O presidente Lula teve acesso à história e ao currículo da em geral Guido Amin Naves antes de nomeá-lo para o cargo de ministro da Superior Tribunal Militar (STM). No último governo, Naves chefiou o Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército, órgão responsável por reportagens que questionavam a segurança do urnas eletrônicas. O policial também esteve no epicentro dos acontecimentos que, segundo a Polícia Federal, culminaram na invasão e vandalismo das sedes do Palácio do Planalto, do Congresso e do Supremo Tribunal Federal no dia 8 de janeiro de 2022.
As informações que chegaram à mesa do petista também foram apuradas por outras instâncias da Esplanada. Passaram pelas mãos do comando do Exército e do Ministro da Justiça. Na última terça-feira, o ministro da Defesa, José Múcio, levou Naves ao Palácio do Planalto para apresentar pessoalmente o general ao presidente.
Discrição e “ficha limpa”
Naves foi indicado para a vaga do STM que surgirá em dezembro com a aposentadoria do ministro Lúcio Mário de Barros Góes. Aos 62 anos, o general ocupava o cargo de comandante militar do Sudeste. Dono de perfil discreto, é visto pelos colegas de farda como alguém que não se identifica com as causas bolsonaristas, apesar do cargo que ocupou na gestão anterior. “Ele é um profissional correto e tem uma ficha muito limpa”, disse um oficial graduado do Exército.
Em novembro de 2022, logo após o segundo turno eleitoral, técnicos do Exército que avaliaram a segurança do sistema de votação eletrônica durante as eleições afirmaram não ter encontrado indícios de fraude. Contudo, também não descartaram a possibilidade de ter ocorrido algum tipo de irregularidade durante o processo eleitoral. O relatório foi assinado por militares do Comando de Defesa Cibernética, setor subordinado ao departamento chefiado por Naves.
Bolsonaro usou essas suspeitas levantadas por subordinados de Naves para apoiar os discursos que fez contra as urnas eletrônicas. A pessoas próximas, o general disse que, enquanto chefe do DCT, informou o Presidente da República e o Alto Comando das Forças apenas sobre os progressos alcançados pela sua equipa em relação às melhorias que poderiam ser implementadas para melhorar o processo eleitoral. Garantem que tudo foi feito de forma técnica, sem qualquer conotação política. Lula, segundo assessores militares, não fez alterações na nomeação do general.
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