BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O ministro da Casa Civil, Rui Costa, afirmou esta quinta-feira (19/9) que os incêndios no país têm presença de “crime articulado e organizado”.
Essa foi a afirmação mais categórica do governo federal, atribuindo o crime às queimadas, cuja fumaça já cobriu 60% do território brasileiro. A declaração foi dada após reunião no Planalto com governadores de áreas afetadas pelas queimadas, para discutir formas de combater esta crise ambiental.
O ministro evitou fazer mais comentários, porque há investigações em andamento, mas disse que todos os governadores dos estados com incêndios disseram que há um aspecto criminoso nos incêndios. Ele afirmou ainda que o ministro Ricardo Lewandowski (Justiça) prepara medidas para aumentar a pena para quem provoca incêndios florestais.
“As motivações podem ser diversas, mas por trás delas estão sempre intenções criminosas. E o que caracteriza a diferença de outros anos para este é uma presença articulada e organizada de queimadas de crimes em vários pontos do país”, disse aos jornalistas.
“Ficou claro para todos pela extensão e ocorrência simultânea, em áreas diferentes e distâncias muito grandes, parece algo sincronizado. Ao mesmo tempo, no mesmo dia, regiões a 300 km, 400 km de distância [distantes] um do outro. Todo mundo começa a queimar ao mesmo tempo. Como se um raio caísse em todos os lugares ao mesmo tempo e o fogo começasse ao mesmo tempo. A natureza criminosa é clara”, acrescentou.
Rui Costa disse ainda que os governadores reclamaram que os presos até agora foram libertados “imediatamente”, mediante pagamento de cerca de R$ 200, após atearem fogo em grandes áreas. E citou as medidas que Lewandowski deverá tomar sobre o tema e enviar à Casa Civil na sexta-feira (20/9).
Questionado se os incêndios tiveram cunho político, Costa disse que está sob investigação da Polícia Federal e que não vai especular.
O presidente Lula (PT) disse, em reunião com representantes dos três Poderes nesta terça-feira (17), que “há fortes indícios” de atuação criminosa nos incêndios. Marina Silva (Meio Ambiente), por sua vez, chamou isso de “terrorismo climático”.
Governadores Helder Barbalho (Pará), Ronaldo Caiado (Goiás), Mauro Mendes (Mato Grosso), Wilson Lima (Amazonas), Gladson Cameli (Acre), Ibaneis Rocha (Distrito Federal), Eduardo Riedel (Mato Grosso do Sul), Wanderlei Barbosa (Tocantins) e Antonio Denarium (Roraima).
Os vice-governadores Sérgio Gonçalves da Silva (Rondônia) e Antônio Pinheiro Teles Júnior (Amapá) também estiveram no Palácio do Planalto.
Do lado do governo, também estiveram na reunião os ministros Marina Silva (Meio Ambiente), Ricardo Lewandowski (Justiça e Segurança Pública), Simone Tebet (Planejamento), Alexandre Padilha (Relações Institucionais) e Waldez Góes (Desenvolvimento Regional).
Durante a reunião, Marina Silva informou que foram registados 690 incêndios em todo o território nacional. Desse total, 298 foram extintos e 179 estão sob controle. As unidades ainda combatem 108 surtos em todo o país.
A ministra acrescentou ainda que há 106 incêndios que não têm qualquer forma de combate, “inclusive por situações de difícil acesso”, como afirmou.
O ministro da Casa Civil disse ainda que novos recursos serão anunciados à medida que os estados pedirem mais dinheiro, e anunciou que o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) disponibilizará R$ 400 milhões para apoiar os bombeiros nos estados do Estado Legal. Amazônia.
O Brasil atravessa a pior seca já registrada, com rios atingindo níveis nunca vistos antes, ao mesmo tempo em que registra recordes de incêndios em todo o país.
Pressionado pela dificuldade de tomar ações efetivas no combate aos incêndios que se espalham pelo país, o governo federal tenta dividir responsabilidades com os estados e passa a responsabilizar os governadores.
O movimento é acompanhado, por outro lado, de reclamações de chefes de Estado sobre falta de coordenação, diálogo e agilidade.
O combate aos incêndios cabe aos estados, que também podem proibir o manejo do fogo, por exemplo. A gestão cabe apenas ao governo federal em áreas da União, como terras indígenas e unidades de conservação. No entanto, historicamente, a cooperação entre órgãos é habitual.
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O governo Lula anunciou, em reunião com representantes dos três Poderes nesta terça-feira (17), medidas que abordam alguns dos entraves até agora –como a flexibilização do Fundo Amazônia e a reestruturação dos bombeiros. Mas ainda faltam detalhes sobre quais mudanças serão feitas.
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