Moraes mantém prisões, mas se declara impedido em caso de ameaça à família

Moraes mantém prisões, mas se declara impedido em caso de ameaça à família



O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu manter a prisão preventiva dos dois suspeitos de ameaçar e perseguir familiares. No entanto, ele se declarou incapaz de permanecer no caso. A decisão foi publicada neste sábado (1/6).

Raul Fonseca de Oliveira e Oliveirino de Oliveira Júnior foram presos pela Polícia Federal (PF), nesta sexta-feira (31/5), por suposto envolvimento nas ameaças. As prisões foram solicitadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR).

“Os fatos narrados pela Procuradoria-Geral da República são graves e, diante da prova de materialidade e fortes indícios de autoria, apontam para a intenção consciente e voluntária dos agentes de restringir o livre exercício da função jurisdicional, notadamente no que diz respeito às investigações decorrentes de os atos praticados em 08/01/23”, escreveu o ministro em sua decisão.

“Evidencia-se, portanto, a presença dos requisitos necessários e suficientes para a manutenção de ambas as prisões preventivas, apontando, portanto, para a essencial compatibilidade entre a Justiça Penal e o direito à liberdade, contexto que deve ser considerado inclusive para que se possa salvaguardar a instrução criminal adequada”, acrescentou Moraes.

O ministro também determinou que a Polícia Federal apresente, no prazo de 15 dias, relatórios referentes aos aparelhos apreendidos durante a operação de busca e apreensão realizada nesta sexta-feira. Além disso, ordenou a imediata extração de cópias e redistribuição dos autos para a investigação dos crimes.

Investigação

Segundo a Polícia Federal, os dois homens presos nesta sexta tentavam impedir o trabalho do magistrado, relator do inquérito que investiga os atos golpistas de 8 de janeiro em Brasília. As prisões ocorreram em São Paulo e no Rio de Janeiro.

Um dos suspeitos é o 2º Sargento da Marinha Raul Fonseca de Oliveira, de 43 anos. Ele foi preso em casa, na região da Ilha do Governador, no Rio de Janeiro. O outro detido é seu irmão, o eletricista Oliveirino de Oliveira Júnior, 47, que foi abordado por equipes policiais na Vila Clementino, em São Paulo.

A PF identificou indícios de que os detentos acompanhavam a rotina dos familiares de Moraes. Eles foram detidos preventivamente, pois as autoridades identificaram que sua liberdade poderia colocar em risco a segurança das vítimas.

As investigações indicam que os dois ficaram irritados com as decisões de Moraes, especialmente aquelas que determinaram as prisões dos envolvidos nos ataques golpistas às sedes dos Três Poderes.

As ameaças contra familiares de Moraes ocorreram por e-mail. Nas mensagens eletrônicas, os acusados ​​teriam enviado informações detalhadas sobre a rotina dos familiares dos ministros. A Polícia Federal foi acionada, assim como o Supremo Tribunal Federal, para investigar a situação.

“Perigo concreto”

A PGR destacou que “o conteúdo das mensagens, com referências ao ‘comunismo’ e ao ‘antipatriotismo’ mostra claramente a intenção de, através de graves ameaças aos familiares do Ministro Alexandre de Moraes, restringir o livre exercício da função judicial por o magistrado do Tribunal de Justiça Federal”.

“A gravidade das ameaças veiculadas, o seu caráter violento e os indícios de que há monitoramento da rotina das vítimas também evidenciam o perigo concreto de que a continuidade da liberdade dos investigados coloque em risco a garantia da ordem pública. , , proporcional, dado o risco concreto à integridade física e emocional das vítimas”, enfatizou o PGR, Paulo Gonet, no pedido enviado ao Tribunal.

A PF também investiga se outras pessoas estariam envolvidas em alguma tentativa de ataque ao juiz ou sua família.

Moraes tem segurança reforçada desde 2022, quando virou alvo de ameaças na internet. Ele é o responsável pela investigação que apura ameaças contra o Tribunal, seus ministros e também a existência de uma milícia digital criada para atacar o Estado de Direito e as instituições democráticas.

Alvo preferencial dos extremistas bolsonaristas, Moraes também sofreu hostilidades no exterior, em viagens a Roma e Nova York, onde participou de eventos jurídicos.



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