BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) espera gastar mais R$ 7,7 bilhões em benefícios previdenciários este ano. A revisão foi um dos principais motivos do novo bloqueio de R$ 6 bilhões em gastos discricionários, que incluem financiamento ao setor público e investimentos.
O ministro Fernando Haddad (Fazenda) antecipou nesta quinta-feira (21/11) que o lock-up ficaria em torno de R$ 5 bilhões. Com o novo bloqueio, a contenção total de gastos no Orçamento de 2024 chega a R$ 19,3 bilhões. São despesas inicialmente previstas pelos ministérios, mas que não podem ser executadas para acomodar as maiores despesas obrigatórias.
Os dados oficiais constam do relatório de avaliação de receitas e despesas do 5º bimestre, enviado na noite desta sexta-feira (22/11) ao Congresso Nacional.
O Ministério do Planeamento e Orçamento chegou a convocar uma conferência de imprensa para as 18h desta sexta-feira, com o objetivo de detalhar o documento. A menos de duas horas do horário anunciado, o ministério adiou o evento “para o início da próxima semana” e informou que um resumo estaria disponível “a partir das 21h”. O documento foi disponibilizado às 21h17.
A apresentação dos dados atende à exigência legal de que o relatório seja entregue ao Congresso até o dia 22 do mês seguinte ao término do bimestre.
Embora seja uma data fixa, não é a primeira vez que o governo publica informações poucas horas antes do prazo. Em setembro, um resumo foi divulgado a partir das 20h do dia 20, uma sexta-feira. No envio da proposta de Orçamento para 2025, um resumo executivo foi publicado por volta das 21h do dia 30 de agosto, também uma sexta-feira.
Com a redução das despesas, o governo reduziu o déficit esperado de R$ 68,8 bilhões no 4º trimestre para R$ 65,3 bilhões no novo relatório, apesar da piora nas estimativas de receitas.
Desse valor, R$ 36,6 bilhões são gastos em ações de reconstrução do Rio Grande do Sul ou de combate a incêndios, realizadas por meio de créditos extraordinários, que estão fora do limite de despesas do quadro fiscal. Com a aprovação do Congresso e do Supremo Tribunal Federal, essas despesas também serão deduzidas da meta de resultado primário.
Após esse ajuste, o governo prevê um déficit de R$ 28,7 bilhões, próximo ao limite da margem de tolerância da meta fiscal, que é zero, mas permite um resultado negativo de até R$ 28,8 bilhões, equivalente a 0,25% de PIB (Produto Interno Bruto).
Contudo, mesmo atingindo a meta, o défice total contribui para aumentar a dívida pública. Em setembro, a dívida bruta já era de 78,3% do PIB, um aumento de quase quatro pontos percentuais no acumulado do ano, segundo dados do Banco Central.
O governo tem até o final do mês para decidir quais ministérios serão alvo dos novos bloqueios, a serem formalizados em decreto presidencial.
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Em julho e setembro, o governo já havia adotado uma espécie de bloqueio preventivo nas despesas discricionárias dos ministérios, que incluem despesas de manutenção de máquinas públicas e investimentos. Os recursos passaram por uma espécie de controle no caixa, sendo liberados conforme a necessidade.
A estratégia foi adoptada precisamente para ajudar a acomodar qualquer necessidade de um novo confinamento no relatório de Novembro, como é o caso agora.
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