12/04/2024 – 18:32
Andressa Anholete/Agência Senado
O tema foi discutido na Comissão Mista Permanente de Combate à Violência contra a Mulher
Representantes de institutos ligados à saúde pediram aos deputados e senadores mais atenção à saúde mental das mulheres e meninas brasileiras na formulação de projetos de lei e políticas públicas. O assunto foi discutido pela Comissão Mista Permanente de Combate à Violência contra a Mulher do Congresso Nacional, por sugestão da presidente do colegiado, senadora Augusta Brito (PT-CE).
Entre as recomendações dos pesquisadores à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal estão:
- desenvolver projetos destinados à saúde mental das raparigas, incluindo a sua proteção nas redes sociais;
- acompanhar o governo federal quanto à implementação de ações e programas voltados para meninas e mulheres; e
- alocar mais dinheiro do orçamento para a saúde mental de meninas e mulheres.
Na audiência, o coordenador de projetos do Instituto Cactus, Bruno Ziller, e a gerente de programas do Instituto de Estudos de Políticas de Saúde, Dayana Rosa, apresentaram a cartilha “10 ações de políticas públicas para a saúde mental de meninas e mulheres”, com recomendações sobre o tema.
“A saúde mental é uma tarefa coletiva que exige o envolvimento de diversos setores da sociedade, especificamente dos formuladores de políticas públicas”, afirmou Bruno Ziller.
Transtornos
A justificação do pedido é que as mulheres e as raparigas sofrem mais de perturbações mentais do que os homens e os rapazes. Por exemplo, a ocorrência de depressão é duas vezes maior entre as mulheres do que entre os homens. Entre 2013 e 2019, o transtorno atingiu 15% das mulheres e 6,1% dos homens, segundo dados da Pesquisa Nacional de Saúde citados na cartilha.
Em relação às meninas, informações da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2019, realizada com adolescentes de 13 a 15 anos, mostraram que 48,1% se sentiam tristes na maior parte do tempo ou sempre, contra 17,4% dos meninos. Além disso, 33,7% das raparigas sentiram que não vale a pena viver a vida, em comparação com 14,1% dos rapazes.
No Poder Legislativo, há preocupação com a falta de propostas sobre o tema. Dados contidos na cartilha indicam que, das 423 propostas encontradas em junho de 2023 sobre “saúde mental” na Câmara, apenas 9,2% ou 39 das propostas se referiam a mulheres. Nenhum deles mencionou meninas e a maioria tratou de violência, o que preocupou Dayana Rosa.
“Percebemos a ausência de políticas para meninas, mas também chamou a atenção para o fato de que as poucas que existiam para mulheres estavam relacionadas à violência”, observou Dayana. “Ainda não chegamos ao ponto de falar em promoção da saúde. Estamos com dificuldade para começar a falar de prevenção, de acolhimento, enquanto poderíamos falar de promoção de saúde.”
Mudando o mundo
Coordenador da Frente Parlamentar de Promoção da Saúde Mental, deputado Pedro Campos (PSB-PE) afirmou que o mundo em mudança atual pressiona muito a saúde mental de meninas e mulheres, o que exige ações específicas para combater o problema.
“Passamos por todo esse processo em um mundo que ainda tem muita violência contra a mulher. Violência física, violência econômica, violência psicológica”, afirmou o parlamentar. “Um mundo que ainda fala muitas vezes para as mulheres ‘seu lugar é no mercado de trabalho, mas você vai ganhar menos porque tem licença maternidade’, que diz ‘você tem que ter autonomia’, mas não dá o apoio da rede, da rede de cuidado .”
A senadora Augusta Brito disse que, a partir de agora, será possível realizar reuniões de trabalho e pensar em formas de implementar as sugestões apresentadas.
Reportagem – Noeli Nobre
Edição – Georgia Moraes
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