O Google anunciou medidas de educação midiática e checagem de fatos nesta segunda-feira (8/5), em evento da empresa sobre iniciativas para combater a desinformação nas eleições municipais brasileiras.
Outro foco continuará a ser, como em outros anos, a apresentação destacada de informação oficial aos eleitores.
A plataforma não forneceu, no entanto, informações concretas e detalhadas sobre a preparação para moderação de conteúdo para as eleições no país.
“Temos equipes trabalhando 24 horas por dia, 7 dias por semana em todo o mundo. Não temos dados específicos para compartilhar com vocês sobre o número de moderadores”, disse Alana Rizzo, líder de políticas públicas do YouTube, plataforma de vídeos do Google.
Ela acrescentou que seriam abertas 50 vagas na área responsável pela moderação.
Também nas eleições de 2022, o Google e as principais plataformas também não divulgaram informações sobre suas equipes de moderação. Este foi um dos focos de atenção nas eleições mais recentes.
Os dados são considerados relevantes, pois são um dos indicadores que ajudam a compreender até que ponto as empresas estão a investir no combate à desinformação e ao discurso de ódio.
Devido ao volume de dados que circulam nas plataformas, as big techs utilizam sistemas automatizados, aliados à moderação humana e denúncias de usuários, para avaliar quais conteúdos violam suas regras.
Segundo a empresa, já são observados benefícios com a utilização de sistemas de inteligência artificial mais avançados na área de moderação de conteúdo.
Entre os anúncios feitos nesta segunda-feira (8/5) estão o apoio financeiro a um programa de educação midiática do Instituto Palavra Aberta e projetos que visam combater a desinformação eleitoral por meio das agências de fiscalização Lupa e Aos Fatos.
No evento, também foi confirmado que o Google participará do Centro Integrado de Combate à Desinformação e Defesa da Democracia (Ciedde), iniciativa lançada em março pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), então sob a presidência do ministro Alexandre de Moraes .
Segundo Flávia Annenberg, gerente de políticas públicas e assuntos governamentais do Google Brasil, a empresa tem o compromisso de colaborar com os sistemas do centro, e as equipes são orientadas a reagir ao que for reportado por meio do sistema.
Ainda não foram assinados acordos de cooperação entre o tribunal e as diferentes plataformas para as eleições deste ano.
O evento contou com a presença do presidente do Google Brasil, Fabio Coelho, e do ministro do TSE, Floriano de Azevedo Marques.
Nesta segunda-feira (8/5), a empresa também reiterou sua decisão de não permitir anúncios políticos. A medida foi tomada em abril, após a aprovação de novas regras de transparência pelo TSE.
Como resultado, a biblioteca de anúncios políticos da empresa não é atualizada desde 1º de maio.
A mudança inclui tanto os anúncios exibidos no YouTube quanto os exibidos ao lado dos resultados de busca, além de outros tipos de publicidade contratada pela ferramenta da empresa.
Relatório divulgado pela empresa no Brasil em 2022 afirma que incluía anúncios referentes a partidos políticos, candidatos a cargos nas esferas federal e estadual ou mesmo ocupantes desses cargos.
A nova resolução do TSE, porém, trouxe uma lista mais ampla ao tratar do tema, abrangendo “propostas de governo, projetos de lei, exercício do direito de voto e outros direitos políticos ou assuntos relacionados ao processo eleitoral”.
O Google afirmou que não é possível responder se a proibição de anúncios políticos será mantida nas eleições de 2026 e que isso dependerá do “cenário regulatório”.
A empresa também destacou as políticas que adota globalmente em relação à inteligência artificial. As respostas sobre eleições, por exemplo, foram restritas ao Gemini, a sua plataforma generativa de IA. Outro exemplo é uma ferramenta ainda em fase de testes que adiciona marcas d’água em imagens e áudios gerados por IA.
E, desde março, o YouTube começou a pedir aos usuários que sinalizassem “quando um conteúdo realista foi alterado ou gerado pela IA”.
De forma geral, a resolução aprovada pelo TSE neste ano previu regras mais duras contra as plataformas.
Em seu discurso no evento, o ministro Azevedo Marques disse que há assimetria de informações entre as empresas e a Justiça Eleitoral e defendeu o diálogo e a cooperação entre os dois atores, embora reconhecendo que existem antagonismos.
“Se não atentarem para a necessidade de cooperação, criando mecanismos para que esse ambiente [das redes] estejam limpos, afinal, depois de muitas eleições, se a democracia não perecer, as próprias plataformas deixarão de ser vistas pelos eleitores como ambientes onde podem obter informação”, declarou.
O presidente do Google Brasil, por sua vez, afirmou que o principal objetivo da empresa é continuar contribuindo para o processo democrático e que a empresa respeita a Constituição brasileira e também as normas internas. “Nesta combinação de normas e leis somos capazes de avançar em direção a uma sociedade mais ordenada”, disse ele.
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