O evento organizado pelo governo caiu muito mal dentro do quartel. Lula para marcar dois anos desde 8 de janeiro de 2023, quando uma multidão de vândalos invadiu e vandalizou a sede do Palácio do Planaltode Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF).
Nesta quarta-feira, 8, haverá cerimônia no Planalto para relembrar o episódio. O itinerário da cerimónia prevê a inauguração da pintura As Mulatasde Di Cavalcanti, e a entrega de obras de arte restauradas após os atentados.
Em seguida, o presidente Lula e os demais participantes devem se reunir no Salão Nobre do Planalto e descer a rampa, encontrando apoiadores do PT e de movimentos de esquerda para um abraço simbólico na Praça dos Três Poderes.
Devem participar representantes do Legislativo e do Judiciário, mas os principais caciques, como os presidentes da Câmara, Artur Lira (PP-AL), do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e os demais líderes do Congresso não confirmaram presença ou não comparecerão. Há o temor de que o ato deixe de ser um evento institucional e passe a ser um plataforma para o governo.
Os comandantes do Exércitodo Marinha e de Aeronáutica foram convidados e confirmaram presença. Eles ainda não sabem se terão que seguir o roteiro completo previsto no cerimonial, mas calcularam os efeitos da participação e o risco de insultos de aliados do governo e manifestantes na Praça dos Três Poderes. O maior medo é que sejam assediados durante o evento.
A cerimônia ocorre em meio a inquéritos que investigam uma tentativa de golpe de Estado no país após a derrota de JairBolsonaromovimento que contou com a participação de militares da ativa e da reserva, e a ligação entre a trama golpista e os atentados de 8 de janeiro.
Dentro das Forças, há uma reclamação generalizada sobre a demora na conclusão das investigações, o que deixa todos os militares sob constante suspeita. Além disso, há desconforto em tornar o dia 8 de janeiro um evento recorrente no calendário político. Segundo um importante general, a melhor solução para marcar a data seria o STF “pegar quem errou e jogar sobre eles o peso da lei”, e não realizar cerimônias ao lado dos movimentos sociais, o que poderia servir para alimentar ataques em uniformes.
A avaliação é que o acontecimento poderia provocar um novo rompimento na relação entre o governo e as Forças Armadas – que, apesar de nunca ter sido a melhor, vinha dando sinais de aproximação. Como militares de alta patente, como o general e ex-ministro de Bolsonaro Valter Braga Netto, estão presos, a atual liderança militar tenta se separar dessa ala e defender a punição de todos os envolvidos na trama golpista. Portanto, quaisquer restrições neste momento são vistas internamente como desnecessárias.
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