19/09/2024 – 19:40
Reprodução/Câmara dos Deputados
Tabela periódica 3D
A Frente Parlamentar de Luta pela Prevenção da Cegueira e o Conselho Federal de Química lançaram esta semana, na Câmara dos Deputados, uma tabela periódica em Braille. A intenção é facilitar o aprendizado de química para alunos com deficiência visual, além de contribuir para seu acesso à ciência e ao mercado de trabalho. O coordenador da frente parlamentar, deputado Eduardo Velloso (União-AC), destacou o papel inclusivo da medida.
“Antes do lançamento da tabela periódica em Braille aqui no Brasil, eles não podiam estudá-la e tenho certeza que, tendo agora acesso à tabela periódica, poderão se desenvolver muito mais cientificamente, principalmente na indústria de processamento químico e no avanço tecnológico”.
A tradicional tabela periódica foi criada pelo russo Dmitri Mendeleev, no final do século XIX, para descrever todos os elementos básicos da natureza na sua forma mais pura. É amplamente utilizado na química e em outras ciências para estabelecer relações entre as propriedades dos elementos e orientar a pesquisa de novos elementos que ainda não foram descobertos ou sintetizados. Deusdete de Oliveira é responsável pelo serviço de orientação laboral do Centro de Educação Especial para Pessoas com Deficiência Visual do Distrito Federal e confirma a relevância da tabela periódica em Braille.
“Essa ferramenta é fundamental para que o aluno de química tenha autonomia no aprendizado dessa ciência exata, podendo evoluir nos estudos como pessoa autônoma e cidadão”, afirma.
Oportunidades
Cego, Alexandre Braun está aposentado aos 34 anos por conta de neuropatia óptica. Ele mora em Itaituba, no Pará, e admite que a tabela periódica abre novas possibilidades de estudo.
“Podemos aprofundar conhecimentos que antes não eram possíveis devido a dificuldades visuais. Agora posso entrar neste estudo de química.”
A tabela periódica em Braille foi desenhada pela professora Ana Caroline Duarte, de Manaus (AM).
“Surgiu por falta de material didático. Como esses professores iriam ensinar química para esses alunos excluídos? E quando conversamos com alguns alunos, eles disseram: ‘Ah, nunca tive acesso à tabela periódica’”, explica.
A produção das primeiras tabelas partiu do CRQ-14, Conselho Regional de Química do Amazonas, Acre, Rondônia e Roraima. O engenheiro químico e presidente da entidade, Gilson Mascarenhas explicou a dificuldade inicial de produção e como as tabelas periódicas são distribuídas, preferencialmente para associações de pessoas com deficiência, de forma a favorecer o uso coletivo.
“Para reproduzir a tabela periódica, só encontramos uma gráfica em São Paulo. O investimento final nos últimos 500 que produzimos custou cerca de R$ 35 mil. A distribuição é gratuita através do site crq14.org. Podem contactar o CRQ14, que enviamos também para as associações”.
O deputado Eduardo Velloso disse que a Frente Parlamentar de Luta pela Prevenção da Cegueira também vai pedir o desarquivamento do projeto de lei (PL 444/11) que reforça a alfabetização em Braille em todas as escolas públicas e privadas do país.
Relatório – José Carlos Oliveira
Edição – Ana Chalub
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