Três candidatos a prefeito que herdaram o cargo nas capitais e agora disputam a reeleição enfrentam dificuldades em seus territórios. O fenómeno vem acontecendo em São Paulo, Belo Horizonte e Goiânia. Especialistas ouvidos afirmam que o cenário pode ser explicado pelo fato de esses candidatos terem chegado ao poder à sombra de outros políticos, sem conseguirem atrair o carisma e a popularidade do ex-ocupante do cargo.
Em São Paulo, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) tenta manter o cargo que herdou de Bruno Covas (PSDB), falecido em 2021, vítima de câncer. Nunes foi eleito vice-prefeito pela chapa tucana em 2020. A visibilidade de comandar a maior cidade brasileira, por enquanto, não deu vantagem ao emedebista.
Nas pesquisas divulgadas até agora, o prefeito aparece tecnicamente empatado com outros dois adversários: Pablo Marçal (PRTB) e Guilherme Boulos (PSOL). Segundo pesquisa divulgada pelo Datafolha na última quinta-feira, Nunes tem 22% das intenções de voto, assim como Marçal. Boulos figura com 23%.
Em Belo Horizonte, a situação do prefeito Fuad Noman (PSD) é mais complicada. Eleito em 2020 deputado de Alexandre Kalil, Noman assumiu o controle da cidade em 2022, quando Kalil decidiu se afastar para concorrer ao governo de Minas Gerais. Assim como Nunes, Noman também não conseguiu até agora converter em favoritismo a vantagem de ter a máquina nas mãos. O prefeito tem 14% das intenções de voto, segundo o Datafolha. O líder é o apresentador Mauro Tramonte (Republicanos), com 29%.
O cenário é ainda pior em Goiânia. O atual presidente da Câmara, Rogério Cruz (Solidariedade), tem apenas 4% das intenções de voto, perdendo, por enquanto, para Adriana Accorsi (PT), que tem 22%. Em 2021, Cruz assumiu o cargo após a morte de Maguito Vilela (MDB).
Incógnitas ilustres
Para Glauco Peres da Silva, professor do Departamento de Ciência Política da Universidade de São Paulo, o cenário nas três capitais pode estar associado à baixa popularidade que essas figuras adquiriram por terem sido eleitas com outro nome. “Uma possível especulação é que esses candidatos não tenham feito campanha em busca de votos em seu nome em 2020. São ilustres desconhecidos até iniciarem uma nova campanha, como a de agora”, disse o professor. “Ricardo Nunes, por exemplo, fez campanha com Bruno Covas. Quem apareceu foi Bruno Covas. As pessoas não sabiam quem era Ricardo Nunes até o ano passado”, acrescentou.
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