O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou nesta segunda-feira (22/7) a menção que o ditador venezuelano Nicolás Maduro fez a um “banho de sangue” caso a oposição vença as eleições do próximo domingo (28/7).
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“Fiquei assustado com as declarações de Maduro de que se perder as eleições haverá um banho de sangue. Quem perde as eleições se banha em votos, não em sangue”, disse ele. “Maduro tem que aprender: quando você ganha, você fica. Quando você perde, você sai. E se preparar para disputar outra eleição.”
“Espero que seja isso que aconteça, para o bem da Venezuela e para o bem da América do Sul”, acrescentou o petista em conferência de imprensa com as agências internacionais Bloomberg, Reuters, AFP, EFE, AP e Xinhua. A entrevista completa, realizada em Brasília, será divulgada ao final do dia.
A eleição representa o maior desafio ao chavismo nos 25 anos em que está no poder a corrente inaugurada pelo ex-líder Hugo Chávez (1954-2013). Maduro, que busca um terceiro mandato de seis anos, aparece em desvantagem nas pesquisas de opinião, o que o levou a aumentar o tom de seus discursos nos últimos dias.
“O destino da Venezuela no século XXI depende da nossa vitória no dia 28 de julho. Se não quisermos que a Venezuela caia num banho de sangue, numa guerra civil fratricida, produto dos fascistas, garantiremos o maior sucesso, o maior vitória da história eleitoral do nosso povo”, disse o ditador em comício em Caracas, na última quarta-feira (17).
Na semana anterior, ele já havia feito referência a uma guerra. “No dia 28 de julho decide-se entre guerra ou paz, guarimba [tipo de protesto com barricadas usado pela oposição] ou tranquilidade, projecto de pátria ou colónia, democracia ou fascismo”, disse num comício no norte do país.
“Já falei duas vezes com Maduro (…), ele sabe que a única forma da Venezuela voltar à normalidade é haver um processo eleitoral respeitado por todos”, disse Lula esta segunda-feira. Para que os migrantes regressem à Venezuela e para que o crescimento económico se estabeleça no país, continuou o petista, Maduro “tem que respeitar o processo democrático”.
Venezuela
Segundo o ACNUR, a agência da ONU para os refugiados, quase 8 milhões de pessoas – cerca de 20% da população – deixaram a Venezuela desde o início da crise económica e humanitária que começou depois de Maduro chegar ao poder em 2013, até setembro do ano passado.
Lula defendeu o regime durante anos, mas recentemente o seu governo elevou o tom contra Maduro, criticando os obstáculos impostos à oposição venezuelana e pedindo mais observação internacional depois de a ditadura ter retirado o convite à União Europeia para observar as eleições.
Também nesta segunda-feira, o presidente confirmou que o governo enviará dois representantes do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), além do ex-chanceler Celso Amorim, seu principal assessor para assuntos internacionais, para observar as eleições no país vizinho.
“Vou ver se a Câmara dos Deputados e o Senado também podem enviar gente para acompanhar a eleição”, acrescentou. O petista também pediu a suspensão das sanções internacionais impostas à Venezuela.
O principal adversário de Maduro é o diplomata Edmundo González. A candidata, que lidera as sondagens, entrou na corrida depois de María Corina Machado, a crítica mais veemente do regime, ter vencido as primárias da oposição em Outubro, mas ter sido impedida por um tribunal de concorrer à presidência. A primeira alternativa para substituí-la, Corina Yoris, relata que também foi impedida de se inscrever no sistema eleitoral.
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