Morre Elizabeth Leitão, uma das fundadoras do Bolsa Escola em BH

Morre Elizabeth Leitão, uma das fundadoras do Bolsa Escola em BH



Entre os trabalhos realizados por Elizabeth Leitão está o combate à prostituição infantil, inclusive dos indígenas. Os povos originários despertaram na educadora uma verdadeira paixão, que viajou pela Região Amazônica realizando pesquisas e ações sociais. Ela deixou um filho e dois netos.

Elizabeth Leitão era a irmã mais velha da jornalista Míriam Leitão, que a homenageou com uma declaração. Leia o texto completo abaixo.

O amor como centro da vida

Beth, ainda criança, disse que queria trabalhar com indígenas. Ela seria uma missionária. Posteriormente, ela entendeu que isso seria impor-lhes uma visão de mundo, quando o que a encantava era a cultura deles. Ela abandonou a ideia. Fez outras escolhas, que sempre envolveram estar com uma pessoa vulnerável, exposta a riscos e privações. Um dia, ela voltou primeiro ao seu sonho. Seus últimos anos de vida foram dedicados aos povos indígenas. Integrou um grupo de estudiosos da UnB e se dedicou à causa que sempre esteve em seu coração. Seu último trabalho foi para o Observatório dos Povos Indígenas e Suas Infâncias, sobre a situação das etnias em Minas Gerais.

O câncer a atingiu anos atrás e ela derrotou todos os diagnósticos fatais, ampliando seu tempo para a alegria de viver. Quando os médicos disseram que não havia mais tratamento, fizemos uma consulta virtual com os hematologistas do Einstein. Eles confirmaram o diagnóstico. Não havia mais nada a fazer. Beth não chorou nem lamentou seu destino. Para espanto de quem a ouviu, ela disse:

—Mas quero viver mais um pouco, tenho que terminar um projeto sobre os povos indígenas.

Beth é a mais velha dos doze filhos de um pastor presbiteriano, Uriel, e de uma professora pública, Mariana, nascida em Caratinga, Minas Gerais. Eu sou o sexto dessa dúzia. Uma casa barulhenta, feliz, com muito trabalho e onde exerceu uma liderança suave e meiga, que nunca se impôs. Ela acolheu cada tristeza ou dúvida dos irmãos mais novos e nos ensinou a viver. Sem proibições, sem críticas, ela desempenhou perfeitamente o papel de primeira irmã. Cresci sabendo que o norte era ela.

Aos 15 anos, recitava poesia como ninguém na cidade. Seu Navio Negreiro tinha tamanho poder de interpretação que o público era jogado no meio do mar, voava com o albatroz e via as cenas. O público ficou comovido e indignado. “Tem um povo que empresta a bandeira”. Nestes tempos finais de sucessivas internações, ele sempre teve ao seu lado livros sobre indígenas e negros. Seu coração permaneceu onde sempre esteve. A quem a história do Brasil feriu.

Leitora voraz desde criança, Beth foi minha primeira e melhor orientadora de leitura. Com a ajuda dela viajei pelos clássicos. Foi Beth quem colocou os livros de treinamento em minhas mãos. Fizemos muitas viagens literárias juntos. Um deles, inesquecível, foi o Grande Sertão Veredas. Outra, sempre presente, através da poesia de Carlos Drummond de Andrade.

Formou-se em Letras e Psicologia e foi professora da UFMG. Mas foi como formuladora e executora de políticas públicas de proteção aos vulneráveis ​​que ela se realizou mais intensamente. Ela foi uma das responsáveis ​​pela implantação do Bolsa Escola em Belo Horizonte, na gestão do prefeito Célio de Castro, quando se iniciavam as políticas de transferência de renda. Atuou em diversos governos, nos níveis municipal, estadual e federal, implementando políticas de proteção a crianças de zero a seis anos, para proteção contra a exploração sexual infantil. A ideia do Disque 100 foi dela. Ajudou na instalação de Centros de Referência de Assistência Social, trabalhou em abrigos para população em situação de rua e na defesa dos Direitos Humanos. Beth era uma pessoa que mergulhava em uma causa. Ela se mobilizou como se dela dependesse o resgate de cada pessoa.

Um dia, um rapaz tentou roubá-la em um cruzamento de Belo Horizonte. Ela o empurrou gentil e firmemente.

— Ah não, você não pode me roubar, porque estou trabalhando muito para você.

Ele viveu seus 79 anos lindamente. Teve causas e grandes amores: o filho Frederico, a nora Marina, as netas Mel e Lulli. Ela era muito amada por nós, seus irmãos, sobrinhos, cunhados, amigos e fiéis da igreja luterana onde viveu sua fé cristã.

Quando a violência da ditadura me atingiu na minha juventude, Beth estava ao meu lado como uma pedra. No dia do meu julgamento no Tribunal Militar, foi a ela que entreguei o meu bem mais precioso:

—Minha irmã, se eu não voltar, crie meu filho.

Numa altura em que tantos não regressaram, tive a sorte de regressar. Mas ela se tornou a segunda mãe do meu Vladimir e do meu Matheus.

É difícil explicar a extensão da nossa dor, a dos seus familiares e amigos, mas a serenidade com que enfrentou o seu longo sofrimento e a morte foi uma lição de vida. Não houve velório. Beth doou seus órgãos. O corpo que ela doou para a pesquisa e o progresso da ciência.



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