Mercosul: Lula manda indireta a governo Milei e comemora eleição na França

Mercosul: Lula manda indireta a governo Milei e comemora eleição na França



Um dos destaques da cúpula do Mercosul em Assunção, no Paraguai, as divergências entre as agendas do Brasil e da Argentina voltaram a ficar evidentes nos discursos do presidente Lula (PT) nesta segunda-feira (7/8).

Tal como expresso pela Chanceler argentina Diana Mondino, que chefia a delegação do seu país na ausência do Presidente Javier Milei, esta reunião não conseguiu até agora chegar a uma resolução final de consenso. “Um elefante na sala”, ela descreveu. O debate acalorado era esperado.

Em seu discurso, Lula disse que “apagar a palavra gênero dos documentos só aumenta a violência que mulheres e meninas vivenciam todos os dias”. É uma mensagem aos pares argentinos, que sob a diplomacia de Javier Milei, ausente nesta cúpula, têm procurado apagar menções à paridade entre homens e mulheres nas resoluções dos fóruns internacionais”.

Lula também pediu a seus pares que não prejudiquem o Mercosul. Justamente no momento em que a presidência rotativa do bloco sul-americano, o Paraguai, afirma que organismos como este vivem um momento de cansaço, nas palavras do presidente Santiago Peña.

“Não cabe a nós diminuir o Mercosul com propostas simplistas que o enfraquecem institucionalmente”, frisou Lula. Mesmo assim, o petista fez um aceno às diferenças. “Pensar da mesma forma nunca foi um critério para as tarefas do bloco. A diversidade de opiniões é bem-vinda”.

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Nos seus gestos externos, celebrou as vitórias da esquerda no Reino Unido e em França e voltou a falar da guerra em Gaza, que descreveu como uma “matança indiscriminada de mulheres e crianças”.

Ele também expressou mais uma vez solidariedade a Luis Arce, presidente da Bolívia, após a fracassada tentativa de golpe no país.

“Os falsos democratas tentam minar as instituições e colocá-las ao serviço de interesses reaccionários. Enquanto a nossa região permanecer entre as mais desiguais do mundo, a instabilidade política continuará a ser ameaçada. A democracia e o desenvolvimento andam de mãos dadas.”

O brasileiro também pediu o fortalecimento dos braços sociais do Mercosul e do Parlasul, o Parlamento do Mercosul. Estas duas áreas são o foco da Casa Rosada, que diz abertamente querer reduzir a sua estrutura e orçamento.

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Lula também levantou a bandeira do Focem, o Fundo de Convergência Estrutural do Mercosul, braço do bloco que ajuda países menos desenvolvidos (Uruguai e Paraguai) em obras de infraestrutura. Os argentinos afirmam estar realizando uma “profunda revisão interna” do tema, o que preocupa seus pares.

“O Focem continua sendo um instrumento fundamental para reduzir nossas disparidades e assimetrias”, afirmou Lula. “Cabe a nós aproveitar todo o seu potencial. O Brasil acabou com sua dívida com o fundo e agora selecionamos oito iniciativas no valor de US$ 70 milhões, como mobilidade urbana e apoio a aldeias indígenas, para apoiar.”

Buenos Aires tem pedido o racionamento do orçamento do Mercosul. Mondino reforçou o pedido. Pediu agilidade nas decisões do país e um “uso prudente” do dinheiro, “uma reforma abrangente da estrutura institucional do Mercosul”.

“Vamos deixar de ser um Mercosul minúsculo e egocêntrico.”

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A afeição da Argentina pelos uruguaios, ao expressar nesta cimeira que está aberta a acordos bilaterais de livre comércio fora do bloco, não foi suficiente, mostrou a cimeira. O presidente Luis Lacalle Pou mostrou-se insatisfeito com a ausência de Milei, que, em conflito com Lula e com o boliviano Luis “Lucho” Arce, novo integrante do bloco, decidiu não comparecer ao Paraguai e ir a um evento conservador no Brasil, em um evento agenda não oficial.

“Vemos uma mudança de visão na Argentina, o que é muito importante; vejo também que o Brasil expressa a possibilidade de abertura”, começou.

E continuou: “Mas não é só a mensagem que importa. O mensageiro é muito importante. Se o Mercosul é tão importante assim, todos os presidentes deveriam estar aqui. Dou importância ao Mercosul”.

Lacalle Pou, que deixará em breve a Presidência do Uruguai – o país tem eleições no segundo semestre –, defende um acordo de livre comércio com a China. Para Brasília, isso enfraqueceria o Mercosul.



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