avanços e travar quaisquer retrocessos quando falamos de direitos humanos, responsabilidades ambientais e democracia”, defendeu.

Troca de experiências
Em entrevista à TV Câmara, a deputada mexicana Julieta Villalpando Riquelme disse estar feliz em poder compartilhar com o Brasil as conquistas femininas alcançadas em seu país. “Temos um congresso com uma maioria de legisladoras e este ano elegemos Claudia Sheinbaum, a primeira mulher presidente do México”, disse ele. “Temos muito para compartilhar.”

Mário Agra/Câmara dos Deputados

Julieta Villalpando Riquelme, deputada mexicana

A vice-presidente do Parlamento Pan-Africano, Lúcia dos Passos, disse à TV Câmara que a entidade, que representa 54 países, está a discutir uma lei modelo para promover a igualdade de género no continente. “Temos uma vasta experiência na promoção da igualdade de género. Essa experiência será compartilhada com todos os presentes aqui”, afirmou.

A deputada Daiana Santos (PCdoB-RS), também em entrevista, comentou a busca das mulheres brasileiras por mais espaço na política. “Temos uma luta diária para mudar o cenário atual. É inaceitável que num país onde a maioria dos eleitores são mulheres, a maioria da população é negra, ainda não tenhamos representação política equivalente”, observou.

Agenda
A cerimônia de entrega da Carta de Alagoas foi realizada no Plenário da Câmara dos Deputados. O evento marcou a abertura do Fórum Parlamentar do G20, evento que antecede a 10ª Cúpula de Presidentes dos Parlamentos do G20, a P20, que começa nesta quinta-feira (7), às 10h30, no Congresso Nacional, e termina na sexta-feira. justo (8).

A Cúpula dos Líderes do G20 está marcada para os próximos dias 18 e 19, no Rio de Janeiro.

Esta tarde, as sessões de trabalho do Fórum Parlamentar do G20 centrar-se-ão na justiça climática e no desenvolvimento sustentável na perspectiva do género e da raça; representação feminina em cargos de poder; e combater as desigualdades raciais e de género, promovendo a autonomia económica das mulheres.

Reportagem – Murilo Souza e Luiz Gustavo Xavier
Montagem – Pierre Triboli



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