BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Advogados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) criticaram a Polícia Federal pelas conclusões da investigação que investigou a venda de artigos de luxo recebidos como presentes pelo governo brasileiro.
Os filhos de Bolsonaro criticaram o processo e a PF nas redes sociais. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) falou em perseguição “descarada”.
Bolsonaro foi indiciado nesta quinta-feira (7/4) por suspeita dos crimes de organização criminosa (com pena de prisão de 1 a 3 anos), lavagem de dinheiro (3 a 10 anos) e apropriação de patrimônio público (2 a 12 anos).
Além dele, Fabio Wajngarten e Frederick Wassef, dois de seus advogados, foram incriminados como suspeitos de lavagem de dinheiro e associação criminosa.
Advogado de Bolsonaro e ex-secretário de Comunicação Social da Presidência, Wajngarten classificou o indiciamento da PF como uma decisão “arbitrária, injusta e persecutória”. “É uma violência indescritível e um atentado ao meu direito ao trabalho”, afirmou, em nota publicada nas redes sociais.
Meu indiciamento pela Polícia Federal se baseia na seguinte afronta jurídica: advogado, fui indiciado porque, no exercício de minhas prerrogativas, defendi um cliente, e em toda a investigação não há provas contra mim. Para ser mais específico: fui indiciado pelo motivo…
— Fabio Wajngarten (@fabiowoficial) 4 de julho de 2024
Wajngarten confirmou que a acusação se baseia numa afronta jurídica porque trabalhou como advogado do ex-presidente e que não há provas que o incriminem.
“A PF sabe que nada fiz em relação ao que encontraram, mas ainda querem me punir porque sou uma defesa permanente e intransigente do ex-presidente Bolsonaro. Se a intenção deles é me intimidar, não vão conseguir”, escreveu Wajngarten .
Para o assessor de Bolsonaro, “o triunfo do estado policial por aqueles que se disseram vítimas dele, usado contra adversários políticos, é certamente um capítulo negro da nossa democracia e será devidamente corrigido, no devido tempo, pelas nossas instituições”.
Ele argumentou ainda que só tomou conhecimento do caso das joias por meio da imprensa e que posteriormente ordenou que os presentes vendidos nos Estados Unidos pelo ex-presidente e assessores fossem entregues ao Tribunal de Contas da União (TCU).
“Vazamentos anteriores da própria PF demonstraram cabalmente que nunca participei de nenhuma negociação em torno da compra e venda dos brindes, que na verdade só tomei conhecimento deles por meio da imprensa. Repito que apenas dei orientação jurídica para sua devolução, ” ele escreveu.
Wassef criticou em nota o que chamou de “vazamentos da PF” e disse que só passa por “isso” porque defende Bolsonaro.
“Nem eu nem os demais advogados do ex-presidente tivemos acesso ao relatório final, o que choca a todos, o vazamento para a imprensa de peças processuais que estão sob sigilo judicial. Estou passando por tudo isso só por exercer a advocacia em defesa de Jair Bolsonaro” , disse Wassef.
Afirmou ainda que recomprou um Rolex vendido pelos assessores de Bolsonaro nos Estados Unidos para devolver à Polícia Federal e que entregou espontaneamente à PF os documentos que comprovam isso.
A defesa do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de campo de Bolsonaro, indiciado por lavagem de dinheiro, organização criminosa e apropriação de bens públicos, afirmou que está cumprindo o acordo de colaboração premiada que fez com a PF “normalmente “.
Os filhos de Bolsonaro saíram em defesa do pai nas redes sociais. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) disse que o ex-presidente sofre perseguição “declarada e descarada”. Disse ainda que as joias foram devolvidas à União e que não houve prejuízo ao erário.
“Então o grupo de PFs [policiais federais]escolhido a dedo para a missão, indicia a pessoa”, disse o parlamentar, nas redes sociais.
A perseguição a Bolsonaro é declarada e sem vergonha!
Alguém recebe um presente, uma comissão de servidores decide que é seu. O TCU questiona e o presente é devolvido ao Sindicato. Não há danos ao tesouro!
Em seguida, o grupo de PFs, escolhido a dedo para a missão, indicia a pessoa.—Flávio Bolsonaro (@FlavioBolsonaro) 4 de julho de 2024
O vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (PL), por sua vez, não mencionou diretamente o indiciamento, mas disse: “Tenho vergonha dessa ‘Polícia Federal’”.
Tenho vergonha dessa “Polícia Federal”!
—Carlos Bolsonaro (@CarlosBolsonaro) 4 de julho de 2024
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) disse que a investigação não tem credibilidade, e que o pai continua tendo apoio popular. “Sem cargo, inelegível e agora indiciado, mas continua arrastando multidão pelas ruas por onde passa, sabe por quê? Porque ninguém acredita mais nesse lixo”, disse.
Tudo o que você precisa saber sobre joias.
*Através da @FlavioBolsonaro pic.twitter.com/zUmP3Bi0VB—Eduardo Bolsonaro????????? (@BolsonaroSP) 4 de julho de 2024
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