Governo aponta desafios da COP-29, enquanto deputados e sociedade civil cobram justiça climática – Notícias

Governo aponta desafios da COP-29, enquanto deputados e sociedade civil cobram justiça climática – Notícias


15/10/2024 – 20:48

Vinicius Loures/Câmara dos Deputados

Reunião preparatória da 29ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-29)

A preparação do governo brasileiro para a COP-29 e as possíveis contribuições do Parlamento e da sociedade civil para a Cúpula do Clima da ONU foram discutidas, nesta terça-feira (15), em audiência da Comissão Mista Permanente sobre Mudanças Climáticas do Congresso Nacional.

A COP-29 será realizada de 11 a 22 de novembro, no Azerbaijão, em busca de acordos sobre questões complexas, como financiamento e transparência nas ações de adaptação e mitigação do aquecimento global.

A diretora do Departamento de Clima do Ministério das Relações Exteriores, Embaixadora Liliam Beatris de Moura, acaba de chegar da reunião preparatória (Pré-COP) em Baku, capital do Azerbaijão, e prevê dificuldades para chegar a consensos agravadas pelos atuais conflitos bélicos no mundo.

“As COPs são o maior processo de multilateralismo político existente no mundo hoje. Chegámos agora a um contexto internacional muito desafiante: há conflitos e guerras no mundo e isto cria stress, cria tensão adicional nos países. Este cenário global pode afetar as negociações”, afirmou.

O Azerbaijão chegou a propor uma “trégua climática”, como a “trégua olímpica”, que incentiva a suspensão dos conflitos bélicos durante as Olimpíadas.

O maior obstáculo na COP-29 é o novo montante de financiamento (New Collective Quantified Goal [NCQG]ou Nova Meta Quantificada Coletiva, em português) para os países em desenvolvimento aplicarem para reduzir suas emissões de gases de efeito estufa. A meta actual – de 100 mil milhões de dólares por ano entre 2020 e 2025 – só foi parcialmente cumprida pelos países desenvolvidos a partir de 2022. Existem agora dúvidas sobre a duração da meta – 5 ou 10 anos – e sobre a exigência dos países desenvolvidos de partilharem a conta de financiamento com “novos ricos”, como a Arábia Saudita e a China.

A secretária de Mudanças Climáticas do Ministério do Meio Ambiente, Ana Toni, disse que as negociações não avançaram durante o Pré-COP e citou a posição do Brasil, que se baseia em artigos do Acordo de Paris. “O artigo 9º já dá uma pequena ideia da posição do governo brasileiro: diz que é dinheiro dos países desenvolvidos para os países em desenvolvimento, que pode ter apoio voluntário de outros países e sugere que pode ter outros mecanismos de financiamento. Mas esse debate ainda não está maduro”, afirmou.

Acordos
Na COP-29, espera-se progresso para finalizar o acordo sobre o mercado global de carbono; formação para os países utilizarem recursos do Fundo de Perdas e Danos; a implementação de metas de mitigação ligadas à transição energética, restauração florestal, combate ao desmatamento e preservação da biodiversidade; e anúncio de novas metas e indicadores de adaptação às mudanças climáticas para conclusão futura durante a COP-30, prevista para o Brasil, no próximo ano. A conferência deverá debater outros temas sugeridos pelo Azerbaijão, como um novo fundo de acção climática e zonas energéticas e corredores verdes.

Justiça climática
A audiência no Congresso também reuniu representantes da sociedade civil. Especialista em política climática do Observatório do Clima, Stela Herschmann apresentou um estudo para apoiar a nova meta de redução de emissões de gases poluentes que o Brasil deverá publicar em novembro.

“Nosso cálculo foi baseado na premissa do que a atmosfera precisa ser feita, levando em conta a capacidade do país e também levando em consideração, pela primeira vez, dados históricos de desmatamento e vendo qual contribuição cada setor poderia dar. E conseguimos criar uma proposta para limitar as emissões brasileiras a 200 milhões de toneladas de CO2 equivalente em 2035. Isso representa uma redução de 92% em relação aos níveis de 2005”.

A demanda por justiça climática nos debates internacionais foi consenso entre organizações como Engajamundo, Coalizão Negra pelos Direitos, Carta de Belém e Clima de Mudança. Letícia Leobet, do Geledés – Instituto da Mulher Negra, enviou recomendações para o governo brasileiro levar à COP-29, como novos mecanismos de financiamento para a adaptação de grupos mais vulneráveis ​​e o desenvolvimento de indicadores de raça, gênero e território para monitorar o impacto das alterações climáticas na população. Marcele Oliveira, do PerifaLab, resumiu o cenário que queremos mudar.

“Não há transição real sem que a voz das pessoas afetadas seja amplificada. Estamos caminhando para 30 anos de conferências. No Rio de Janeiro, temos um milhão de residências em áreas de risco. Esses números são absurdos porque pretendem assustar: estamos com medo. E esse susto também vem acompanhado de propostas, porque precisávamos que as pessoas dos territórios construíssem juntas o que estamos chamando de cultura de risco”, explicou.

Vinicius Loures/Câmara dos Deputados

Coordenador da Frente Parlamentar Ambientalista, deputado Nilto Tatto

Presença do Parlamento
O Instituto do Clima Eleitoral detectou crescimento na presença de líderes do Legislativo em conferências sobre o clima, mas avalia que ainda é uma participação “difusa e pouco estratégica”. Sarah Darcie, representante da entidade, defende maior envolvimento dos parlamentares nas negociações para que possam construir políticas públicas de acordo com os compromissos internacionais assumidos pelo Brasil e evitar o que chamou de “pacotes de destruição”, prejudiciais aos direitos socioambientais. Organizador do debate, o coordenador da Frente Parlamentar Ambientalista, deputado Nilto Tatto (PT-SP), pretende promover novas audiências antes da COP-29.

“Há uma agenda, obviamente, que já está em andamento pelo governo. Mas é fundamental que a Câmara e o Senado se apropriem desse debate e abram também a possibilidade de termos esse espaço”, disse. “O Brasil, de certa forma, sempre foi referência nesse debate em nível global. Sabemos que todos temos uma responsabilidade, todos precisamos de fazer algo para enfrentar a crise climática.”

A secretária nacional de Gestão Ambiental e Territorial Indígena do Ministério dos Povos Indígenas, Ceiça Pitaguary, disse que, na transição da COP-29 para a COP-30, o objetivo é garantir a maior participação indígena na história das negociações internacionais. “Que a COP não seja apenas um evento, mas traga resultados reais para as políticas indigenistas.” Diante do que chamou de “retrocesso” na imagem do Brasil com a manutenção do prazo de demarcação de terras indígenas, Ceiça pediu ao Congresso a aprovação de propostas que tratam da Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas (PL 4347/21) e proteção aos deslocados climáticos (1594/24) e segurança climática (PEC 31/21).

No início de novembro, o Instituto Clima de Eleição promoverá um encontro da Rede de Parlamentares pelo Clima com foco na COP-29.

Relatório – José Carlos Oliveira
Edição – Ana Chalub



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