Leite diz que ‘há descompasso entre anúncios e ajuda’ do governo Lula no RS

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), criticou nesta quarta-feira (21/8) a atuação do governo federal no auxílio ao estado, vítima de uma calamidade climática. Disse ainda que há um “descompasso” entre o auxílio que foi anunciado e o que se concretizou.

“Eu te agradeço [ao governo federal]mas não deixo de exigir, não deixo de reclamar, não deixo de criticar se for preciso. Entendo que é meu papel como governador fazer isso, diante de um estado que enfrentou uma grave calamidade, precisa de todo apoio, teve apoio e está recebendo apoio”, afirmou o governador.

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“Mas o que mostrei é que existe um fosso entre o apoio que é anunciado e o apoio que está a ser implementado no final. , portanto melhorar e entregar à população o que propõem”, acrescentou o governador.

Leite participou de reunião com o presidente Lula (PT) no Palácio do Planalto para discutir ações para a reconstrução do Rio Grande do Sul e fortalecimento da economia. O governador falou à imprensa após a reunião.

Os dois trocaram farpas públicas na semana passada, chegando a participar de eventos conjuntos no Rio Grande do Sul, na sexta-feira (16).

Em entrevista à Rádio Gaúcha, Lula havia dito que Leite “nunca está feliz” e que deveria obrigado pelas ações do governo federal com destino ao Rio Grande do Sul. O estado enfrentou uma calamidade climática no primeiro semestre do ano, que deixou cidades inteiras inundadas e 182 mortos.

“Às vezes fico incomodado, porque o governador nunca está satisfeito com as coisas. Ele deveria me agradecer um dia: ‘Lula, obrigado pelo tratamento que você está dando ao Rio Grande do Sul, porque o Rio Grande do Sul nunca foi tratado assim’ “, afirmou o presidente.

Durante a cerimônia de entrega das moradias, Leite respondeu às críticas feitas pelo presidente na entrevista. O governador destacou que o estado enfrentou as consequências do déficit fiscal, duas secas consecutivas, a pandemia de Covid e agora os impactos da enchente que deixou pelo menos 179 mortos e cidades inundadas.

“O povo gaúcho não é ingratoele não é ingrato, está grato por todo o apoio que recebeu da sociedade e do seu governo. Mas também sabemos o que é direito da população e do Estado”, afirmou Leite.

O governador disse ainda que houve atraso no repasse dos recursos. “O recurso não chegou totalmente ao fim porque ficaram vários fios no caminho”, disse.

Após a reunião no Planalto, Leite acrescentou que muitas das ações, principalmente as relacionadas ao crédito para empresários e agricultores, estão muito “travadas”. É por isso que os sectores afectados não conseguem aceder aos recursos.

O governador citou o programa de manutenção do emprego e da renda, adotado após a calamidade. Ele mencionou que há previsão de R$ 1,2 bilhão, mas apenas R$ 170 milhões poderão ser acessados ​​pelo público interessado.

“Não é porque as empresas não precisam, é porque as regras do programa ficaram muito rígidas e acabam limitando o acesso aos recursos”, afirmou.

Leite cita que um dos entraves é o fato de o estado ter vivido outras tragédias recentes, enchentes em algumas regiões e secas em outras. Portanto, muitos empresários já acessaram financiamentos anteriores, o que dificulta novas operações pelas regras atuais.

Sobre o programa de manutenção e renda, o governador pediu que sejam adotadas as medidas previstas no modelo implementado pelo governo federal durante a pandemia da Covid-19, como a redução de jornada e salários, com complementação da União.