11/12/2024 – 18h05
Bruno Spada/Câmara dos Deputados
Comissão Externa sobre Acidente com Avião Voepass
Em audiência pública nesta terça-feira (11) na comissão externa da Câmara dos Deputados que acompanha as investigações do acidente com o avião Voepass, a procuradora do Trabalho Luana Lima Duarte Vieira Leal afirmou que a empresa tem um “robusto histórico” de desrespeito trabalhista direitos.
O avião Voepass caiu no dia 9 de agosto em Vinhedo (SP) com 62 pessoas, 58 passageiros e quatro tripulantes. Não houve sobreviventes.
Segundo o procurador, consulta ao Ministério do Trabalho em Ribeirão Preto (SP), onde fica a sede da companhia aérea, constatou que há dez anos foi solicitada a suspensão dos voos por atrasos salariais.
Na altura, o Ministério Público do Trabalho (MPT) considerou que a questão “colocava os trabalhadores numa condição de grande insegurança e incerteza”.
“A empresa, em sua história em Ribeirão Preto, assinou termos de ajustamento de conduta comprometendo-se a abster-se de realizar jornada extraordinária de trabalho, entre outras obrigações, que podem prevenir questões relacionadas ao cansaço”, informou o procurador.
Vinicius Loures/Câmara dos Deputados
Luana Lima disse que a posição do MPT é verificar até que ponto a jornada de trabalho e o cansaço contribuíram para o acidente
Segundo ela, o MPT avaliará o caso de forma sistêmica, buscando causas indiretas que possam ter contribuído para o acidente, como possível esgotamento da tripulação. “Temos posição institucional para verificar até que ponto as questões relacionadas com o horário de trabalho e o cansaço podem ter contribuído para este acidente”, afirmou.
Questionado pelo coordenador da comissão, deputado Bruno Ganem (Pode-SP), sobre possíveis horas extras no dia do acidente, o procurador do MPT disse que a tripulação cumpria turno de cinco horas, segundo o Voepass.
“A informação que temos sobre o dia do acidente é que não houve hora extra, mas precisamos analisar as informações que serão apresentadas pela empresa”, informou. Ela destacou que foi criado um grupo especial para investigar o histórico da Voepass em relação às demandas trabalhistas.
Respostas Lacônicas
A subprocuradora-geral da República Maria Emília Moraes de Araújo informou que o Ministério Público recebeu na última quinta-feira (7) “respostas lacônicas” da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) sobre o acidente ocorrido em 9 de agosto.
Segundo ela, o documento não detalha as medidas tomadas pelo órgão após a queda do avião. Diante dessa resposta, Araújo disse que o Ministério Público de Brasília, sede da Anac, abrirá processo para saber em que condições ocorreu a fiscalização do Voepass.
Reportagem – Emanuelle Brasil
Edição – Georgia Moraes
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