14/08/2024 – 09:42
Reprodução/YouTube
Arthur Lira defendeu a autonomia dos Poderes
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), afirmou que a decisão monocrática do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino de limitar a execução das chamadas “emendas do Pix” não pode tirar do Congresso o poder constitucional sobre emendas parlamentares. Segundo Lira, o Parlamento tem competência constitucional para garantir suas prerrogativas estabelecidas em cláusulas permanentes.
“Emenda Pix” é a denominação pela qual são conhecidas as alterações orçamentárias individuais que transferem recursos diretamente para estados, Distrito Federal e municípios, sem indicação específica de destinação.
Ao participar do 32º Congresso Nacional das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos, Lira destacou a importância desses recursos para a prestação de serviços públicos de saúde no país.
Ontem, os presidentes das comissões de Desenvolvimento Econômico e Finanças da Câmara também criticaram os questionamentos de Flávio Dino.
Autonomia
Arthur Lira defendeu a autonomia dos Poderes e destacou que o Congresso Nacional é quem melhor conhece a realidade dos municípios brasileiros e a saúde pública oferecida à população.
“Os 513 deputados federais e 81 senadores vivem problemas de prestação do serviço de saúde, sabem que as Santas Casas e os hospitais filantrópicos sobrevivem com o indispensável apoio das emendas parlamentares”, disse Lira. os argumentos e as razões, por mais razoáveis que pareçam”, criticou.
Transparência
No dia 1º de agosto, o ministro Flávio Dino determinou que os repasses seriam fiscalizados pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e pela Controladoria-Geral da União (CGU). Por meio de liminares, Dino afirmou que faltava transparência nessas transferências.
As alterações orçamentárias individuais da modalidade transferência especial — conhecidas como “emendas Pix” — totalizam cerca de R$ 8 bilhões. O ministro suspendeu o envio desses recursos, mas permitiu a execução dessas alterações destinadas às obras em andamento.
Questionamento do Congresso
Na semana passada, a Câmara e o Senado interpuseram recurso contra as decisões de Dino pedindo a cassação das duas liminares. Em questionamentos, as duas Casas argumentam que a regra só poderia ser limitada pelo STF caso houvesse “afronta inequívoca à cláusula imutável da Constituição”.
Diálogo
O presidente Arthur Lira disse que é preciso chegar a um entendimento por meio do diálogo, mas destacou que o orçamento não é exclusivo do Executivo.
“O diálogo é imprescindível, é o caminho para chegar ao entendimento. Mas é sempre bom lembrar que o orçamento não é do Executivo. O orçamento é votado pelo Congresso, por isso é lei. Sem a aprovação do Parlamento, não tem validade constitucional”, afirmou.
Santa Casa
Lira também reafirmou o compromisso da Câmara em dar às instituições filantrópicas, como as Santas Casas, a atenção que merecem. Segundo ele, essas instituições são um dos pilares do Sistema Único de Saúde (SUS) e garantem atendimento médico gratuito ou de baixo custo para a parcela mais vulnerável da população brasileira.
“O direito à saúde está inscrito na Constituição Federal como direito fundamental de todos os cidadãos. As Santas Casas de Misericórdia têm um papel decisivo na concretização desse direito”, defendeu Lira.
“A última Pesquisa Nacional de Saúde, realizada pelo IBGE em 2019, identificou que 7 em cada 10 brasileiros procuram atendimento em estabelecimentos públicos de saúde”, destacou o presidente da Câmara. “Lembremos também que essas instituições são responsáveis por mais da metade dos atendimento de média complexidade prestado pelo SUS; e para cerca de 70% dos procedimentos de alta complexidade”, afirmou.
Legislação
Arthur Lira lembrou ainda a aprovação da Lei 14.820/24, que garante a revisão anual dos valores de remuneração dos serviços prestados ao SUS. Segundo ele, esses valores não eram atualizados há mais de uma década. “Nós sabemos que [isso] Não resolverá completamente a disparidade remuneratória, mas esperamos que represente algum alívio económico para o setor”, afirmou.
Por fim, o presidente afirmou que a Câmara tem buscado soluções legislativas que garantam a sustentabilidade financeira das Santas Casas e dos hospitais filantrópicos, fortaleçam seu papel no SUS e garantam a continuidade da prestação de seus serviços com qualidade e eficiência.
“As Santas Casas e os hospitais filantrópicos chegam a espaços onde o acesso à saúde pública é limitado, garantindo que milhões de brasileiros recebam atendimento e sejam tratados com dignidade”, destacou Arthur Lira.
Reportagem – Luiz Gustavo Xavier
Edição – Natalia Doederlein
Com informações da Agência Senado
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