O juiz Salise Monteiro Sanchoteneconselheiro do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), proferiu palestra nesta quinta-feira, 12, em que defendeu a criação de mais medidas para a inclusão da mulher no Judiciário. “As mulheres representam apenas 38% dos magistrados no Brasil e a proporção diminui significativamente quando se consideram os cargos de alta gestão”, afirmou.
Salise discursou no Congresso Conamp Mulher, organizado pela Associação Nacional dos Membros do Ministério Público. Ela foi relatora, em 2023, do processo que terminou com o CNJ emitindo recomendação para que os tribunais de todo o país reservassem metade das vagas de promoção da primeira para a segunda instância para mulheres.
Ela também mencionou as barreiras estruturais que impedem as mulheres de avançar na carreira jurídica. A juíza citou a dupla jornada de trabalho, a falta de políticas de apoio à maternidade e preconceitos arraigados como fatores que dificultam a equidade. “É necessário reconhecer que as mulheres enfrentam desafios adicionais e são muitas vezes preteridas nos processos de promoção devido a estereótipos e discriminação velada”, destacou.
Para enfrentar essas barreiras, o juiz apresentou iniciativas já implementadas pelo CNJ, como a regra de alternância de gênero para preenchimento de vagas em tribunais de segunda instância.
A política estipula que as nomeações para cargos nos tribunais de segunda instância devem ser alternadas entre os sexos. Isto significa que, sempre que possível, as vagas deverão ser preenchidas alternadamente por homens e mulheres. Se uma vaga for ocupada por um homem, a próxima deverá ser ocupada por uma mulher e vice-versa. Este mecanismo procura corrigir a sub-representação das mulheres no Poder Judiciário e garantir que elas tenham as mesmas oportunidades de ascender a cargos de liderança.
A medida inclui ainda a implementação de programas de mentoria e apoio às mulheres, bem como a promoção de um ambiente de trabalho que respeite e valorize a diversidade de género.
“Esta política tem o potencial de transformar a composição dos tribunais, garantindo uma representação mais equitativa”, explicou Salise.
Ela deixou uma série de recomendações práticas para promotores e promotores públicos. Ela sugeriu a criação de comités locais de igualdade de género, a implementação de formação sobre preconceitos inconscientes e o reforço das redes de apoio. “Cada um de nós pode ser um agente de mudança, promovendo um ambiente mais inclusivo e igualitário”, concluiu.
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