13/08/2024 – 17:46
Renato Araújo/Câmara dos Deputados
Reunião da Comissão Especial de Transição Energética e Produção de Hidrogênio Verde
Os governadores do Ceará, Elmano de Freitas, e do Piauí, Rafael Fonteles, comemoraram nesta terça-feira (13) a entrada em vigor do marco legal do hidrogênio de baixo carbono, com incentivos para desenvolver essa indústria pelos próximos cinco anos, a partir de janeiro 2025. Lei 14.948/24 Foi sancionado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em visita ao Ceará no dia 5 de agosto.
Para os governadores, a produção de hidrogênio com baixas emissões tem potencial para impulsionar o processo de industrialização da região Nordeste. Eles estiveram na Câmara dos Deputados para participar do seminário A Inserção do Hidrogênio na Matriz Energética Brasileira: Regulação e Projetos, promovido pela Comissão Especial de Transição Energética e Produção de Hidrogênio Verde.
“O projeto de lei aprovado não buscou apenas copiar um modelo: considerou que temos uma eficiência diferenciada na energia eólica no Nordeste e nas demais regiões do país, e na energia solar”, destacou Elmano de Freitas.
Segundo o governador do Ceará, o estado já possui 39 memorandos (propostas de intenções) e seis pré-contratos assinados com investidores interessados em produzir hidrogênio de baixa emissão, três deles com licenças ambientais e prévias já aprovadas.
“Estamos falando, no caso do Ceará, de US$ 30 bilhões em investimentos neste período com esses projetos. Queremos chegar a 2030 com a produção de um milhão de toneladas de hidrogênio verde no Ceará”, afirmou.
Uso de água de esgoto
Por fim, Freitas anunciou a intenção de utilizar não apenas água do mar dessalinizada, mas também água de esgoto da região metropolitana de Fortaleza no processo de produção do combustível hidrogênio. “O projeto que trabalhamos hoje como prioridade na produção de hidrogênio verde no Porto do Pecém é o reaproveitamento de água de esgoto da região metropolitana de Fortaleza.”
O novo marco regulatório do hidrogênio cria o Regime Especial de Produção de Hidrogênio de Baixa Emissão de Carbono (Rehidro) e o Sistema Brasileiro de Certificação de Hidrogênio (SBCH2), que se baseia na intensidade de emissões de CO2 por ciclo de vida do produto.
Pela nova lei, hidrogênio de baixa emissão é aquele cuja produção emite até 7 kg de CO2 ou gases de efeito estufa equivalentes, o que privilegia fontes de baixa emissão de carbono, como eólica, fotovoltaica e etanol.
Esta semana, a Câmara também aprovou a criação do Programa de Desenvolvimento de Hidrogênio com Baixas Emissões de Carbono (PHBC), tema vetado na sanção do marco regulatório. A proposta – Projeto de Lei 3.027/24 –, que agora será analisada pelo Senado, prevê incentivos fiscais de R$ 18,3 bilhões para a produção de hidrogênio entre 2028 e 2032, priorizando setores industriais de difícil descarbonização, como fertilizantes, siderurgia, cimento , química e petroquímica.
“É um número significativo e temos a certeza que será decisivo para o arranque, porque os próprios projetos que teremos hoje no segundo painel [do seminário] indicam uma possibilidade de escalar os investimentos de forma muito mais significativa do que será esse aumento através de recursos públicos”, disse o presidente da comissão especial, deputado Arnaldo Jardim (Cidadania-SP).
Industrialização
Governador do Piauí, Rafael Fonteles também parabenizou os parlamentares pelo esforço na aprovação da nova lei e reforçou a importância do hidrogênio para a industrialização do Nordeste.
“Nossa crença é que a matriz do hidrogênio verde pode representar a verdadeira industrialização do Nordeste, pois estaremos aproveitando a vocação natural da nossa região, o sol escaldante, o vento forte e a água abundante que temos no Piauí. Isso representará uma nova matriz energética e naturalmente quem tem matriz energética tem seus polos industriais associados”, disse Fonteles.
Também participaram do seminário representantes dos Ministérios do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços e da Fazenda, bem como da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica, detalhando aspectos técnicos do processo de regulamentação da matéria.
Empresas com projetos de produção de hidrogênio de baixa emissão, como Eletrobras, ArcelorMittal e European Energy, também participaram como expositores.
Hidrogênio de baixa emissão
O hidrogênio é considerado o combustível do futuro porque é o elemento químico mais abundante no universo e sua queima produz, além de energia, apenas vapor d’água. Porém, para sintetizá-lo na forma líquida ou gasosa, é necessário separar o hidrogênio (H²) do oxigênio (O²) por meio de um processo chamado eletrólise – quebra das moléculas por meio de energia elétrica.
Assim, para produzir hidrogénio de baixas emissões, a eletricidade utilizada no processo de eletrólise necessita de ser retirada preferencialmente de fontes limpas, renováveis e sustentáveis, como a energia solar ou eólica, reduzindo assim a pegada de carbono no planeta e a emissão de gases com efeito de estufa. . efeito estufa.
Reportagem – Murilo Souza
Edição – Ana Chalub
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