Lula ganha ponto no mercado, mas não avança no ele…

Na última terça-feira, 1º, uma das principais agências de classificação de risco do mundo, a Moody’s, elevou a classificação de crédito do Brasil, deixando-o a apenas um passo do chamado “grau de investimento”, selo que o país ostentava entre 2008 e 2015 e que, na prática, permite que governo e empresas paguem menos juros na captação de recursos.

Apesar de reforçar a preocupação com a situação fiscal do país, especialmente com o aumento das despesas obrigatórias, que não é abordada pela gestão LulaA Moody’s destacou que a inflação sob controlo e o crescimento económico, impulsionado por um mercado de trabalho dinâmico, justificam a sua decisão.

De forma simplificada, significa que a expansão do PIB neste ano, acima do esperado inicialmente, e a queda da taxa de desemprego, que atingiu 6,6% no trimestre encerrado em agosto, ajudaram Lula e o ministro da Fazenda, Fernando Haddadmarcar um ponto importante com o chamado “mercado”, tão demonizado pelo Presidente da República e pelo PT.

O outro lado da moeda

Desde o seu primeiro mandato como presidente, Lula investiu na economia para ganhar popularidade e vitórias eleitorais. Em seu terceiro mandato, alguns bons indicadores da área não renderam os dividendos que ele esperava. A pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quarta-feira, 2, revelou que a aprovação do trabalho do petista caiu de 54% para 51% entre julho e setembro. A avaliação positiva do governo também caiu de 36% para 32%, um ponto acima da desaprovação.

Parte do resultado pode ser explicado justamente pela economia, que, apesar de alguns dados comemorados pelo Planalto, é motivo de pessimismo do eleitorado. Para 41% dos entrevistados, a economia piorou nos últimos doze meses, cinco pontos percentuais a mais do que o registado em julho. A percentagem dos que acham que melhoraram também aumentou, mas já está nos 33%.

Genial/Quaest também questionou sobre o poder de compra, que impacta diretamente no ânimo do eleitorado. Para 61%, o poder de compra é inferior ao de há um ano, enquanto apenas 18% consideram que é superior. Desde o ano passado, o governo reclama que a população não lhe dá o devido crédito pelo crescimento da economia, da renda e do emprego. Entre os petistas há até quem reclame da “dissonância cognitiva” entre o eleitorado. Lula e Haddad acham que a culpa é da comunicação oficial.