No comando da Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH) pelos próximos dois anos, o vereador Juliano Lopes (Podemos) Ele dedicou sua vitória a Deus e ao secretário da Casa Civil de Minas Gerais, Marcelo Aro (PP), responsável por dar 23 votos para Lopes no primeiro momento após as eleições. Único candidato até meados de dezembro do ano passado, o novo chefe do Legislativo afirmou que seu concorrente Bruno Miranda (PDT) se comprometeu a não concorrer à vaga mais importante da Câmara, e por isso o considera um “traidor” , e o vice-prefeito e secretário de governo de BH, Álvaro Damião (União), que deu 18 votos em Miranda, um “grande idiota”.
Lopes não queria que o “trono” de Afonso Pena aparecesse com destaque na posição de liderança entre a diretoria e, no seu primeiro ato como presidente, devolveu a peça ao acervo histórico. O ato simbólico reflete as críticas de Juliano Lopes a Gabriel Azevedo (MDB), que descumpriu o acordo de renúncia e não deixou vaga para o novo presidente ocupar há dois anos. Em entrevista com Estado de Minaso parlamentar listou suas prioridades e afirmou que deseja uma gestão democrática para os 41 vereadores e independente do Executivo.
Quais questões são mais urgentes em Belo Horizonte e serão prioridade no seu mandato?
Belo Horizonte tem problema de mobilidade, o trânsito está caótico. Não tenho dúvidas de que seremos parceiros da prefeitura, através da Comissão de Transportes, para tentar amenizar isso. Outra questão é o meio ambiente, sabemos que várias árvores foram derrubadas e o aquecimento está aumentando, a cada ano fica mais quente. Portanto, precisamos de técnicas ambientais para tornar a temperatura da cidade confortável para os moradores de Belo Horizonte.
No seu discurso de posse, a redução do preço dos bilhetes foi mencionada como prioridade. O que será feito em relação ao transporte público?
Coletaremos assinaturas dos vereadores e formalizaremos documento pedindo a revogação do decreto que permite o aumento das tarifas. A Câmara está em recesso até fevereiro, mas assim que voltarmos reuniremos os 41 vereadores para encontrar uma solução. Não sou contra o subsídio, destina-se a melhorar os transportes, mas infelizmente o subsídio foi concedido há três anos e os transportes não melhoraram.
A população continua reclamando do atraso dos ônibus e até do estado de alguns deles. Temos que encontrar uma forma de dar o subsídio e de que ele tenha efeito na população. Não podemos deixar este contrato como está, temos que discutir isso agora. Se necessário, podemos criar uma comissão especial para fiscalizar o transporte público e debater o novo contrato que será assinado em 2028.
Qual a situação da prefeitura depois das críticas que você fez ao vice-prefeito Álvaro Damião e ao líder da prefeitura Bruno Miranda? A relação já estava abalada naquele momento?
Eu não fiquei abalado e não quero que você fique, isso foi um desabafo. Estou aberto a conversar com a Câmara Municipal desde que a prefeitura queira conversar. O prefeito Fuad Noman sempre disse, desde o início, que não entraria na disputa pela Câmara Municipal. Tomou café da manhã com os 41 vereadores e disse a todos que o conselho teria que se resolver sozinho. No dia 23 de dezembro, faltando uma semana para as eleições, o senhor Álvaro Damião definiu-se como secretário do governo, demitiu o deputado Anselmo Domingos e começou a articular e a oferecer muitas coisas aos vereadores tentando “deixá-los” de lado. A forma como a Câmara Municipal agiu não foi correcta porque não cumpriu a sua palavra. Ficou comprovado que o prefeito não entraria, mas, claro, começou toda essa articulação do vice-prefeito Álvaro Damião.
O prefeito disse que se Bruno Miranda quisesse entrar na disputa seria por conta própria, mas não foi o que aconteceu. Teve o apoio do ex-presidente desta Casa, Gabriel Azevedo (MDB) e de seu assessor, senhor Álvaro Damião, que se autoproclamou prefeito para fazer essa articulação numa atuação desastrosa, pois mesmo oferecendo cargos, obras e outras coisas que eu não posso falar, eles ainda saíram derrotados.
Como equilibrar a independência da Câmara, citada por você como um dos princípios da gestão, com a promessa de não se opor ferozmente à prefeitura e manter o diálogo?
Suponhamos que Bruno Miranda tenha sido eleito. Você acha que a Câmara teria independência? Foi líder do governo por dois anos, a Câmara seria uma sombra da prefeitura, submissa ao Executivo. Não sou contra a prefeitura, sou pelo equilíbrio, pelo diálogo. Quero legislar de forma harmoniosa.
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O secretário da Casa Civil de Minas Gerais, Marcelo Aro, terá liberdade para interferir na Câmara?
Tenho muito orgulho de fazer parte da Família Aro. Temos alguém que cumpre compromissos. Não só Marcelo Aro, mas todos os vereadores do grupo poderão discutir o que é melhor para a cidade e não há nenhum tipo de imposição. Tenho que agradecer a ele, porque foi o grande articulador contra tudo, contra ministros, dirigentes partidários, deputados federais e a prefeitura que atuou diretamente. Vamos conversar, estamos numa família que valoriza o diálogo. Os vereadores que votaram contra o Fuad têm o direito de escolher se vão ficar na oposição, se vão ficar na situação.
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