O Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais (TCE-MG) aprovou nesta quarta-feira (9/4) as contas de 2022 do governo Romeu Zema (Novo), mas fez uma série de críticas e recomendações. Entre os pontos levantados pela Corte estão os altos índices de benefícios fiscais (isenções) e a retenção de recursos que deveriam ser repassados à Secretaria de Estado de Educação (SEE).
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A análise do balanço financeiro do Executivo teve início em março, após estudo realizado pela área técnica do TCE. Na ocasião, os conselheiros atualmente aposentados, Wanderley Ávila e José Alves Viana, relator e revisor do processo, votaram pela aprovação das contas. Cláudio Terrão votou pela rejeição e Mauri Torres pediu revisão.
Quando o processo foi retomado, Torres votou pela aprovação. Depois, Durval Ângelo e Agostinho Patrus aprovaram também as contas de gestão da Zema, mas apresentaram reservas e fizeram recomendações para os próximos exercícios.
Agostinho Patrus referiu que os incentivos fiscais concedidos pela administração Zema representam mais de 10% da receita corrente líquida do Estado e que se aproximam das transferências constitucionais e das despesas obrigatórias. “Esses benefícios, que ultrapassam os dois dígitos, geraram benefícios para a população mineira?”, questionou.
O conselheiro destaca que, como os incentivos não são votados pela Assembleia Legislativa, há dificuldade de acompanhamento e recebimento de informações da Sefaz. Ainda segundo Patrus, os incentivos estão sendo concedidos às empresas e não aos setores, o que poderia gerar problemas para a economia do estado.
“Não podemos admitir que recursos que deveriam ser utilizados nas obras dos hospitais regionais, que poderiam ser utilizados na educação, sejam utilizados de forma não transparente não só para esta Casa, mas para o Legislativo. (…) Quando temos um problema grave nas contas do governo, abrir mão de receitas que estariam contribuindo não só para a solução dos problemas econômicos, mas para aplicação naquilo que o Estado deve cuidar — saúde, educação — parece para mim ser imensamente absurdo”, frisou Patrus.
Por sua vez, o conselheiro Durval Ângelo lembrou que há retenção de recursos da Cota Estadual Parte Salário-Educação (QESE) na Secretaria da Fazenda do Estado (Sefaz), que já havia sido identificada no exercício de 2021, mas apenas uma “ pequena parte” dos recursos foi liberada para a Secretaria de Educação. “Uma determinação que praticamente se concretizou”, disse ele.
O assessor destaca que mais de R$ 3 bilhões estão retidos nos cofres do Estado e poderiam ser usados para investimentos. O salário-educação é uma contribuição social destinada a financiar programas de educação pública.
Pela lei, 90% dos recursos arrecadados são distribuídos diretamente aos entes da federação, sendo 2/3 aos estados e municípios, proporcionalmente ao número de matrículas, para financiar programas, projetos e ações voltados à educação básica.
“Há pouco tempo, na auditoria nacional, vimos que há escolas sem água tratada, sem rede de esgotos e sem energia elétrica. Entretanto, a Direcção das Finanças propõe 15 anos, por irregularidades nas contas de 2021, para devolver este valor à Educação. Acho que isso merece uma ação efetiva do Ministério Público. Ao mesmo tempo, na prestação de contas de 2023, esta é uma questão que temos de abordar”, afirmou Ângelo.
O Estado de Minas questionou o Governo Zema sobre os pontos levantados pelos conselheiros, mas, até o encerramento do assunto, não houve resposta. O espaço permanece aberto para manifestações.
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