O prefeito Fuad Noman (PSD) foi reeleito para comandar Belo Horizonte por mais quatro anos. Com 96% dos votos apurados na noite de domingo (27/10), o candidato do PSD tem 53,76% contra 46,24% de Bruno Engler (PL). Aos 77 anos, é o prefeito mais velho eleito na capital mineira.
No primeiro turno, o prefeito de BH havia ficado em segundo lugar com 26,54%, totalizando 336.442 eleitores, enquanto Engler ficou em primeiro lugar com 34,38% dos votos válidos – 435.853 votos.
Minutos antes do resultado oficial, Fuad já comemorava a vitória nas redes sociais. “O trabalho venceu. Sou imensamente grato a todos que acreditaram, caminharam juntos e confiaram em nós. Trabalharemos por mais quatro anos para fazer de BH uma cidade melhor para todos”, escreveu o prefeito reeleito.
Fuad abriu a campanha desconhecido de quase 80% dos belo-horizontinos e precisou, antes de viabilizar seu nome nas urnas, reverter esse número. Hoje, a imagem de um careca enfeitado com cabelos laterais, bigode e suspensórios indissociáveis é rapidamente associada ao comando da cidade.
Apuração do 2º turno das eleições em Belo Horizonte e no Brasil
O atual prefeito assumiu a cadeira mais importante da capital em meados de 2022, quando Alexandre Kalil deixou o cargo para concorrer ao governo de Minas Gerais, numa disputa malsucedida contra o atual governador Romeu Zema (Novo). Nesse momento, Fuad começou a se distanciar do ex-companheiro de chapa e foram sendo construídas alianças que agora foram retomadas neste segundo turno, como a com os partidos de centro-esquerda, especialmente o PT.
Bacharel em Ciências Econômicas pelo Centro Único de Educação de Brasília (Ceub) e pós-graduado em programação econômica e execução orçamentária, Fuad foi funcionário de carreira do Banco Central e do Banco do Brasil. Começou a ocupar cargos públicos quando foi chamado para atuar como secretário-executivo da Casa Civil da Presidência da República na gestão de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), eleito em 1994. Ainda ocupando cargos atrás dos holofotes da política eleitoral, Foi consultor do Fundo Monetário Internacional (FMI) no governo de Cabo Verde.
O retorno a Minas Gerais, após longa viagem pelo Planalto Central e passagem pela África insular, ocorreu após o desembarque do tucano no governo do estado. No primeiro governo de Aécio Neves (PSDB), em 2003/2006, e no de Antonio Anastasia (então no PSDB), em 2010/2014, Fuad Noman chefiou as secretarias de Fazenda, Transportes e Obras Públicas e o Extraordinário do Copa do Mundo Mundial de 2014.
Kalil ingressou na Prefeitura de Belo Horizonte. Em 2017, primeiro ano do ex-correligionário no comando da cidade, Fuad começou como secretário municipal da Fazenda. Quatro anos depois, permaneceria no número 1.212 da Avenida Afonso Pena, mas agora como vice-prefeito. Entrou na campanha sem o apoio de Kalil, que preferiu aliar-se a Mauro Tramonte (Republicanos) e adotar uma estratégia beligerante de ataque ao seu sucessor.
A atual gestão da prefeitura foi o principal alvo dos opositores. Embora claramente incomodado com as críticas que recebeu, a postura oficial da campanha do PES foi a de não se envolver em confrontos.
Mais do que contra-atacar, Fuad preferiu evitar oportunidades diante da imprensa e dos concorrentes. No primeiro turno, houve apenas três debates. Nesta segunda etapa da campanha, ele compareceu apenas às duas últimas, transmitidas pela rádio Itatiaia e TV Globo, e marcou audiências com jornalistas.
À frente nas pesquisas de intenção de voto, o prefeito passou a campanha para o segundo turno como favorito também por conquistar mais apoio que seu adversário, amarrado ao ímã da extrema direita bolsonarista representada por PL, PP e parte do Republicanos. Na reta final, Fuad comemorou a remissão do linfoma não-Hodgkin, que o obrigou a combinar compromissos eleitorais, compromissos de prefeito e tratamento de câncer nos últimos meses.
Dizendo-se revigorado, animado e até com saudades da experiência de estreia em campanhas eleitorais, o prefeito viveu na semana passada o momento mais agressivo de uma disputa até então relativamente morna na capital mineira.
Além de atuar nos bastidores, e agora no palco principal, na política, Fuad é autor de três livros, “Marcas do passado”, “O amargo e o doce” e “Cobiça”. Este último ganhou destaque na reta final da campanha. A obra conta com trechos eróticos e passagens que narram um episódio de violência sexual contra uma adolescente. Esses pontos caíram nas graças de Engler e seus apoiadores, especialmente o deputado federal Nikolas Ferreira (PL), que inundou as redes sociais com materiais que tornam as partes supostamente questionáveis do livro em evidência absoluta com um notório desconhecimento da distinção entre literatura e sugestão. .
Mas os ataques do adversário não foram suficientes para derrotar Fuad no segundo turno. Ele comandará BH por mais quatro anos e, como repetiu ao longo da campanha, seu objetivo é finalizar as muitas obras que iniciou.
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