Lula: ‘Única explicação para a fome é a irresponsabilidade de quem governa’

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou, nesta quarta-feira (16/10), no Dia Mundial da Alimentação, programas em prol de uma alimentação saudável e acessível a todos os brasileiros. Os projetos buscam retirar o Brasil do Mapa da Fome e fortalecer a soberania brasileira no assunto, já que o país propôs a criação da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza no G20.

Lula iniciou seu discurso lembrando o compromisso internacional assumido e dizendo que a fome é “um desafio para o mundo”. “Não tem explicação (para a fome), com o avanço tecnológico, a genética… Somos capazes de produzir muito mais alimentos do que consumimos, sabemos quantos alimentos se perdem entre a produção e o consumo, nas empresas, nos restaurantes, e ainda assim, estamos consternados com o número de 733 milhões de seres humanos que vão dormir, todas as noites, sem ter o que comer. É inexplicável”, começou o presidente.

“Podemos dizer que há seca, chuva excessiva, mas a verdade é que a única explicação para a existência da fome é a irresponsabilidade de quem governa. num país do tamanho do Brasil, se não, tenha preferência na hora de usar o dinheiro”, destacou o presidente.

Lula também criticou os diferentes usos dos termos “gasto” e “investimento”. Para ele, toda política social acaba sendo tratada como “gasto”, mas não deveria ser. A título de exemplo, o petista lembrou o Pé-de-Meia, conhecido como “Poupança Escolar”, que foi criado para incentivar os jovens a deixarem de abandonar a escola para ajudar no orçamento familiar.

“Estamos fazendo um gesto nobre, acabar com a fome no Brasil e no mundo não deve ser motivo de orgulho. É uma obrigação moral, ética, política e até humanística”, defendeu o presidente. Lula lembrou ainda que a intenção de salvar as pessoas da fome é fruto de sua experiência pessoal e tem sido o foco de seus governos desde 2003.

O ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, lembrou que, quando tomaram posse, em 2023, o país tinha 33,1 milhões de pessoas em insegurança alimentar. No ano passado, 24,4 milhões saíram desta situação. Dessa forma, o país tinha 2,8% da população em situação de fome no ano passado e, este ano, precisa chegar abaixo de 2,2% para atingir as metas estabelecidas pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO, em English), responsável pelo Mapa da Fome.

O país ficou de fora da medição internacional entre 2014 e 2018, mas voltou em 2019, com aumento percentual. Para sair do Mapa da Fome, a FAO considera uma constante de três anos do número médio de pessoas em situação de fome abaixo de 2,5%.

Lançamentos

Por meio dos ministérios do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) e do Desenvolvimento Agrário e da Agricultura Familiar (MDA), o governo lança o Plano Nacional de Abastecimento “Comida no Prato” (Planaab) e o Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (Planapo) .

O primeiro programa tem seis linhas de ação e 92 ações estratégicas, que incluem a distribuição e comercialização de alimentos, a promoção de preços justos, o abastecimento, a tecnologia e o acesso aos alimentos. Entre as ações está a criação do Programa Arroz da Gente, que busca aumentar em até 500 mil toneladas a produção de arroz, com foco na agricultura familiar. Também será disponibilizado crédito do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) aos agricultores que queiram cultivar alimentos da cesta básica e destinação de R$ 55 milhões para reforma e modernização dos armazéns da Companhia Nacional de Abastecimento ( Conab).

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No segundo plano, serão destinados R$ 9 bilhões para 197 iniciativas de agroecologia. Entre eles está o “EcoForte”, que destinará R$ 100 milhões para fortalecer redes de agroecologia e produção orgânica. Além disso, serão também atribuídos fundos para apoiar cozinhas solidárias e bancos alimentares.