Grupo de trabalho da reforma tributária inclui jogos de azar no Imposto Seletivo e mantém cesta básica sugerida pelo governo – Notícias

Grupo de trabalho da reforma tributária inclui jogos de azar no Imposto Seletivo e mantém cesta básica sugerida pelo governo – Notícias


04/07/2024 – 15:38

Bruno Spada/Câmara dos Deputados

Entrevista coletiva do grupo de trabalho para apresentação das mudanças no texto executivo

No relatório final do grupo de trabalho sobre regulamentação da reforma tributária (PLP 68/24), apresentado nesta quinta-feira (4), os jogos de azar em geral foram incluídos na sobretaxa que será feita pelo novo Imposto Seletivo. Mas o grupo decidiu manter a cesta básica com os 15 produtos sugeridos no projeto enviado pelo Executivo.

Essa cesta, composta por itens como feijão e arroz, ficará isenta de novos impostos sobre o consumo: o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (IBS), cobrado por estados e municípios; e a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), que será federal.

Em relação ao Imposto Seletivo, que tem a função de sobretaxar produtos nocivos à saúde e ao meio ambiente, já haviam sido incluídos automóveis, barcos e aeronaves, cigarros, bebidas açucaradas, bebidas alcoólicas e minerais extraídos. A inclusão de jogos de azar será ampla, para ambientes virtuais ou não, e também foram incluídos os chamados “jogos de fantasia”, que seriam disputas em ambiente virtual baseadas na atuação de atletas reais.

No caso dos automóveis, estava prevista a alíquota zero para carros elétricos, por exemplo, devido à não emissão de dióxido de carbono. Essa previsão caiu, mas permanece a definição de alíquotas no direito comum com base em critérios de sustentabilidade.

O deputado Hildo Rocha (MDB-MA) justificou a mudança pelo impacto ambiental das baterias. “É um carro que, do berço ao túmulo, polui. Especialmente no túmulo. Então, não poderia ser diferente na sua tributação, no Imposto Seletivo, em relação aos carros a combustão”.

Bruno Spada/Câmara dos Deputados

Hildo Rocha justificou a inclusão dos carros elétricos devido à poluição das baterias

Sobre a inclusão de armas e munições na Seletiva, o deputado Reginaldo Lopes (PT-MG) disse que isso foi tentado durante a votação da emenda da reforma constitucional e não foi acatado. “Se alguém se apresentar e obtiver votos no Plenário da Câmara dos Deputados, 257, maioria qualificada e 42 no Senado, será aprovado.”

Questionado sobre a não inclusão de alimentos ultraprocessados ​​no Imposto Seletivo, pedido do Ministério da Saúde, Reginaldo Lopes disse que o grupo preferiu aguardar mais estudos sobre o conceito de alimentos ultraprocessados ​​e lembrou que a lista dos produtos tributados será revisto a cada 5 anos.

No caso da cesta básica, o grupo preferiu manter a carne com redução de impostos de 60%, argumentando que o cashback, ou restituição de impostos para famílias de baixa renda, terá um efeito mais importante na alimentação em geral. Apenas o óleo de babaçu foi incluído juntamente com o óleo de soja.

O grupo atendeu à demanda por nanoempreendedores, categoria diferente dos Microempreendedores Individuais (MEIs). Segundo o deputado Reginaldo Lopes, são 5 milhões de pessoas, principalmente mulheres, que revendem produtos. Eles não precisarão ser contribuintes do IBS e CBS caso ganhem até R$ 40,5 mil por mês.

Os deputados destacaram ainda que os produtos de higiene menstrual passaram de uma redução de 60% na alíquota para uma alíquota zero, enquanto o Viagra, medicamento para disfunção erétil, fez o movimento contrário.

Bruno Spada/Câmara dos Deputados

Claudio Cajado (C) explicou que o crédito tributário deveria ser automático

Taxa de crédito
Os deputados também fizeram alterações no texto para garantir a preocupação dos empresários com a creditação tributária, ou seja, a compensação dos tributos pagos em etapas anteriores da produção. O objetivo é ter impostos que só serão pagos sobre o consumo final. Para isso, a empresa deve receber imediatamente o imposto que foi pago na compra de insumos, por exemplo.

O deputado Claudio Cajado (PP-BA) explicou que o crédito deverá ser automático com o chamado parcelamento. Mas o texto prevê a possibilidade de cisão com crédito presumido no caso de supermercados, por exemplo, que atendem diversos fornecedores. Em qualquer caso, o crédito terá prazo de até 30 dias para reembolso. O projeto original falava em 60 dias.

Transição
Segundo o deputado Luiz Gastão (PSD-CE), a redação do texto sobre a transição do antigo sistema para o novo ainda será finalizada. A ideia é proporcionar uma forma de não prejudicar os investimentos realizados no período. O GT entrevistou 1.344 pessoas no total em 218 horas de trabalho. A votação do projeto, segundo o presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL), ocorrerá na próxima semana.

Principais mudanças sugeridas pelo grupo de trabalho:

  • Cesta básica: a cesta que terá isenção fiscal continua a mesma com 15 produtos, mas foi adicionado óleo de babaçu junto com óleo de soja
  • Imposto Seletivo: foram incluídos jogos de azar de qualquer espécie (concursos de prognósticos) e jogos de fantasia. No caso dos automóveis, foi eliminada a possibilidade de alíquota zero para veículos que emitem pouco dióxido de carbono. Mas as alíquotas ainda serão definidas por critérios de sustentabilidade
  • Nanoempreendedores: pequenos produtores independentes que faturam até R$ 40,5 mil por ano não serão contribuintes do IBS e CBS
  • Medicação: há listas de medicamentos isentos com redução de 60% na alíquota. Isto também se aplica a dispositivos médicos e de acessibilidade para Pessoas com Deficiência (PCD). O prazo para revisão dessas listas foi reduzido de 1 ano para 4 meses
  • Saúde menstrual: produtos de higiene menstrual tiveram redução de 60% nas alíquotas e foram para alíquota zero
  • Carros para PCD: o valor do carro com redução de impostos passa de R$ 120 mil para R$ 150 mil sem considerar custos de adaptação
  • Pagamento parcelado: para garantir que as empresas serão creditadas com o imposto pago pelos fornecedores, o crédito deve ser automático no momento do pagamento. Mas o projeto prevê crédito presumido quando isso não for possível
  • Créditos acumulados: nos casos em que o crédito da empresa não é compensado de imediato, o prazo para reembolso foi reduzido de 60 para 30 dias
  • Fundos: os fundos de investimento imobiliário e o Fiagro (fundo do agronegócio) poderão optar por ser contribuintes do IBS e CBS para receber créditos por suas aquisições
  • Produtor rural: o produtor integrado a uma cadeia produtiva não estará sujeito ao limite de arrecadação anual de R$ 3,6 milhões para escolher pagar ou não os novos tributos
  • Construção: a construção civil entra no regime diferenciado e haverá redução nas alíquotas das operações com imóveis em 40%, e nas aluguéis, em 60%. A redução social, que antes era de apenas R$ 100 mil para aquisição de imóveis residenciais; também será aplicado na aquisição de lotes no valor de R$ 30 mil. Para aluguéis, a redução será de R$ 400
  • Bares e restaurantes: tem direito a um regime diferente, mas agora também pode ter créditos IBS e CBS e pode excluir os custos dos serviços de entrega. Anteriormente, o texto mencionava apenas dicas
  • Aviação regional: o regime diferenciado da aviação regional, com redução de 40% na alíquota, beneficiará apenas rotas com 600 assentos
  • Contratos públicos: o contribuinte pode aguardar o pagamento do Poder Público para pagar os impostos

Relatório – Silvia Mugnatto
Edição – Georgia Moraes



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