SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) exigiu nesta sexta-feira (20/12) a visita do presidente Lula (PT) aos assentamentos do movimento, reforçando críticas sobre a falta de avanços na reforma agrária e promessas de invasões em todo o país em 2025, mas evitou pedir a saída do ministro Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário).
Em seu relatório anual, membros da direção nacional do movimento, que tem trocado críticas com o governo Lula, afirmaram apoiar incondicionalmente o governo. Ao mesmo tempo, exigiram a entrega de novos assentamentos e mudanças na agenda política e de comunicação.
“Não tomem isso como uma crítica, mas não é razoável que em dois anos o presidente Lula não tenha feito nenhuma agenda num assentamento ou numa área de agricultura familiar”, disse João Paulo Rodrigues, líder do MST.
No início do mês, em protesto contra a política de reforma agrária do governo Lula, o movimento realizou invasões no Rio Grande do Sul e no Pará.
Esta semana, em entrevista ao Painel da Folha de S. Paulo, o principal dirigente nacional do MST, João Pedro Stedile disse que o movimento está cansado de promessas e chamou de “vergonhosa” a gestão da reforma agrária.
Nesta sexta-feira, Rodrigues afirmou que houve um convite formal para Lula e o ministro Paulo Teixeira visitarem um assentamento no próximo ano. A expectativa do movimento é que o encontro sirva para anunciar entregas de novos assentamentos até 2026.
Segundo a diretora Ceres Hadich, os números até o momento preocupam e é preciso que a atual gestão faça uma mudança nos próximos dois anos.
“Hoje não temos mais que a perspectiva de assentar entre 9 e 10 mil famílias no final deste ano e início do ano que vem. Na verdade, desde o ano passado, nenhuma família foi para a terra, como diz o presidente Lula”, disse. afirmou.
Apesar da cobrança, ao serem questionados pela Folha sobre a relação com o ministro Paulo Teixeira e se o movimento defende sua substituição, os dirigentes disseram que a decisão cabe a Lula e reforçaram a exigência de reassentamento.
“A reforma ministerial cabe ao presidente Lula fazer, mas nós como movimento social expressamos nossa opinião unificada e fizemos as críticas necessárias em relação não só ao Ministério do Desenvolvimento Agrário, mas ao governo como um todo”, disse Hadich.
“Se não há comprometimento, uma concepção, uma solidez, uma unidade de atuação em relação à reforma agrária, não faz sentido ter um ministério, um ministro, ou qualquer outra pessoa cuidando desse aspecto. “, concluiu.
Para 2025 estão previstas mobilizações de mulheres a partir de 8 de março e invasões em abril para assentamento de 60 mil famílias. “Não aceitaremos nada menos que isso no próximo ano”, disse Rodrigues.
Desde o início do governo Lula, o MST demonstrou insatisfação com a rapidez dos processos de reforma agrária, exigindo mais assentamentos e condições para as famílias acampadas. O movimento diz que não há avanços no assunto há mais de dez anos.
Pitaco nas relações internacionais
Dirigentes do MST também exigiram que o governo mudasse sua posição em relação às eleições na Venezuela, reconhecendo a vitória do ditador Nicolás Maduro. Rodrigues disse que Lula errou ao não defender a entrada do país no Brics.
“A Venezuela é uma democracia. A Venezuela tem que ser respeitada e achamos que o presidente Lula está errado ao não ajudar a incorporar a Venezuela aos BRICS. Respeitamos a posição soberana do presidente Lula, bem como respeitamos a posição soberana da Venezuela. Queremos que o presidente reconheça a posição soberana de Maduro. vitória”, disse Rodrigues.
O líder do movimento também criticou a assinatura do acordo entre o Mercosul e a União Europeia, que segundo o movimento deverá trazer prejuízos significativos aos pequenos agricultores do país.
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“É um acordo que não tem perspectiva de melhorar a vida dos pequenos agricultores, pelo contrário. Correremos o risco de ter no mercado dos produtos da agricultura familiar a concorrência de uma economia muito mais poderosa que a nossa, que é a europeia um”, afirmou Rodrigues.
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