Ministros do STF batem boca sobre o assunto errado

Ministros do STF batem boca sobre o assunto errado



Os ministros do STF voltaram a discutir. Por causa de uma lei que é típica do Brasil.

A lei diz que é crime vender drogas, mas não é crime comprá-las (desde que seja para uso). Já seria uma lei maluca se fosse só isso, mas o que é pior: ela não diz como a Justiça deve distinguir uma coisa de outra.

Pior ainda, determina que o juiz decida com base em critérios como condições sociais do traficante, local da apreensão, etc. Funciona assim: brancos e ricos vão para casa; negro e pobre vai para a cadeia. Em outras palavras, a lei não é a mesma para todos.

O STF discute se deve criar algum critério objetivo que permita a aplicação da lei —o lado bom quer criá-la, o lado mau quer deixar como está, Toffoli não quer nem uma coisa nem outra. O debate é necessário porque o Congresso ficou em silêncio ao criar a lei sobre drogas, e cabe ao Congresso voltar ao assunto para decidir o que fazer. Há muito em que pensar durante este debate.

Na década de 1920, o moralismo (evangélico) americano conseguiu proibir a venda e o consumo de álcool. Ninguém parou de beber. Mas floresceu a partir de um gigantesco mercado ilegal de bebidas alcoólicas – com a Máfia para administrá-lo. Não aprendemos com isso.

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Na década de 1940, o moralismo (católico) brasileiro conseguiu proibir os jogos de azar. Ninguém parou de jogar. Mas o jogo do bicho, antes visto como pitoresco e inócuo, profissionalizou-se, cresceu em tamanho, passou a cometer todos os tipos de crimes e tornou-se a única atividade criminosa verdadeiramente organizada no Brasil (tem se desorganizado ultimamente). Não aprendemos com isso.

A partir da década de 1970, o moralismo americano iniciou uma guerra mundial contra as drogas, e o moralismo brasileiro embarcou nela com entusiasmo. Ninguém parou de usar drogas. O que aconteceu foi a profissionalização de uma atividade antes fraca e a criação de gangues muito poderosas, como os cartéis de Medellín, Cali, Juarez e muitos outros.

No Brasil, resultou no PCC, Comando Vermelho, Terceiro Comando, etc., que se diversificaram e se envolveram em outras atividades criminosas, como roubo de cargas. Não aprendemos com isso.

O fracasso da política antidrogas e a omissão do Poder Público na segurança levaram à organização espontânea dos cidadãos para o combate ao crime. O moralismo brasileiro fez vista grossa à “polícia mineira” e permitiu que ela se transformasse em milícias, modalidade criminosa ainda mais nociva à sociedade (e muito mais bem articulada) do que o tráfico de drogas. Não aprendemos com isso.

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Hoje, a relação entre animais, tráfico e milícias é complexa e simbiótica, com interesses por vezes conflitantes, mas cada vez mais alinhados. É um problema monstruoso.

O Congresso precisa voltar ao assunto – mas fazer muito mais do que distinguir uso e tráfico. Precisamos parar de ver as drogas como um assunto de polícia e vê-las como um problema de saúde pública, que é o que são.

Mas no Congresso a iniciativa moralista que existe é endurecer a lei, e mandar todos, usuários e traficantes, para a vara dura. Enquanto isso, o moralismo aplaude os governadores que enviam a sua polícia para as favelas para realizar operações que matam criminosos, policiais e pessoas inocentes, incluindo crianças.

Nunca aprendemos nada, nunca.

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(Por Ricardo Rangel em 21/06/2024)



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